

O bolso dos brasileiros fica mais apertado a partir deste sábado (1º) com o reajuste nos preços dos combustíveis. O aumento da gasolina e diesel vem na esteira de uma elevação na alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre combustíveis, medida anunciada pelos secretários estaduais de Fazenda no ano passado.
O valor acrescido no ICMS para a gasolina é de R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47. Já o diesel teve aumento de R$ 0,06 por litro, saindo de R$ 1,06 para R$ 1,12. No entanto, o gás de cozinha (GLP) caiu em R$ 0,02 por quilo, com o ICMS passando de R$ 1,41 para R$ 1,39.
O reajuste dos combustíveis foi decidido em outubro passado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que reúne os Estados. Pela frente, há possibilidade também de reajuste pela Petrobras (PETR3;PETR4), em função da defasagem com os preços internacionais.
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Segundo o Broadcast, as informações apresentadas pela Petrobras indicam que o desequilíbrio dos preços dos combustíveis é maior no diesel, tanto em relação ao comportamento no mercado externo quanto na fórmula que considera fatores internos de produção, que foram adicionados à política de preços da Petrobras ainda na gestão de Jean Paul Prates.
Gasolina vs. Etanol: o que vale mais a pena?
Em comparação com a gasolina, os valores cobrados pelo etanol parecem ser mais promissores, visto que o preço médio para o País é de R$ 4,24. No entanto, Rafael Schiozer, professor de finanças da FGV EAESP, explica que, de forma geral, o etanol só vale mais a pena quando custa menos de 70% do preço da gasolina.
Por exemplo, se o etanol ficar em uma média de R$ 4,20 em um carro de consumo de 9,3 km/L, o custo por km fica quase equivalente ao da gasolina, de R$ 0,45. Por outro lado, se o preço do etanol cair para R$ 4, o gasto por km rodado será de R$ 0,43, valendo mais a pena consumir o etanol do que a gasolina.
Veículos movidos a diesel, por sua vez, ainda devem gastar mais ou equivalente em comparação com a gasolina. Para Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP®️ e especialista em finanças comportamentais, a viabilidade do combustível depende do tipo de veículo e da quilometragem rodada.
Manutenção do carro pode ajudar a gastar menos combustível
Antônio Jorge Martins, coordenador de MBAs da FGV, explica que gastar menos combustível está principalmente ligado ao uso correto do veículo e seguir as recomendações da própria marca.
Estar com pneus corretos e na calibragem certa é um fator essencial nessa economia. Ao mesmo tempo, andar numa velocidade moderada e, muitas vezes, indicada pela própria marca pode ajudar o motorista a não precisar gastar muito com combustíveis.
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Outros componentes como filtros de ar, de óleo e de combustível, quando sujos ou desgastados, também podem comprometer o desempenho do motor, aumentando o consumo. Velas de ignição em mau estado podem causar queima inadequada do combustível.
Além disso, Martins destaca que os carros mais antigos exigem regulagens mais adequadas para consumir gasolina em níveis adequados. Porém, vale de cada motorista avaliar se isso seria possível.
Programas de vantagem em postos de combustíveis
Uma outra opção para os motoristas gastarem menos com o aumento da gasolina é utilizar programas de vantagens nos postos de combustíveis. Ainda assim, Schiozer, o professor de finanças da FGV EAESP, diz que é importante avaliar bem como funcionam esses programas e se a variação de preço faz sentido baseado no seu orçamento.
Alguns programas podem, inclusive, cobrar uma espécie de assinatura. Nesses casos, é importante avaliar se o desconto final é maior ao valor pago mensalmente, além dos gastos com o abastecimento do veículo.
“O que pode valer realmente a pena é pagar à vista com dinheiro ou Pix na hora de abastecer o carro, já que o motorista pode conseguir um bom desconto”, comenta o coordenador de MBAs da FGV. Ele ainda alerta para utilizar esse método de pagamento apenas quando tiver dinheiro em conta, para não pagar juros de empréstimos.
Dicas economizar combustível
Além do aumento previsto de fevereiro, outros fatores, como variações no mercado internacional de petróleo e políticas governamentais, podem influenciar os preços de combustíveis ao longo do ano. Na visão do planejador financeiro, é possível – e provável – que ocorram novos ajustes durante os próximos meses.
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Por outro lado, Martins, da FGV, comenta que novos aumentos nos preços da gasolina são improváveis em um ano anterior ao das eleições presidenciais. “Qualquer palavra que se diga com relação ao aumento de impostos impacta negativamente no consumidor e, automaticamente, naquele partido que estará promovendo esse aumento de impostos. Como em 2026 ocorrem as eleições, eu não acredito em aumento de impostos para o ano que vem”, comenta.
Para aqueles que desejam comprar um carro novo, os modelos híbridos são a tendência antes dos carros elétricos atingirem preços mais acessíveis, na visão de Martins. “O que encarece os carros elétricos ainda são as pesquisas e desenvolvimento das baterias, o que embute no preço final maior. A prioridade mundial segue dos veículos híbridos, que é um início do processo de eletrificação plena deles”, finaliza.
Os especialistas ainda separaram uma lista com algumas dicas práticas na hora de economizar na hora de abastecer seu carro. Confira 7 truques para economizar com a gasolina:
- Troque as marchas corretamente, sem acelerar muito;
- Faça manutenção regular do veículo;
- Use o ar-condicionado com moderação;
- Evite aquecer o motor com o carro parado;
- Reduza o peso do veículo e cheque os pneus;
- Procure reduzir o uso de carro particular: caronas e transporte público são bem-vindos;
- Faça uma reserva financeira para os combustíveis.