Os juros futuros fecharam a sessão desta segunda-feira (25) em queda, refletindo a expectativa de uma suavização do tom na ata do Copom e de uma leitura benigna do IPCA-15 de março, que saem amanhã (26), já chamada de a Super Terça do mercado doméstico. Após uma manhã de oscilações contidas, as taxas se desvencilharam do ambiente externo mais cauteloso à tarde e passaram a cair, também favorecidas pelo alívio do câmbio.
Leia também
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,890%, de 9,913% no ajuste se sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caía de 9,85% para 9,81%. A taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 10,05%, de 10,10% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2029 marcava 10,55%, de 10,60%.
O compasso de espera pela agenda carregada da semana, tanto aqui quanto no exterior, limitou a movimentação das taxas na primeira etapa, mas no começo da tarde os investidores passaram se arriscar, tentando antecipar-se à possibilidade de um pacote favorável da agenda amanhã. Na ata do Copom, o foco estará no detalhamento sobre a “elevação da incerteza” usada para justificar a mudança do foward guidance, do plural para o singular, na indicação de nova dose de corte da Selic em 0,5 ponto porcentual restrita à “próxima reunião”. O comunicado indica ainda que por causa desta elevação da incerteza há “necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária”.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Apesar do comunicado hawkish ter surpreendido parte do mercado, a reação dos DIs no pós-Copom foi considerada tímida, com alta moderada das taxas na quinta-feira. Se o impacto realmente ficou aquém do desejado pelos diretores, a ata amanhã pode ser usada para uma correção de rota. Mas hoje não foi essa a aposta. “O que descola o DI do mercado lá fora é a expectativa da ata ser menos dura e de o IPCA-15 vir abaixo”, diz um operador.
Para o IPCA-15 de março, a mediana das estimativas é de 0,32%, que seria uma forte desaceleração ante os 0,78% de fevereiro, passado o efeito dos reajustes escolares. Para a taxa em 12 meses, o consenso aponta desaceleração a 4,10%, de 4,49% no mês passado. Para a abertura do dado, as projeções são de arrefecimento expressivo e generalizado, com exceção de administrados, que devem subir, segundo o Projeções Broadcast.
Leonardo Cappa, economista-chefe da Traad, acredita que o mercado esteja subestimando os riscos ao não se atentar à mensagem do comunicado, à indicação de que “depois dos 10,25% apontados para maio o cenário ficou em aberto”. “O pessoal que estima Selic terminal de 8,0% e 8,5% deveria estar preocupado”, diz, acrescentando que a ata pode deixar mais claro receio do colegiado com a inflação de serviços.
Com a ajuda da queda do dólar, para a casa de R$ 4,97 no fechamento, o mercado de juros se descolou da cautela que prevaleceu em Wall Street. Os yields dos Treasuries avançaram, assim como as cotações do petróleo, com o tipo Brent, referência para os preços da Petrobras, retomando os US$ 86 por barril.
Publicidade