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Luciana Seabra

O erro que fez investidores deixarem de ganhar na Bolsa em janeiro – e como aprender com isso

Ibovespa em janeiro rendeu 4,9%, muito além do 1,6% do tão amado CDI, referencial de aplicações conservadoras

Se você está esperando a melhora da Bolsa de Valores para investir, janeiro mostra que esse não é um mercado que sobe dando aviso. (Imagem: Summit Art Creations em Adobe Stock)
Se você está esperando a melhora da Bolsa de Valores para investir, janeiro mostra que esse não é um mercado que sobe dando aviso. (Imagem: Summit Art Creations em Adobe Stock)

Ainda é muito cedo para dizer “eu avisei”, mas janeiro está aí para no mínimo nos lembrar de que nada sabemos sobre o futuro.

Encerrei a minha coluna de dezembro tentando evitar que você cometesse o erro de fazer o resgate de fundos de ações na pior hora, como historicamente fazem investidores. Na de janeiro, incentivei a leitura do livro “O Mais Importante para o Investidor”.

Na obra, Howard Marks nos lembra que, quando as perspectivas são negativas, o capital escasso, as condições restritivas, as taxas de juros altas, o desempenho recente fraco e os investidores pessimistas, aflitos e desinteressados, em geral não é preciso ter cautela. No contexto oposto, sim.

Eu sei que é antinatural pensar em investir mais ou até mesmo manter o dinheiro alocado na Bolsa de Valores depois de um período de prejuízo. No livro “O Jeito Harvard de ser Feliz”, Shawn Achor conta que os neurocientistas provaram que respondemos a perdas no mercado com a mesma área do cérebro que os homens da caverna reagiam ao aparecimento de um tigre dente de sabre.

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Em resumo, o cérebro grita: “Corre!”.

O que aconteceu com a Bolsa em janeiro?

Eu sei também que parece estranho recomendar manter a alocação estrutural em uma carteira de fundos de ações bem selecionados depois de um período tão duro e com o juro tão alto – a minha é de 30%, com horizonte de pelo menos cinco anos.

Você já espiou o retorno da Bolsa em janeiro, depois daquele pessimismo absurdo que assolou dezembro? Eu te ajudo: o Ibovespa em janeiro rendeu 4,9%, muito além do 1,6% do tão amado CDI, referencial das aplicações conservadoras.

Dentre os fundos aprovados em nossa análise, de gestores como Encore, HIX, Velt, Alaska, IP, Truxt, Dynamo, Brasil Capital, vejo ganhos acima de 5%, chegando a 8%. E, conversando com gestores, eles reforçam que muitas empresas que estão em portfólio ainda parecem baratas demais na Bolsa em comparação ao que realmente valem.

Os estrangeiros contribuíram com a alta. Os jornais noticiaram que, somente no dia 16 de janeiro, eles aportaram R$ 6,5 bilhões na B3, o maior ingresso diário em mais de uma década – na contramão do investidor local, que seguiu resgatando.

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É claro que ganho passado não significa ganho futuro. E é claro também que para vários desses gestores o movimento de janeiro ainda não compensou as perdas do ano passado.

O impacto do comportamento emocional no mercado

Qual é o ponto então?

O ponto é que você não tem bola de cristal e costuma se basear no pior previsor possível sobre o futuro da Bolsa: o humor das pessoas.

Assim, você acaba saindo e entrando na pior hora. E, se está aí esperando a melhora do ambiente para investir, janeiro mostra que esse não é um mercado que sobe lentamente, dando aviso. O movimento costuma acontecer de forma exponencial e, em geral, quando você menos espera.

Ou, como diria David Swensen, a maior referência em alocação de fundos do mundo: “O comportamento contrário é a alma de muitas estratégias de investimento bem-sucedidas. Para azar dos investidores, a natureza humana anseia pelo reforço positivo de correr junto com a multidão”.

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É dele a recomendação de ter uma alocação estrutural predefinida em cada ativo – como os 30% que disse acima, desde que, é claro, em boas ações, de preferência selecionadas por profissionais.

Quando esse valor encolhe, você investe mais. Se passou dos 30%, você investe o próximo dinheiro que entrar em outras fatias do portfólio para reequilibrar.

Como evitar decisões erradas na sua carteira?

Se pretende investir em ações, é importante aprender a despistar seu viés, documentado pelas finanças comportamentais, de se movimentar da forma errada.

Não faço ideia do que vai acontecer com fundos de ações no mês que vem ou nos próximos cinco anos. O que eu sei, porque os dados mostram, é que as pessoas costumam se movimentar da forma errada, com base na falsa ilusão de que sabem para onde o mercado vai.

É possível que você esteja nesse grupo que tem certeza de que, quando tudo parece estar ruindo, a resposta óbvia é correr – e que, jamais em um contexto horroroso de pânico como o do fim do ano, a Bolsa de Valores poderia subir. Bater o CDI então… imagina!

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Janeiro está aí para nos provar que não é bem assim.

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