O bilionário Elon Musk está sendo acusado de ter usado informações privilegiadas ao vender mais de US$ 7,5 bilhões (cerca de R$ 40,25 bilhões na cotação atual) em ações da Tesla no final de 2022. A prática, conhecida como insider trading, ocorre quando alguém utiliza dados, muitas vezes frutos da sua posição, para fazer negociações de ativos em benefício próprio.
Leia também
A ação contra Musk foi movida por Michael Perry, um acionista da Tesla, no dia 30 de maio deste ano no Tribunal da Chancelaria de Delaware, nos Estados Unidos. No documento, o investidor acusa o bilionário de ter usado informações confidenciais sobre a baixa das entregas e produção da empresa no quarto trimestre de 2022, ao vender US$ 7,5 bilhões em ações.
No início de janeiro de 2023, os números de produção da montadora foram anunciados ao mercado e decepcionaram os investidores. A Tesla entregou 405.278 veículos nos três últimos meses de 2022, bem abaixo da estimativa média dos analistas consultados pela FactSet, que esperavam entregas em torno de 427 mil no último trimestre do ano. O anúncio fez as ações da companhia tombarem 12,24% no pregão de 3 janeiro – o primeiro após o anúncio dos dados –, terminando o dia cotadas a US$ 108,10.
O documento da ação ainda revela que se Musk tivesse esperado para fazer suas vendas depois da divulgação de notícias adversas sobre os pedidos e entregas da Tesla seus investimentos teriam rendido menos de 55% dos valores realizados com as operações efetuadas ao final de 2022.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Perry também acusa Musk de ter usado os valores obtidos com as vendas para reforçar a sua oferta pela aquisição do então Twitter, que ele posteriormente rebatizou de X. Dessa forma, o bilionário teria infringido as diretrizes de deveres fiduciários (obrigações que determinam que o empresário deve agir conforme o interesse de seus beneficiários e não em seu próprio) para com a Tesla e seus respectivos acionistas.
O que a acusação pede de Elon Musk
Na ação, Perry pede à juíza Kathaleen St. J. McCormick que obrigue Musk a devolver à Tesla o lucro supostamente impróprio que obteve com a negociação das ações. O investidor também acusa diretores da empresa de cumplicidade com o suposto insider trading do bilionário. Procurado pela Bloomberg, Alex Spiro, advogado de Musk, não retornou o contato do veículo para comentar o processo.
Em junho de 2023, o bilionário também já havia sido acusado de uso indevido de informação privilegiada, mas nesse caso, o investimento envolvido era o criptoativo dogecoin. Na época, um grupo de investidores da criptomoeda acusou Musk, no Tribunal Distrital dos Estados Unidos, no Distrito Sul de Nova York, de realizar publicações no X e financiar influenciadores digitais para lucrar com as negociações do token.
*Com informações da Bloomberg