- Os ETFs se tornaram uma tecnologia para acesso financeiro e, agora, desempenham um papel importante em diversos mercados
- No Brasil, eles ainda não são uma realidade, mas já mostram sinais de consolidação nos EUA e no Canadá
- Os ETFs permitem que os investidores acessem o mercado de renda fixa via Bolsa de Valores
Quando penso em produtos de investimentos, gosto de analisar sobre a forma como foram desenvolvidos e a sua evolução ao longo dos anos. A minha última reflexão foi sobre os ETFs (Exchange Traded Funds), fundos negociados em bolsa e que investem em um conjunto de valores mobiliários, como ações, títulos e commodities, assim como os fundos mútuos.
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No entanto, ao contrário dessa última categoria, os ETFs podem ser negociados sempre que os mercados estiverem abertos, em um movimento semelhante às ações individuais. Inicialmente, eles tinham o objetivo de replicar o desempenho de um índice subjacente, como o S&P 500, em uma prática conhecida como investimento passivo. No entanto, fora do Brasil, os ETFs evoluíram muito além do rastreamento de índices. Oferecem acesso a uma ampla variedade de estratégias, incluindo estratégias ativas e criptomoedas.
Antes limitados como instrumentos passivos, os ETFs se tornaram uma tecnologia para acesso financeiro e, agora, desempenham um papel importante em diversos mercados. E por que se tornaram tão inovadores?
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Para responder a essa pergunta, uso a analogia da casca, muito eficiente para explicar a tecnologia envolvida nesta classe de ativos. Eles surgiram em território estadunidense no fim dos anos 1980 e hoje, segundo dados recentes da BlackRock, já representam um mercado de US$ 450 bilhões somente nos Estados Unidos. Em todo o mundo, responderam por um terço de todas as negociações de renda variável em 2023. Já no Brasil, sua estreia ocorreu mais de 20 anos depois.
Desde então, o ETF passa por uma rápida inovação e evolui para além da casca de investimento passivo em renda variável, tornando-se uma ferramenta que viabiliza a integração de vários outros ativos.
Por exemplo, os ETFs permitem que os investidores acessem o mercado de renda fixa via Bolsa de Valores. Um relatório recente da consultoria PwC, de março deste ano, mostrou que 2023 foi um ano promissor para os ETFs de renda fixa, pois atraíram US$ 308,4 bilhões de investimentos ao redor do mundo, um aumento de 24,4% em relação ao ano anterior.
Os ETFs também foram inovadores na incorporação de estratégias ativas novamente dentro de sua casca. No Brasil, os ETFs ativos ainda não são uma realidade, mas já mostram sinais de consolidação nos Estados Unidos e no Canadá. A mesma pesquisa da PwC apontou que cada uma dessas regiões espera uma demanda significativa nos próximos dois ou três anos, liderada pelo Canadá com 82%, seguido pelos Estados Unidos com 76%.
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Finalmente, além de todos os argumentos citados acima, acredito que os ETFs são inovadores porque dão acesso a mercados que geralmente não são fáceis para o entendimento do investidor, como é o caso das criptomoedas. Em março de 2024, o Banco B3 lançou o primeiro BDR (Brazilian Depositary Receipt, título emitido no Brasil que representa uma ação de companhia aberta sediada no exterior) de ETF com investimento em Bitcoin (IBIT39), lastreado em um ETF da BlackRock, para investidores em geral.
O ETF subjacente do IBIT39 busca acompanhar o desempenho do preço do bitcoin e poderá ser incorporado às carteiras de forma consistente, econômica, ao lado de outras classes de ativos.
E em todas essas cascas, sem exceção, os benefícios e vantagens dos ETFs para os investidores são inúmeros, como acesso a mercados globais, liquidez, construção de portfólios diversificados e resilientes, de forma ampla, acessível, democrática, simples, com transparência e com baixo custo.
À medida em que o mundo dos investimentos for se expandindo, com certeza também ocorrerá a ampliação e transformação da casca do ETFs como mecanismo de acesso aos mais variados mercados. Já temos outro exemplo de inovação ocorrendo nos Estados Unidos: o ETF Ethereum está na fila da aprovação da SEC (Securities and Exchange Commission, órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários brasileira).
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