Com novas promessas de tarifas de Donald Trump no radar, o Ibovespa hoje fechou em queda de 1,27% aos 124.619,40 pontos. A principal referência da B3 oscilou, nesta sexta-feira (7), entre máxima a 126.524,48 pontos e mínima a 124.319,63 pontos. O volume negociado foi de R$ 21 bilhões. Na semana, o índice acumulou perdas de 1,20%.
Trump confirmou que deve anunciar tarifas recíprocas a outros países na semana que vem. Durante coletiva de imprensa na Casa Branca, ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, o republicano informou que terá uma reunião sobre o tema na segunda-feira (10). O anúncio “provavelmente” será feito na segunda ou na terça-feira (11), de acordo com ele. “É a forma mais justa de se fazer isso”, afirmou.
A expectativa por novas tarifas fez o dólar subir contra outras moedas fortes no pregão. O índice DXY, que compara o desempenho da divisa americana em relação a seis pares (euro, iene japonês, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço), exibia alta de 0,36% aos 108,079 pontos, ao final da tarde. Em relação ao real, o dólar fechou em valorização de 0,52% a R$ 5,7936, acumulando ainda perdas de 6,26% no ano.
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Nos Estados Unidos, o foco esteve no payroll (relatório oficial de emprego do páis), que apontou a criação de 143 mil empregos em janeiro, em termos líquidos, segundo relatório publicado pelo Departamento do Trabalho. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam criação de 125 mil a 225 mil vagas, com mediana de 170 mil. “Os números confirmam a principal mensagem da última reunião do Federal Reserve (Fed): a de que a economia americana apresenta um quadro de estabilidade marcado por desemprego muito baixo e inflação resistente acima da meta”, afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Para André Valério, economista sênior do Inter, em termos de política monetária, esse resultado não altera as expectativas desde a última reunião, com a incerteza sobre a implementação das tarifas por parte de Trump dominando o cenário. “Assim, caminhamos para uma nova pausa no ciclo de corte de juros por parte do Fed na reunião de março, mas ainda com espaço para dois cortes ao longo do ano”, destaca.
Em Nova York, Nasdaq, S&P 500 e Dow Jones recuaram 1,36%, 0,95% e 0,99%, respectivamente. O clima foi de cautela quanto à postura protecionista adotada por Trump. O medo dos investidores é de que a ampliação das tarifas aplicadas pelos EUA tenha efeitos negativos sobre a inflação do país.
Na Bolsa brasileira, o mercado continuou monitorando o balanço de grandes bancos. Hoje foi a vez do Bradesco (BBDC3;BBDC4) reportar os seus resultados. No quarto trimestre de 2024, a empresa apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 5,402 bilhões, resultado 87,7% maior que o do mesmo intervalo do ano anterior. Analistas, no entanto, ficaram receosos com as projeções do próprio banco para o seu crescimento de receitas e produtos para 2025.
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As ações BBDC3 terminaram o dia em queda de 3,12%, enquanto as BBDC4 recuaram 3,93%. Outros papéis de grandes bancos também fecharam no campo negativo: Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) registraram perdas de 0,73%, 2,19% e 1,31%, respectivamente. A única exceção foi o BTG Pactual (BPAC11), que subiu 0,06%.
Para a próxima semana, o mercado deve continuar atento à divulgação de balanços, com empresas como Usiminas (USIM5) e Tim (TIMS3) apresentando seus resultados. “Isso vai ser extremamente relevante para trazer essa volatilidade ao mercado. Também vamos ter a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o principal dado de inflação do Brasil”, destaca Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Totvs (TOTS3), Hapvida (HAPV3) e Fleury (FLRY3).
Totvs (TOTS3): 2,69%, R$ 33,54
As ações da Totvs (TOTS3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, finalizando a sessão com ganhos de 2,69% a R$ 33,54. O movimento foi de recuperação, depois de os ativos da empresa fecharem em queda pelos três últimos pregões.
A TOTS3 está em baixa de 1,53% no mês. No ano, acumula uma valorização de 25,38%.
Hapvida (HAPV3): 2,64%, R$ 2,33
Quem também se saiu bem foi a Hapvida (HAPV3), que subiu 2,64% a R$ 2,33, mesmo com a alta dos juros futuros, que tende a pressionar papéis mais cíclicos (sensíveis aos ciclos econômicos).
A HAPV3 está em baixa de 3,72% no mês. No ano, acumula uma valorização de 4,48%.
Fleury (FLRY3): 1,83%, R$ 11,69
Na lista de principais altas, estiveram ainda as ações do Fleury (FLRY3), que avançaram 1,83% a R$ 11,69, sem notícias específicas sobre a empresa no radar dos investidores.
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A FLRY3 está em baixa de 1,27% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 3,15%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Automob (AMOB3), Cosan (CSAN3) e Localiza (RENT3).
Automob (AMOB3): -7,41%, R$ 0,25
As ações da Automob (AMOB3) se saíram mal e voltaram a liderar as perdas do Ibovespa. Os papéis da empresa tombaram 7,41%, terminando o dia cotados a R$ 0,25. Os ativos já haviam derretido 6,9% na véspera.
A AMOB3 está em baixa de 19,35% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 26,47%.
Cosan (CSAN3): -6,14%, R$ 7,18
As ações da Cosan (CSAN3) sofreram uma das maiores quedas do Ibovespa hoje e fecharam o pregão em baixa de 6,14% a R$ 7,18. Ao Broadcast, o especialista da Star Desk, Felipe Sant’Anna, explicou que os investidores reagiram ao rumor de que a empresa aumentaria o capital da Raízen (RAIZ4), sua controlada, para se desalavancar, o que diluiria a participação dos detentores de ações.
A CSAN3 está em baixa de 7,24% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 12,01%.
Localiza (RENT3): -6,11%, R$ 29,94
Outro destaque negativo foi a Localiza (RENT3), que cedeu 6,11% a R$ 29,94, sem gatilhos específicos.
A RENT3 está em baixa de 3,01% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 7,02%.
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*Com Estadão Conteúdo