- Quem oferece as ações para aluguel busca aumentar seus rendimentos e diversificar o portfólio sem perder o controle sobre os ativos
- Quem toma os papéis pode explorar estratégias como a arbitragem e a venda a descoberto
- As operações de aluguel de ações no Brasil são realizadas na B3 por meio de sua Central Depositária
Alugar ações é como dançar no fio da navalha. Uns encaram a prática como uma forma de obter ganhos extra sobre uma mesma carteira, outros a rechaçam por conta do risco envolvido.
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Quem oferece as ações para aluguel busca aumentar seus rendimentos e diversificar o portfólio sem, no entanto, perder o controle sobre os ativos. Por sua vez, quem toma os papéis pode explorar estratégias como a arbitragem e a venda a descoberto (short-selling), isto é, a venda de um ativo na esperança de que ele se desvalorize no curto prazo e seja recomprado a um preço menor.
Dito de outra forma: quem aluga ações espera lucrar com a queda do mercado.
Cenário do aluguel de ações na B3
As operações de aluguel de ações no Brasil são realizadas na B3 (B3SA3), a principal Bolsa de Valores do País, por meio de sua Central Depositária. A Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), subsidiária da B3, atua como depositária central, responsável por registrar, compensar e liquidar operações com ações e outros títulos financeiros. No contexto do aluguel de ações, a CBLC zela pela segurança das transações, com mecanismos de garantia para mitigar riscos de contraparte, regulamentar taxas e gerenciar os termos do aluguel.
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Para entender melhor a dinâmica desse mercado, vejamos as ações com maior taxa de aluguel na B3 até 13 de maio de 2024. Um primeiro fato chama a nossa atenção: a predominância do setor de comércio, com quatro entre os dez papeis com maior taxa de aluguel. A líder entre elas é Casas Bahia (BHIA3), com taxa de aluguel de 64,30% ao ano e retorno negativo de -36,20% em 2024.
Ou seja: tomadores desses papeis estão lucrando no short-selling com a queda da empresa.
Por outro lado, ações como Sequoia Logística (SEQL3) e Petz (PETZ3) deram retorno positivo no curto prazo, o que, do ponto de vista dos tomadores, indica perda. A Hidrovias (HBSA3), com uma taxa de aluguel de 26,99% ao ano, é a única que apresentou rentabilidade positiva em todos os períodos analisados, sinal ainda mais claro de prejuízo para quem apostou na queda desses papeis.
Todo cuidado é pouco
Um fator importante a ser considerado por quem pretende alugar ações é a sua liquidez. Quem quer sair de uma posição precisa recomprar rapidamente o ativo para devolvê-lo ao seu “proprietário”. Ações como Lojas Marisa (AMAR3), que precisariam de 12,36 pregões para zerar posições de aluguel, ou Americanas (AMER3), que exigiria 11,1 pregões, representam riscos consideráveis. Se muitos tomadores decidirem sair ao mesmo tempo, cria-se uma pressão de compra, elevando os preços e gerando perdas para quem opera vendido.
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A volatilidade também é um aspecto crítico. A Sequoia Logística tem volatilidade de 114,60, enquanto a Gafisa (GFSA3) tem 105,48. Com um nível de volatilidade tão alto, o risco é que o valor das ações oscile de forma significativa em curtos períodos, tornando as operações de aluguel ainda mais imprevisíveis.
Caminhando no campo minado
Alugar ações pode ser uma ótima fonte de renda adicional, mas é preciso cuidado com os riscos de mercado e de contraparte. Sobretudo para quem toma um papel nessas circunstâncias, o custo e a complexidade das operações podem ser significativos.
O mercado do aluguel de ações é um campo minado, com armadilhas de liquidez, volatilidade e riscos associados a cada metro. Uma abordagem cautelosa, com planejamento e compreensão detalhada do cenário financeiro nacional e internacional, é indispensável para evitar surpresas desagradáveis. Seja você tomador ou doador, vale aquela regra de ouro: conheça bem o terreno em que está pisando.