Nesta semana, ocorre em Washington, capital dos Estados Unidos, a reunião anual do Fundo Monetária Nacional (FMI). O encontro reúne banqueiros centrais, acadêmicos e ministros das finanças de todo o mundo para debater questões relacionadas ao desenvolvimento econômico global. Paralelamente, a instituição divulgou na última terça-feira (22) o relatório trimestral de “Perspectivas Econômicos Mundiais”, com as projeções de crescimento dos países e os desafios para os próximos anos.
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O Brics, grupo de países emergentes formado originalmente pelo Brasil, Rússia. Índia e China – com a entrada da África do Sul em 2011 -, também se reúne nesta quarta (23). O mercado financeiro acompanha de perto as análises realizadas pelo FMI e as sinalizações trazidas pelo BRICs, a fim de identificar tendências econômicas que impactarão os preços dos ativos. O E-Investidor selecionou 5 assuntos que devem ser trabalhados pela instituição e são importantes para o investidor brasileiro.
FMI: Brasil cresce mais em 2024
No novo relatório do FMI, o crescimento econômico do Brasil em 2024 ficou projetado em 3%, 0,9 ponto percentual acima em comparação com as projeções feitas em julho deste ano. A atualização para cima foi feita em função do aumento do consumo e investimentos na primeira metade do ano, além de o País estar com um mercado de trabalho mais aquecido. Os impactos das inundações no Rio Grande do Sul (RS) também foram menores do que o previsto pela instituição.
Apesar de um crescimento mais forte este ano, para 2025 as perspectivas foram atualizadas para baixo. Agora, a expectativa é de um avanço de 2,2% para o ano que vem, ante 2,4% no relatório de julho. O esperado ciclo de alta da taxa básica de juros Selic deve ser o responsável por segurar essa performance no ano que vem.
FMI: Vencendo a inflação no mundo
O FMI apontou que a batalha contra a inflação global está praticamente vencida. “A instituição enfatizou que, em larga medida, o processo de normalização inflacionária ocorreu sem grandes custos em termos de perda de atividade, uma vez que o mercado de trabalho permanece robusto em diversos países”, diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
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O Brasil é um exemplo de país em que o mercado de trabalho continua forte. Contudo, para frente, os riscos de enfraquecimento na atividade econômica são maiores do que os associados com um recrudencimento da inflação.
FMI: Dívida global no foco
A dívida dos países também está no foco do FMI. O relatório reforça a necessidade de que o processo de afrouxamento monetário tenha continuidade. Contudo, também aponta que após anos de políticas fiscais expansionistas é chegado o momento de rever orçamentos públicos e buscar a estabilização de dinâmicas da dívida pública.
“Finalmente, o FMI insiste na oportunidade dos países avançarem em reformas estruturais. Reconhecendo que essas reformas não são nada triviais”, diz Igliori.
Brics: Brasil na corda-bamba entre China e EUA
De acordo com Keone Kojin, economista da Valor Investimentos, nesta nova reunião os representantes dos BRICs buscam demonstrar poder frente ao Ocidente e reivindicar reformas no FMI, Organização das Nações Unidas (ONU) e demais instituições globais nas quais estas economias não se sentem representadas.
“Para o Brasil, isso é uma situação delicada. Nós dependemos tanto dos Estados Unidos quanto da China para nossas exportações, por exemplo. Então, não seria interessante para nós tomarmos nenhum lado nesse sentido”, diz Kojin.
De acordo com Oswaldo Meireles, planejador financeiro e sócio da Eu me banco, um dos assuntos importantes é a desdolarização das economias – um tema que deve ser muito discutido pelo BRICs.
Brics: Comércio sem dólar e Brasil na liderança
Já para Oswaldo Meireles, planejador financeiro e sócio da Eu me banco, um assunto do Brics que o investidor precisa ficar de olho é a desdolarização das economias. “Com a expansão do Brics, que já conta aí com mais de 15 países, realmente teremos todo esse foco na desdolarização da economia, ainda que haja muitas incertezas em relação a esse feito”, afirma Meireles.
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Outro fator é que o Brasil assume a presidência do Brics a partir de 2025. Ou seja, o país terá a voz amplificada dentro do grupo – o que tornará mais complexo para manter a neutralidade, principalmente se Donald Trump vencer as eleições nos EUA.
“Se o Trump ganhar, ele deve ser muito mais agressivo com o mundo todo em geral. E acho que nesse sentido mesmo os próprios BRICs já estão preparando essa e fortalecendo”, afirma Kojin.