- David Swensen alocou por décadas o patrimônio da Universidade Yale, que, sob sua gestão, foi de US$ 1 bilhão a US$ 30 bilhões
- Ao investir, Swensen diversificava, evitava fazer "market timing", mirava o longo prazo, priorizava os fundos com bom histórico, porém em fase ruim, e nadava contra a corrente
- Ao investir, Swensen diversificava, evitava fazer "market timing", mirava o longo prazo, priorizava os fundos com bom histórico, porém em fase ruim, e nadava contra a corrente
Em fases de mercado mais desafiadoras para ativos de risco, antes de tomar qualquer decisão precipitada da qual você possa se arrepender depois, vale voltar aos fundamentos. Para quem investe em fundos, uma boa referência é David Swensen.
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Swensen foi o responsável, de 1985 até 2021, quando faleceu, por decidir como aplicar na Universidade Yale o patrimônio do endowment – recursos vindos predominantemente de doações que sustentam, por meio de seu retorno, cerca de um terço dos gastos anuais da instituição, incluindo remuneração de professores, bolsas de estudo e manutenção das instalações.
Em suas décadas como diretor de investimento, o endowment de Yale, que possui recursos próprios e é gerido como os fundos de investimento disponíveis no mercado financeiro, passou de US$ 1 bilhão para US$ 30 bilhões, com retornos tão expressivos que desde então se fala no “Modelo Yale” de gestão de portfólio, que serve de referência para quem constrói carteiras de fundos em todo o mundo.
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Hoje quero dividir com você cinco princípios seguidos por David Swensen ao alocar recursos que vejo muitos investidores de fundos ignorarem – várias vezes, infelizmente, seguindo recomendações de assessores e gerentes desinformados ou conflitados (ou as duas coisas combinadas). É comum que eles ganhem dinheiro quando o investidor se movimenta, sendo que com frequência o ideal seria se manter na posição.
5 ensinamentos de Swensen
1. Diversifique: ao contrário dos portfólios de muitos investidores, concentrados em fundos de títulos públicos e privados brasileiros, Swensen enfatizava a importância de uma diversificação verdadeira, com variedade de classes de ativos, como títulos públicos, crédito privado, ações, moedas e commodities, de diferentes partes do mundo.
2. Evite o market timing: enquanto muita gente tenta adivinhar a hora certa de entrar em fundos de risco, como de ações, Swensen defendia a obediência a uma alocação estrutural permanente em bolsa, sem ficar tentando adivinhar o momento em que as ações vão subir ou cair – até porque ninguém sabe. Em seu livro “Desbravando a Gestão de Portfólios”, ele escreve que investidores sérios não fazem market timing, a estratégia de tomar decisões de compra ou venda de ativos financeiros, tentando prever movimentos futuros.
3. Invista para o longo prazo: enquanto impera a busca do ganho rápido, o diretor de investimentos de Yale defendia a paciência, com o sucesso resultando da manutenção de uma estratégia consistente ao longo do tempo, a despeito das flutuações de curto prazo.
4. Priorize os perdedores: Swensen defendia que investidores “abraçassem os rejeitados”, alocando mais dinheiro em fundos de bom histórico quantitativo e qualitativo que estivessem passando por uma fase de perdas. Orientados por rankings, é comum que investidores façam exatamente o contrário: troquem fundos com histórico consistente e equipe que trabalha junto há bastante tempo por outros com base somente em desempenho recente.
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5. Nade contra a corrente: Swensen incentivava investidores a ter comportamento “contrarian”, por mais difícil que fosse, ou seja, a não seguirem a manada. Situações em que muitos estão vendendo, nos dizeres dele, deveriam ser vistas como oportunidades de ganhar com as emoções alheias.
Se você investe em fundos, pense bem: está seguindo a cartilha da maior referência em alocação do mundo?
Os dados me mostram que a maioria está fazendo exatamente o contrário.