O dólar voltou a bater um novo recorde anual, nesta segunda-feira (1º), e fechou o pregão sendo negociado a R$ 5,64. O valor representa alta de 0,80% quando comparado ao fechamento da sexta-feira (28), dia que a moeda americana encerrou o primeiro semestre de 2024 em seu maior patamar desde dezembro de 2021, valendo R$ 5,58.
Internamente, investidores reagem às novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que voltou a criticar, hoje, a gestão do atual presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, à frente da autoridade financeira. Segundo Lula, “não é correto” governar o país com um presidente do BC indicado por outro presidente.
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Em entrevista à rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), Lula afirmou que o correto é que o atual presidente da República indique quem vai comandar a autoridade financeira durante o seu mandato. “Eu estou há dois anos governando com o presidente do Banco Central indicado pelo Bolsonaro. Ou seja, não é correto isso. O correto é que o presidente entre e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira. Como o Fernando Henrique tirou três”, disse.
O petista também voltou a criticar a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano, classificando a medida como “exagerada”. “Quem quer o banco central autônomo é o mercado. Eu tive um Banco Central independente, o Meirelles ficou oito anos no Banco Central no meu governo, sem que o presidente se metesse. O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando com o que é o desejo da população. Não precisamos ter política de juros alto neste momento. A taxa sSelic de 10,5% está exagerada. A inflação está controlada”, afirmou.
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Especialistas dizem que o mercado financeiro encara as críticas de Lula com preocupação. Tal receio se deve a possíveis interferências políticas no BC a partir de 2025, quando Campos Neto deve ser substituído por um indicado do presidente.
Externamente, investidores observam os novos dados econômicos dos Estados Unidos. Na quinta-feira (27), o governo americano informou que a economia dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 1,4% no período de janeiro a março. Esse foi o menor crescimento trimestral desde o segundo trimestre de 2022, mostrando uma leve melhora em relação à estimativa anterior.
As consecutivas altas do dólar ocorre em meio a uma aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior e novas máximas nos retornos dos treasuries de 10 e 30 anos, títulos de dívida emitidos pelo governo dos EUA. Esse cenário tem impacto nas moedas emergentes, incluindo o real, que apresenta o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Apenas o rand sul-africano mostra perdas ainda maiores.
Às 16h30, o dólar registrava alta de 0,87%, sendo cotado a R$ 5,6368. No pico do dia, atingiu R$ 5,6406. Com o resultado da semana passada, o dólar acumulou alta de 2,71% na semana, ganho de 6,46% no mês e aumento de 15,17% no ano.
Mercado volta a elevar projeção do dólar e da inflação
Economistas consultados pelo Banco Central (BC) revisaram novamente para cima suas projeções de inflação e câmbio para 2024 e 2025. Agora, as expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiram para 4,0% e 3,87%, respectivamente.
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Na semana anterior, essas projeções eram de 3,98% e 3,85%. Essa é a oitava vez consecutiva que as previsões para a inflação são ajustadas para cima.
O centro da meta oficial de inflação para 2024, 2025 e 2026 é de 3,00%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Quanto ao dólar, a perspectiva para este ano foi elevada pela segunda semana consecutiva, passando para R$ 5,20 frente aos R$ 5,15 anteriores. Para 2025, a projeção do câmbio também subiu, sendo calculada agora em R$ 5,19, ante os R$ 5,15 estimados na semana passada.
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