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Estas empresas exportadoras foram as que mais realizaram recompras de ações

De uma forma geral, os programas de recompra e cancelamento de ações são feitos por companhias geradoras de caixa

Estas empresas exportadoras foram as que mais realizaram recompras de ações
Fachada da JBS. (Foto: J.F. Diorio/Estadão)
  • As empresas exportadoras têm se aproveitado do dólar mais valorizado
  • Quando uma ação é retirada de circulação a empresa está concentrando seu lucro em menos papéis, proporcionalmente
  • Movimento de recompra termina turbinando o retorno dos acionistas

As empresas que mais fizeram recompra e cancelaram ações ao longo dos últimos quatro anos, gerando valor para seus acionistas, foram as exportadoras de commodities, segundo levantamento realizado pela Quantum, empresa especializada em análises para o mercado financeiro.

De uma forma geral, os programas de recompra e cancelamento de ações são feitos por companhias geradoras de caixa. Esta matéria mostra a relação entre a política de recompra, dividendos e alocação de recursos das empresas.

Em números absolutos a Vale (VALE3) aparece no topo da lista. A mineradora já cancelou, desde setembro de 2021, 745,5 milhões de ações. A lista é seguida pela JBS (JBSS3) e B3 (B3SA3), representante do setor financeiro, assim como o Bradesco (BBDC4), as duas do top 10 que não são exportadoras.

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A Vale também aparece no quarto lugar da relação, considerando o cancelamento de 365.212.146 ações listadas nos EUA. CSN Mineração (CMIN3), Marfrig (MRFG3), Suzano (SUZB3) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) completam a lista das 10 mais.

“As empresas exportadoras têm se aproveitado muito da questão do dólar mais valorizado. Além disso, houve um boom de commodities em 2020, 2021. Então, isso acaba por influenciar bastante no movimento”, comenta João Daronco, analista CNPI da Suno Research.

O ranking muda quando a análise é feita na relação entre ações canceladas e em circulação, proporção que termina mostrando o percentual de valorização das ações dos acionistas. Quando uma ação é retirada de circulação a empresa está concentrando seu lucro em menos papéis, proporcionalmente.

O levantamento da Quantum considerou os eventos de recompra e cancelamento de ações por empresas listadas na B3, incluindo ações dessas companhias listadas em outros mercados, como é o caso da Vale. O período de análise foi janeiro de 2020 a março de 2024.

Múltiplos comprimidos com melhor eficiência

Os números da consultoria mostram o que os analistas vêm observando há algum tempo, um movimento mais forte de recompra na Bolsa. No período analisado, 2022 e 2023 foram os de maior volume, com o mercado cancelando 1,196 bilhão de ações em 2022 e  1,078 bilhão no ano seguinte.

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Uma das motivações são os múltiplos comprimidos das empresas devido a fatores conjunturais. Mesmo gerando caixa e dando resultado, os juros mais altos, principalmente nos EUA, tem como reflexo a  fuga de capital do risco. Como reação,  os gestores tentam entregar valor aos acionistas através da recompra de ações.

Outro levantamento realizado pela Elos Ayta Consultoria mostra que as empresas brasileiras listadas na B3 registraram uma melhora de eficiência, crescendo o lucro acima do ritmo de vendas no 1º trimestre de 2024.

O movimento de recompra termina turbinando o retorno dos acionistas. No caso da Vale, isso poderia representar no ano passado um retorno acima de 16%, uma rentabilidade de dar inveja à renda fixa brasileira.

Desde setembro de 2021 a companhia mineradora cancelou o equivalente a 14,1% de suas ações. Esse percentual dá um média de 5,6% neste período de dois anos e meio. Com os 10,7% de dividend yield efetivamente pagos nos últimos 12 meses, é possível chegar ao valor de retorno superior aos 16% aos acionistas.

Essa conta considera a proporção das 745.467.202 ações canceladas pela empresa em relação à quantidade de ações em circulação, 4.539.010.000:

  • 745.467.202/(4.539.010.000+745.467.202)*100= 14,1%

Pela mesma lógica, a gigante das carnes JBS também cancelou um número considerável, o equivalente a quase 19%, desde setembro de 2020. Diluído no tempo, são 4,75% de ações extintas ao ano, que somadas ao pagamento de dividendos dos últimos 12 meses (3,4%) gera um retorno em valor de mais de 8% para seus acionistas no último ano.

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As outras empresas da lista, apesar de aparecerem no ranking de recompra, apresentam retornos  mais modestos, quando analisada a proporção das ações canceladas em relação ao número de ações em circulação. É o caso, por exemplo,  da CMIN3. Suas mais de  105 milhões de ações canceladas deste março de 2022 não somam nem 2% do seu free float (ações em circulaçã0).

"Muitas empresas têm programa de recompra aberto, anunciam a compra de bilhões e terminam comprando pouco. É preciso acompanhar. O que faz diferença para o acionista mesmo é o pagamento de dividendo", diz Bruce Barbosa, sócio fundador e analista de ações da Nord Investimentos.

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