Estamos em uma época em que o caos e o sensacionalismo parecem dominar os negócios. Exemplo disto é a recente declaração do candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal em entrevista ao programa “Pânico”. Ele revelou sua estratégia de viralização na internet, inspirada por Andrew Tate, ao financiar competições de vídeos com conteúdos controversos e negativos para aumentar visualizações. Destacou: “Chamei meu time e falei, é isso aqui que tenho que pagar, quero isso aqui, não o que estou bonzinho”.
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Modelos como o do candidato à prefeitura apostam na provocação e polarização para ganhar visibilidade e dinheiro rápido. Esse sistema explora um viés humano básico: temos mais medo das perdas do que valorizamos os ganhos, como explica Daniel Kahneman em seus estudos sobre aversão à perda. Essa tendência a focar no negativo pode explicar a atração pelo caos e pela controvérsia, mas a longo prazo, essa abordagem se mostra arriscada e insustentável.
De acordo com uma pesquisa da Weber Shandwick, realizada em parceria com a KRC Research, 63% do valor de uma empresa está diretamente ligado à sua reputação. Quando uma empresa adota práticas que prejudicam sua imagem, o impacto não é apenas financeiro; afeta a confiança do consumidor, a capacidade de atrair talentos e a resiliência diante de crises.
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Uma má reputação transforma produtos e serviços em questionáveis, eleva os custos operacionais e aumenta o escrutínio do poder público, além de sacrificar o relacionamento nas redes sociais, onde a opinião pública se forma rapidamente. Isso mostra que a lógica pregada por Marçal não é irrefutável; na verdade, o caminho do bem, da transparência e da integridade pode gerar resultados ainda mais sólidos.
Brené Brown, em seus estudos sobre vulnerabilidade, argumenta que a verdadeira força não está em mascarar fraquezas ou adotar uma postura agressiva, mas em ser autêntico e compassivo.
A vulnerabilidade, longe de ser um sinal de fraqueza, é um ato de coragem que conecta líderes e equipes, fomentando ambientes de trabalho mais colaborativos e produtivos. Em vez de dividir e atacar, ser vulnerável é um convite à empatia e à construção de pontes, valores que se contrapõem diretamente à máquina do caos.
Carol Dweck, com sua pesquisa sobre a mentalidade de crescimento, reforça a importância de focar no desenvolvimento humano e no aprendizado contínuo.
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Empresas que investem no potencial das pessoas e criam ambientes onde o erro é visto como parte do crescimento, como Google (GOGL34) e Microsoft (MSFT34), colhem os frutos de culturas organizacionais saudáveis e inovadoras. Esses ambientes não apenas aumentam a satisfação e retenção dos funcionários, mas também impulsionam a criatividade e a inovação, elementos essenciais para o sucesso de longo prazo.
Adam Grant, em “Dar e receber”, refuta a ideia de que o sucesso é exclusivo daqueles que jogam duro e pensam apenas em ganhos pessoais. Ele demonstra que os doadores — aqueles que ajudam e compartilham sem esperar retorno imediato — frequentemente alcançam sucesso maior e mais duradouro.
Empresas como a Pixar, que cultivam uma cultura de apoio mútuo e colaboração, são exemplos claros de que o bem pode superar o mal, especialmente quando o foco é criar valor para todos os envolvidos. Essas empresas mostram que apoiar e investir nas pessoas cria um ciclo de reciprocidade que beneficia a todos e fortalece o negócio.
A polarização, promovida pela máquina do caos, divide, enquanto a construção de pontes une. Como já argumentei em “Pontes em Tempos Divididos”, é urgente resgatar o poder do diálogo, da empatia e da colaboração.
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Não se trata de ser bonzinho por ingenuidade, mas de fazer uma escolha estratégica e consciente de que, no longo prazo, o positivo é mais forte e mais lucrativo do que o negativo. Ser bonzinho vale a pena, não apenas como um valor pessoal, mas como uma estratégia de negócios que equilibra resultados financeiros com um impacto positivo e duradouro na sociedade.
Além disso, a adoção de modelos que focam no caos e na competição agressiva pode ter impactos profundos na saúde mental das novas gerações, especialmente a Geração Z, que já enfrenta níveis elevados de ansiedade e desilusão com o futuro.
A constante exposição a um ambiente de conflito e competição exacerbada reforça um senso de insegurança e desesperança, dificultando a construção de um futuro em que os valores humanos e a colaboração sejam pilares centrais. Ao invés de perpetuar um ciclo de medo e pressão, escolher o caminho do bem oferece um contraponto saudável, promovendo um ambiente mais estável e inspirador, onde o sucesso é acessível de maneira justa e colaborativa.
A escolha de fazer o bem e agir com autenticidade e empatia é mais do que uma estratégia de negócios; é um ato de coragem em um mundo que, muitas vezes, parece valorizar o oposto. Acreditar que o bem pode, sim, vencer o mal, é se alinhar a uma visão de mundo onde conexões genuínas e respeito mútuo criam raízes mais profundas do que o ruído da negatividade.
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Quando escolhemos o caminho do bem, não só geramos dinheiro, mas construímos uma economia saudável e sustentável, onde prosperidade e ética caminham juntas. Se você acredita que, no final das contas, o bem pode triunfar, então essa escolha não é apenas válida — é essencial para um futuro mais próspero e justo.
Nota da redação: A opinião dos colunistas do E-Investidor não reflete, necessariamente, o editorial do Grupo Estado.