Para Felipe Papini, sócio da One Investimentos, o movimento de hoje foi técnico. “Nos últimos dias, o IBOV passou do seu topo histórico e o dólar chegou em uma região de suporte importante após uma desvalorização considerável. Agora me parece ter ocorrido um movimento de ‘retorno a média’ mesmo, com investidores realizando lucros no curto prazo”, afirma.
O dia também foi de cautela nos mercados globais. Na Europa, as Bolsas encerraram mistas, refletindo um clima mais fraco nos negócios. Nos Estados Unidos, os principais índices também fecharam sem direção única, em meio à continuidade da valorização nos Treasuries (títulos do Tesouro americano). S&P 500 e Nasdaq subiram 0,1%, e 0,72%, enquanto Dow Jones caiu 0,21%.
No Brasil, o cenário não foi diferente. O Ibovespa também sentiu o impacto negativo das ações da Petrobras (PETR3;PETR4) e da Vale (VALE3). Enquanto os papéis ordinários da petroleira (PETR3) recuaram 0,64%, os preferenciais (PETR4) cederam 0,68%. Já os ativos da mineradora fecharam em baixa de 0,49%, mesmo após o minério de ferro superar os US$ 100 pela primeira vez desde o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, em 2 de abril.
“O mercado local vinha otimista nos últimos dias, animado com a possibilidade de um acordo entre China e Estados Unidos, mas a falta de novidades concretas trouxe de volta a incerteza. O sentimento dos investidores, tanto aqui quanto lá fora, parece ser de espera. O mercado busca novos gatilhos para retomar uma trajetória de alta mais consistente”, afirma Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
No mercado de câmbio, o dólar hoje encerrou em alta de 0,43% a R$ 5,6327, depois de abrir o dia em queda e chegar a atingir mínima a R$ 5,5898. Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o comportamento da moeda americana refletiu um cenário de instabilidade sem um direcional claro.
“No exterior, a desaceleração da queda do dólar frente a outras moedas fortes e a retração nos preços do petróleo geraram um ambiente de menor apetite por risco, o que contribuiu para o enfraquecimento do real ao longo do dia. O mercado operou com volume reduzido e predominância de ajustes técnicos, fatores que dificultaram a formação de um direcional único na sessão”, explicou.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Natura (NTCO3), IRB (IRBR3) e Porto Seguro (PSSA3).
Natura (NTCO3): 7,1%, R$ 10,71
As ações da Natura (NTCO3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, subindo 7,1% a R$ 10,71. Investidores ainda reagiram ao balanço do primeiro trimestre da empresa, publicado na segunda-feira (12). A empresa reportou prejuízo líquido consolidado de R$ 151,5 milhões no período. O resultado equivale a uma melhora de 83,7% frente ao prejuízo de R$ 935,1 milhões apurado em igual intervalo do ano anterior.
A NTCO3 está em alta de 12,62% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 16,07%.
IRB (IRBR3): 6,42%, R$ 48,39
Quem também se saiu bem foi o IRB (IRBR3), que avançou 6,42% a R$ 48,39. Na segunda-feira (12), a companhia divulgou seu balanço do primeiro trimestre, quando alcançou lucro líquido de R$ 118,6 milhões, crescimento de 49,9% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado.
A IRBR3 está em alta de 1,17% no mês. No ano, acumula uma valorização de 13,99%.
Porto Seguro (PSSA3): 4,54%, R$ 48,33
Outro destaque positivo foi o Porto Seguro (PSSA3), que registrou valorização de 4,54% a R$ 48,33. Na véspera, o Bradesco BBI iniciou a cobertura do setor de seguros com recomendação outperform (equivalente à compra) para as ações da Porto. O preço-alvo é de R$ 59.
A PSSA3 está em alta de 9,87% no mês. No ano, acumula uma valorização de 36,76%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Azul (AZUL4), RD Saúde (RADL3) e Vamos (VAMO3).
Azul (AZUL4): -16,08%, R$ 1,2
As ações da Azul (AZUL4) sofreram a maior queda do Ibovespa hoje, tombando 16,08% a R$ 1,2. A empresa aérea reportou lucro líquido de R$ 783,1 milhões no primeiro trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 1,1 bilhão em igual intervalo de 2024. O JPMorgan considerou “decepcionantes” os resultados da companhia, ficando abaixo das estimativas do banco.
A AZUL4 está em baixa de 18,37% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 66,1%.
RD Saúde (RADL3): -6,3%, R$ 15,18
Quem também se saiu mal foi a RD Saúde (RADL3), que cedeu 6,3% a R$ 15,18.
A RADL3 está em baixa de 23,49% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 30,59%.
Vamos (VAMO3): -6,22%, R$ 4,22
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda os ativos da Vamos (VAMO3), que sofreram baixa de 6,22% a R$ 4,22.
A VAMO3 está em baixa de 14,23% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 11,16%.
*Com Estadão Conteúdo