- As avaliações de risco por agências são balizadores de confiança para investidores que estão à procura de bons investimentos
- Essas classificações funcionam como uma espécie de selo de bom pagador e podem ser atribuídas não só a empresas, como também entidades, títulos e até países
- De modo geral, as agências mais populares no mercado possuem notas, com subclassificações, divididas por graus
As avaliações de risco de crédito por agências como Standard & Poor’s (S&P) Global, Moodys e Fitch são balizadores de confiança para investidores que estão à procura de boas oportunidades. No cenário econômico brasileiro, algumas companhias se destacam por acumular notas positivas por essas três principais agências de rating. São elas: Gerdau (GGBR3, GGBR4), JBS (JBSS3), Raízen (RAIZ4) e Suzano (SUZB3).
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Vale destacar que essas classificações avaliam o risco de inadimplência das companhias. Portanto, funcionam como uma espécie de selo de bom pagador e podem ser atribuídos não só a empresas, como também entidades, títulos e até países.
É importante ressaltar também que os ratings não são equivalentes a recomendações de compra ou venda, por exemplo de ações. Portanto, os investidores devem considerar outras informações para fazer a escolha por um investimento.
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De modo geral, as agências mais populares no mercado possuem notas, com subclassificações, divididas por graus (investimento ou especulativo). Para as avaliações são considerados critérios como saúde financeira, práticas ESG, entre outros.
A Fitch e a S&P utilizam uma escala que vai de D (nota mais baixa) até AAA para classificar investimentos. A Moody’s, por sua vez, utiliza um sistema diferente, que vai de C a Aaa (mais alto).
Além disso, existem dois tipos de ratings. O corporativo está ligado à capacidade de uma empresa pagar suas obrigações financeiras. Por exemplo, se está com as contas em dias, se tem liquidez financeira para cumprir passivos. O rating de emissão tem a ver com o risco de uma empresa pagar um título ou emissão específicos. Por exemplo, quando faz uma emissão de debêntures no mercado.
“Essas avaliações beneficiam principalmente no custo de novas captações que essas empresas acabam fazendo no mercado de dívida. Ratings mais positivos, upgrades de notas, fazem com que o custo de novas captações caiam”, explica Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed.
Para as casas de investimentos no Brasil, alguns desses papéis apresentam boas oportunidades e merecem posição dos investidores. Conforme as carteiras recomendadas para abril, a Gerdau foi selecionada pelo Itaú, a JBS pela Ágora e Órama, a Suzana foi citada por Ágora, Itaú e RB Investimentos. A Raízen não teve indicações. Ela estava na carteira de março do BTG Pactual, mas foi retirada em abril.
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A pedido do E-Investidor, Felipe Pontes, diretor de gestão de patrimônio da Avantgarde Asset Management, listou as companhias da Bolsa de Valores brasileira que possuem os melhores ratings corporativos, com grau de investimento, segundo as três principais agências de classificação de risco, simultaneamente. Veja no quadro a seguir e as avaliações sobre os papéis.
Empresa | Código | Fitch | S&P Global | Moody’s |
Gerdau | GGBR3 | BBB | BBB- | Baa3 |
Gerdau | GGBR4 | BBB | BBB- | Baa3 |
JBS | JBSS3 | BBB- | BBB- | Baa3 |
Raízen | RAIZ4 | BBB | BBB | Baa3 |
Suzano | SUZB3 | BBB- | BBB- | Baa3 |
Gerdau
A gigante do setor siderúrgico recebeu avaliações favoráveis das três agências de classificação de risco. Pontes destaca que a Gerdau está focada na recuperação das operações brasileiras e na estabilidade na América do Norte, “aprendendo com os problemas e os ajustes na Argentina para fortalecer seu desempenho neste ano”.
“Diante das incertezas tarifárias e concorrência da China, a empresa já está ajustando os preços no Brasil, visando melhorar a rentabilidade e manter o Capex alinhado ao seu planejamento estratégico”, afirma Pontes. “As expectativas para 2024 apontam para um crescimento estável, mas o investidor precisa ter muito cuidado na avaliação dos riscos citados.”
Piovesan, por sua vez, ainda vê um ambiente difícil para a companhia, sobretudo pelo preço do aço no Brasil, que tem sofrido reduções de preço por conta da competição com o aço chinês. “Estamos vendo importação recorde de aço chinês para o Brasil e isso tem derrubado os preços de aço, o que impacta o resultado da Gerdau”, diz o analista da Quantzed.
Além disso, Piovesan coloca na conta que nos Estados Unidos, país de onde a empresa tem uma operação relevante, ainda se tem um risco de possível enfraquecimento do mercado por conta da taxa de juros, que pode ficar alta por mais tempo e causar um esfriamento da economia mais forte. “Isso seria prejudicial para a demanda de aço e para o resultado da Gerdau na América do Norte. No geral, é um cenário que é um pouco nebuloso para ela”, avalia o analista da Quantzed.
JBS
No segmento de alimentos, a JBS desponta como uma das principais companhias brasileiras. A empresa teve um final de 2023 mais desafiador, com resultados abaixo do esperado, ressalta Pontes. Para 2024, a meta é de recuperação.
“Os segmentos nos EUA e a Seara, apesar de contribuírem para o desempenho aquém do previsto, podem nos fazer criar expectativas otimistas para o ano”, diz o diretor da Avantgarde. “Por outro lado, a robusta geração de caixa, impulsionada pela eficiente gestão de capital de giro, destaca-se, juntamente com a forte atuação na Austrália e a US Pork, por exemplo, evidenciando uma estratégia de diversificação que pode ser vencedora.”
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Piovesan alerta que o cenário para a companhia pode ser mais complicado devido ao aumento dos preços do boi nos Estados Unidos. Contudo, pondera que há expectativa de inflexão desses preços a partir de 2025, o que tende a beneficiar as margens de lucro da JBS no país norte-americano.
Suzano
A gigante do setor de papel e celulose também tem recebido avaliações positivas das principais agências de rating. Pontes lembra que a empresa teve uma performance operacional robusta, segundo o último balanço, com destaque para a eficiência na redução de custos e forte geração de caixa. Para este ano, ele entende que esses resultados podem ser motivo para uma alocação estratégica, “com o projeto Cerrado potencializando a expansão e rentabilidade”.
Piovesan também vê um ambiente favorável para a Suzano. Ele avalia que os preços da celulose têm sido resilientes e isso pode ajudar nos resultados da Suzano neste ano. “A empresa está negociando a múltiplos relativamente atrativos, quando olhamos o histórico dela. Então, o cenário já está sendo positivo e pode continuar ao longo de 2024”, projeta o analista da Quantzed.
Raízen
Sem constar nas recomendações das principais casas de investimentos, a gigante do setor de energia tem sido impactada atualmente pelo preço do etanol, que está em níveis baixos se comparado com o preço de paridade, observa Piovesan. O analista comenta que a Petrobras tem represado bastante o preço dos combustíveis, dado que o petróleo e, mais recentemente, o dólar estão subindo também. “Isso faz uma pressão para que haja esses reajustes no preço da gasolina e, por consequência, acaba represando os preços do etanol também”, explica Piovesan.
Além disso, ele explica que o represamento impacta os postos de abastecimento, que também fazem parte do escopo de negócio da companhia. Somado a isso, Piovesan acrescenta que pesa contra a companhia em 2024 uma pressão de caixa e de alavancagem, “ao mesmo tempo em que ela tem essas dificuldades para conseguir crescer o resultado operacional”.