

A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos se tornou o maior fator de atenção de investidores globais. À medida que o republicano tenta colocar em prática sua agenda econômica protecionista, com uma guerra comercial de imposição de tarifas a outros países, grandes gestores do mercado tentam calibrar as estratégias de investimento entre aquilo que é ventilado e o que realmente entra em prática. E não há consenso entre quem está comprado e quem está vendido em ações americanas.
Em painel no CEO Conference 2025, evento promovido pelo BTG Pactual, esse dissenso ficou claro.
A Legacy Capital, por exemplo, mantém a posição comprada na Bolsa dos EUA, com visão otimista para o cenário americano e global. “Apesar das políticas contraditórias de Trump em relação ao que ele deseja e ao que ameaça fazer, a equipe econômica é de alta qualidade e o país vai navegar na direção certa”, disse o CIO Felipe Guerra.
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O entendimento é de que o excepcionalismo americano ainda coloca os ativos do país em posição única para surfar de avanços de tecnologia. Segundo eles, a Bolsa vai conseguir aproveitar um crescimento “soft” da economia, o que afasta os principais temores de que o Federal Reserve (Fed), o banco central do país, volte a discutir uma alta de juros este ano. “É difícil vender dólar agora. Se melhorar muito, é oportunidade para comprar”, apontou.
Mas essa visão não é unanimidade. Fabiano Rios, CIO da Absolute Investimentos, destacou que a gestora ganhou dinheiro com um call de compra na Bolsa americana nos últimos três anos, montado a partir da convicção que o governo democrata faria o que precisasse para manter a economia em crescimento. “Era muito bom para ações e crescimento de lucros, o que nos dava margem de segurança. Hoje, vejo preços muito diferentes, com o S&P 500 em múltiplos altos e um dólar que se valorizou absurdamente”, afirmou.
O gestor explica que é difícil saber qual será o novo equilíbrio sobre o governo Trump e que vê a possibilidade de uma correção nos ativos nos próximos meses. “Não questiono o excepcionalismo americano, mas questiono preço”, disse Rios.
Carlos Woelz, sócio-fundador da Kapitalo Investimentos, que também está vendida em Bolsa americana, destacou que é difícil construir uma convicção sobre o mercado dos EUA neste momento, dado toda a incerteza que ainda envolve o Trump 2.0. “O impacto das tarifas, se vierem nesses níveis que ele está falando, seria gigantesco. E não é algo que ele vai abandonar, porque é uma forma de pressão que deve gerar incerteza pelos próximos quatro anos”, afirmou.
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