Os juros futuros fecharam a sexta-feira (19) em alta. A trajetória de baixa que prevalecia nos juros futuros até o meio da tarde não se sustentou, pressionadas pelo desmonte de posições vendidas antes do fim de semana. O alívio proporcionado pelo anúncio de R$ 15 bilhões em recursos do Orçamento que serão congelados para reforçar o cumprimento da meta fiscal de 2024, já limitado na primeira etapa, se esvaiu durante a sessão, dando lugar a preocupações sobre incertezas com a eleição americana e possíveis consequências do apagão cibernético.
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A escalada do dólar para R$ 5,60, que eleva os receios com o cenário inflacionário, também assustou o mercado, pressionado ainda pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries. No balanço da semana, todas as taxas subiram.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,685%, estável ante o ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2026, em 11,48%, de 11,40% ontem. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,73%, de 11,65%, e a do DI para janeiro de 2029, taxa de 12,05%, de 11,96%.
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O giro de contratos cresceu no fim do dia, sugerindo zeragem de posições vendidas que haviam sido montadas na esteira do anúncio da contenção dos R$ 15 bilhões, feito ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O montante ficou acima do consenso das estimativas de R$ 12 bilhões e foi bem recebido, mas o impacto foi sendo suavizado pela piora do ambiente externo, até desaparecer no fim da tarde.
“Conforme vai se aproximando o fim de semana, o mercado vai se acautelando, ainda mais nesse contexto do apagão cibernético. Ninguém quer ficar posicionado em risco. É a postura padrão”, explica o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. Uma falha na atualização do software da empresa americana de cibersegurança CrowdStrike afetou o sistema operacional da Microsoft, comprometendo sistemas de companhias aéreas, serviços de saúde e no setor financeiro, entre outros.
O bug foi considerado a maior paralisação tecnológica da história, de acordo com a imprensa internacional. O crescente risco eleitoral nos EUA também contribuiu para a postura defensiva, dado o aumento da pressão democrata para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desista da reeleição. Os yields dos Treasuries avançaram, mas de forma limitada pela expectativa de que o Federal Reserve comece a cortar juros em setembro.
No fim da tarde, o retorno da T-note de 10 anos subia a 4,238%. Internamente, o número da contenção no Orçamento veio melhor do que o esperado, mas bem aquém do que o mercado acredita que seria necessário – em torno de R$ 26 bilhões – para dar segurança ao cumprimento da meta. “Olhando de forma isolada os R$ 15 bi, não dá para dizer muito porque a meta fiscal é a soma de diversos esforços. Tem mais relatórios bimestrais para acontecer ao longo do ano e tem também o que vai sair de concreto daquela sinalização do Haddad de desaceleração dos gastos obrigatórios, do número de R$ 25,9 bi”, afirma Beto Saadia, diretor da Nomos Investimentos.
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As contas públicas foram tema da reunião de economistas com diretores do Banco Central hoje em São Paulo. Embora tenham avaliado positivamente o congelamento de R$ 15 bilhões, é consenso que será insuficiente para zerar o déficit em 2024 – o que pode levar a uma alteração da meta. Outro assunto na pauta do encontro foi o câmbio, com analistas já mencionando revisões para cima nas projeções de inflação de 2024, que ficaram entre 4% e um pouco acima deste nível.
A depender da persistência do dólar em níveis elevados, não somente pode ser fechado o espaço para a retomada dos cortes da Selic como pode ganhar força a discussão sobre uma eventual retomada das altas de juros. O dólar à vista fechou hoje em R$ 5,6039.