A Auren (AURE3) reportou lucro líquido de R$ 270,8 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 838,1 milhões observado no mesmo período de 2023. A diferença entre os resultados ocorre principalmente devido à contabilização, no terceiro trimestre do ano passado, de impostos relativos à indenização por ativos não amortizados da hidrelétrica Três Irmãos.
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Apesar da melhora nos números de um ano para o outro, o balanço da empresa decepcionou a maior parte das casas consultadas pelo E-Investidor. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado gerou o maior ponto de atenção, ficando abaixo das estimativas.
Enquanto a XP Investimentos previa um resultado de R$ 410 milhões, a empresa reportou R$ 387 milhões de Ebtida ajustado, um número 5,6% abaixo do esperado. O montante também veio menor do que as projeções do Itaú BBA e do BTG Pactual, que esperavam R$ 407 milhões e R$ 403 milhões, respectivamente.
Na visão da XP, o dado foi impactado pelo aumento das despesas com pessoal, material, serviços de terceiros e outras (PMSO) e nos custos de aquisição de energia. A corretora também enxergou que os resultados operacionais da Auren vieram fracos. A produção da usina hidrelétrica Porto Primavera, por exemplo, sofreu uma diminuição anual de 8,7%, refletindo a baixa precipitação na região Sudeste.
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Mesmo elencando esses pontos de atenção, a XP reconheceu que as despesas financeiras de R$ 103 milhões foram ligeiramente melhores que a estimativa da casa, de R$ 116 milhões, parcialmente compensadas pela alíquota do Imposto de Renda (IR), que ficou acima das projeções, levando a um lucro líquido ajustado em linha com as expectativas. Vale lembrar que a corretora tem recomendação neutra para a ação AURE3, com preço-alvo de R$ 15.
Já o BTG Pactual considerou os resultados fracos, mas manteve a recomendação de compra para o ativo, com preço-alvo de R$ 14,7. O banco relembrou que os próximos meses serão importantes para a companhia, após a conclusão de sua incorporação com a AES Brasil (AESB3) encerrada nesta quinta-feira (31). “Os trimestres pós-fusão serão fundamentais para alinhar as expectativas e talvez sejamos surpreendidos positivamente”, disse. “O único motivo pelo qual não consideramos a Auren uma das ‘top picks’ (preferências) é sua alavancagem pós-fusão, que levará a empresa a se concentrar na absorção da aquisição alavancada”, completou o BTG.
Impulsionador das ações AURE3
Para o Itaú BBA, os resultados da Auren foram neutros. Quando se trata dos números operacionais, no segmento de geração eólica, os ativos da empresa produziram aproximadamente 1% acima do P90, ou 5% abaixo do P50, com a geração total subindo 6% ano a ano. “Já na divisão de geração solar, os ativos da Auren geraram cerca de 12% abaixo do P90, ou 21% abaixo do P50, com esses números significativamente afetados por fatores externos, como a restrição de despacho”, reforçou o banco.
A estimativa de produção P50 significa que existe 50% de probabilidade da produção real de energia no longo prazo ser acima dessa projeção. Já a estimativa P90 indica que há 90% de probabilidade da produção real de energia no longo prazo ser acima dessa projeção.
Já na visão do Safra, os resultados recorrentes foram decentes, principalmente impulsionados pelos resultados da divisão de comercialização de energia, que superaram as expectativas e compensaram o desempenho mais fraco dos segmentos de hídrica e eólica da Auren.
O banco também comentou sobre o processo de incorporação da companhia com a AES Brasil. A Auren mencionou nesta quinta-feira (31) que, após concluir a aquisição da AES, implementará um plano de 100 dias seguido por outro de 365 dias, ambos focados na integração das duas companhias e na implementação de iniciativas de reestruturação. “Em nossa visão, a integração das duas empresas será o principal impulsionador das ações no futuro”, ressaltou ainda o Safra.