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Vale (VALE3): saída de conselheira pode pressionar sucessão de CEO. Hora de comprar a ação?

Analistas reconhecem que sucessão do CEO é um risco, mas recomendam compra para a ação

Vale (VALE3): saída de conselheira pode pressionar sucessão de CEO. Hora de comprar a ação?
Vale (VALE3). (Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • Dentre os analistas consultados, três indicam que o investidor deve comprar a ação e apenas um está mais cauteloso
  • Estimativa é que Vale pode pagar 9% do seu valor de mercado em dividendos
  • Analista que está neutro diz que ação ainda possui outras incertezas, como a indenização sobre Mariana e a demanda futura do minério de ferro pela China

A Vale (VALE3) anunciou que sua conselheira independente, Vera Marie Inkster, renunciou ao cargo nesta última segunda-feira (1º). A notícia causou burburinho e especulações no mercado sobre a sucessão da empresa, principalmente pelo fato de o último conselheiro José Luciano Duarte Penido ter saído e ter feito acusações de interferência estatal na companhia.

“Apesar de respeitar decisões colegiadas, em minha opinião, o atual processo sucessório do CEO da Vale vem sendo conduzido de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa e sofre evidente e nefasta influência política”, disse Penido em sua carta de renúncia.

Para Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, a saída de Vera Marie Inkster reforça a tese de tensões em relação à sucessão da empresa. Ele diz acreditar que a renúncia de uma conselheira independente enfraquece os acionistas minoritários em relação aos majoritários. “A Vale já está sofrendo interferência política. O mandato do Bartolomeu foi prorrogado para tentar minar essa interferência política na mineradora privada”, diz Horta.

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Ele comenta que o investidor deve entender que de fato há um risco de uma interferência, visto que a Previ, por exemplo, continua sendo uma entidade estatal e ela é uma das maiores acionistas da Vale. “O governo também pode pressionar acionistas privados a votar com ele e, se ele não convencer, sutilmente, pode criar pressões sobre esses acionistas. Afinal, quem está interessado em criar uma indisposição com o governo?”, indaga Horta.

Já João Abdouni, analista da Levante, detalha que acha pouco provável que o governo deva conseguir interferir efetivamente na empresa. Segundo ele, o poder Executivo tem apenas uma participação de 8% na empresa. Outros nomes já circularam no mercado, como o de Guido Mantega e, após a saída desse nome, houve muito ruído com o mercado, o que fez o governo retroceder.

Ou seja, um nome pode até ser testado, mas, se não for aprovado pelo mercado, o governo tende a recuar. Mesmo assim, o especialista diz que o temor pode gerar fortes ruídos no mercado. “Acredito que tenha ruído pequeno no curtíssimo prazo, mas um novo membro será indicado e deverá estar em linha com o padrão de boa governança, assim o ruído se dissipa”, explica Abdouni.

Já Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, argumenta que a saída de Vera na Vale confirma que o conselho de administração da Vale está com visões divergentes, e que isso tende a trazer muitas dúvidas sobre o papel. “Essa discordância no conselho de administração gera incertezas sobre quem será o novo CEO da empresa, que pode ser alguém escolhido pelo governo, o que não seria bem aceito pelo mercado e pode gerar volatilidade na ação”, argumenta.

Quem pode ser o novo CEO Vale?

Os analistas dizem que vários nomes circulam no mercado. De acordo com Alexandre Pletes, diretor de renda variável da Faz Capital, entre os quais os de Walter Schalka (ex-CEO da Suzano) e Luís Henrique Guimarães (ex-CEO da Cosan e atual conselheiro da Vale). As indicações ainda precisam passar pela avaliação de consultoria de padrão internacional, conforme estatuto da empresa.

Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor, lembra que o governo já tentou emplacar o nome do ex-Ministro da Fazenda Guido Mantega e do atual presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. Segundo ele, é pouco provável definir qual nome deve ser escolhido. No entanto, ele diz acreditar que o melhor para a empresa seria uma indicação mais técnica.

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“O CEO continua sendo o Eduardo Bartolomeu. No entanto, ele deve ficar até o fim do ano. O investidor deve ficar atento, já que se o governo conseguir emplacar o seu nome, a ação deve sofrer mais do que vem sendo afetada hoje. Existe uma grande retirada de capital estrangeiro das ações da companhia devido às tensões gerais do mercado acionário brasileiro. No entanto, isso pode se intensificar caso o novo CEO não seja alinhado ao mercado”, argumenta Gabriel Meira.

O que fazer com as ações da Vale?

Entre os analistas consultados, três indicam que o investidor deve comprar a ação e apenas um está mais cauteloso com recomendação neutra. Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, tem a recomendação neutra. Ele esclarece que a ação ainda possui outras incertezas, como a indenização sobre Mariana e a demanda futura do minério de ferro pela China.

“Cerca de 50% das receitas da Vale vêm da China e o mercado continua se questionando até onde vai essa demanda asiática e se a companhia brasileira não deve encontrar algum outro país para suprir essa demanda. A China crescia em média 10% ao ano e agora ele cresce somente 5% ao ano. Além disso, a indenização por Mariana pode pesar para a empresa, caso a Justiça decida por um valor acima do proposto pela empresa”, aponta Arbetman.

A Ativa tem recordação neutra, com preço-alvo de R$ 75 até o fim de 2024, uma potencial alta 18,78% em relação ao fechamento de segunda-feira (1º), quando a ação encerrou o pregão a R$ 63,14. Já os demais analistas reconhecem que o minério caiu e que a demanda não é mais a mesma dos últimos anos. Mesmo assim, os especialistas lembram que a ação caiu 14,38% no acumulado do ano.

Horta, da GTF Capital, e Abdouni, da Levante, lembram que a companhia pode pagar bons dividendos para o investidor pelo valor que é negociada.  Segundo o analista da Levante, a companhia tende a pagar um dividend yield de 9% ao ano com o minério de ferro no patamar atual, acima dos US$ 100.

Ele diz ainda que a troca de CEO da Vale tende a ser neutra para a empresa, o que trará tranquilidade para o investidor. “Em linhas gerais, não deve ser um nome que vai trazer grandes problemas, uma vez que deve ser o de um executivo ou executiva com experiência. Por isso, nossa recomendação é de compra para a ação”, explica.

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Casa de análise da Valor Investimentos, a Lumi também recomenda compra para as ações da companhia, justamente por considerar que o papel está barato em relação ao preço atual. Os analistas calculam um preço-alvo de R$ 91,50, uma alta de 44,9% na comparação com o fechamento de segunda-feira (1º).

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