- O preço dos chocolates tende a ser mais alto nesta época e fatores como a inflação e a disponibilidade do cacau também influenciam no valor
- Segundo especialista em finanças, é essencial fazer um planejamento para as compras dos produtos
- Comprar o que há certeza de que vai ser consumido no feriado também pode ser uma boa estratégia
Mais cedo este ano, a celebração do feriado nacional de Páscoa já começa a pairar o imaginário dos brasileiros. Nos supermercados, é possível observar os diversos arcos e parreiras encrustados dos mais variados ovos de chocolate para serem vendidos e trocados entre as famílias no dia 31 de março.
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O preço, como de costume, pode ser uma preocupação. Por se tratar de um produto sazonal e temático, o valor tende a ser mais alto. No entanto, outros fatores podem pesar, como a inflação e a disponibilidade da matéria-prima: o cacau.
De acordo com Válter Palmieri, economista e professor da Strong Business School, há indícios de que o preço dos chocolates, de modo geral, aumente longo deste ano, em particular.
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“Há a previsão de uma redução de 11% na oferta total de cacau, causada por problemas nas safras de grandes produtores de países africanos, como Gana e Costa do Marfim”, diz o economista. “Por enquanto, o Brasil, que é um grande importador de cacau, tem conseguido comprar insumos a preços baixos, mas ao longo do ano isso pode mudar.”
Tendo isso em vista, será que vale mais a pena comprar os ovos de Páscoa antecipadamente ou é melhor deixar para mais perto da data?
O especialista em finanças pessoais e sócio-diretor da Méthode Consultoria, Adriano Gomes, é categórico ao afirmar que o melhor preço será aquele após a data, quando a procura diminui, os fabricantes precisam se desfazer do estoque e o valor desaba. Mas, obviamente, muito da magia se perde nesse caso.
“A rigor, o preço se mantém o mesmo até a data. Em alguns casos pode até aumentar. Por isso, é recomendado que se faça as compras até entre 20 e 15 dias antes, se optar por ir antecipadamente”, afirma o especialista.
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Já Palmieri acredita que é preferível buscar outras soluções. Para ele, é possível desfrutar dos hábitos alimentares típicos da Páscoa sem precisar gastar mais, adaptando as escolhas.
“Por exemplo, um ovo de Páscoa de 170 gramas (sem brinquedos) de uma marca popular custa cerca de R$45. Porém, é possível comprar 2 kg de chocolate de qualidade superior por R$65, quantidade equivalente a 12 ovos”, diz o economista. “Além de mais econômico, pode ser até divertido, pois é possível preparar receitas em casa, o que também pode ser mais saudável.”
No entanto, essa opção diverge da opinião do especialista em finanças pessoais, Adriano Gomes. Ele acredita que os ovos disponíveis no mercado são um produto difícil de substituir. “Por que você compra uma camisa e não o tecido para fazer uma camisa?”, questiona. “Você teria que aprender a fabricar a camisa, levaria um tempo até aperfeiçoar o método e ela não ficaria tão boa quanto os ovos fabricados por profissionais”, diz.
Para ele, em primeiro lugar é preciso pesquisar os preços incansavelmente, comparar os produtos e não fazer compras por impulso, em cima da hora. É necessário planejamento.
Em segundo, não ir acompanhado de crianças ao supermercado ou lojas de departamento. Certamente, os pequenos serão estimulados pelos mais belos e mais caros ovos de Páscoa exibidos e irão apelar emocionalmente para que os adultos comprem.
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Por fim, o consumidor deve-se atentar a comprar uma quantidade de chocolate adequada. Comprar o que há certeza de que vai ser consumido no domingo de Páscoa. Caso o contrário, vai sobrar muito doce em casa e pode provocar o sentimento de frustração. Ao retornar ao supermercado e se deparar com os preços baixos, lembrar-se de que há muitas sobras compradas por valores exorbitantes seria uma chateação.
Como comparar os preços?
Para Gomes, da Méthod, o consumidor deve comparar o produto em si, e não a grife. Muitas vezes, as pessoas se orientam pela qualidade das grandes marcas e isso nem sempre é necessário. “É preciso ter a consciência de que vai ser comprado um ovo de chocolate, apenas”, afirma o especialista. “Não é preciso comprar o ovo que custa 180 reais. O de 70 reais pode sim cumprir o objetivo simbólico proposto.”
Já Palmieri salienta que procurar o melhor preço pode se estender para outras iguarias da Páscoa, a fim de diminuir despesas desnecessárias para quem está com a renda apertada e manter o costume de adquirir esses alimentos específicos.
“Alguns tipos de peixes, por exemplo, estão até mais baratos em comparação ao ano anterior”, diz o economista. “No ano passado, houve um significativo aumento de preço nos chocolates e ovos, variando entre 11% e mais de 20%. Este ano, a inflação dos produtos derivados de chocolate teve um aumento entre 2% e 5%, bem menor.”
De acordo com o professor e economista da Fundação Getúlio Vargas, André Braz, com o crescimento da economia e o recuo da taxa de desemprego, os preços dos ovos de Páscoa podem ser impulsionados por conta da demanda. “A compra dos ovos de Páscoa é sempre um dilema. Comprando antes pode-se pagar mais caro. Comprá-los no feriado corre-se o risco de não encontrar o produto que se deseja com boa qualidade”, diz o professor. “A melhor estratégia é usar a internet e comparar os preços antes de decidir qual ovo e onde comprá-lo.”
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