A inflação oficial do Brasil ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam um aumento entre 0,14% e 0,26%, com mediana positiva de 0,20%. A taxa acumulada pelo IPCA no ano chega, agora, a 2,99%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, em junho, apenas o grupo Alimentação e Bebidas apresentou variação negativa (-0,18%), enquanto os demais ficaram entre a estabilidade (0,00%) de Educação e a alta de 0,99% de Habitação.
O aumento da inflação foi provocado, principalmente, pela conta de luz residencial, que mostrou alta de 2,96% em junho. No mês, a bandeira tarifária estava no nível vermelho patamar 1, adicionando R$4,46 na conta de luz a cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumidos.
IPCA cresce em junho: o que isso significa para os brasileiros?
Com o resultado de junho, o Brasil completa seis meses consecutivos com a inflação oficialmente fora da meta estabelecida em 2025, de 4,50%.
A persistência inflacionária acima da meta tem levado o Banco Central a manter os juros básicos (taxa Selic) em patamares elevados por mais tempo. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC subiu a Selic de 14,75% ao ano para 15% ao ano, o maior nível dos juros desde julho de 2006. “A mensagem da autoridade monetária tem sido clara: enquanto a inflação não mostrar trajetória firme de convergência para 3%, não há espaço para cortes duradouros de juros. Isso significa que planos de estímulo ao crescimento terão de conviver com uma política monetária restritiva no curto prazo”, diz Fabrício Tonegutti, especialista em direito tributário pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
Isso pode criar um círculo vicioso, segundo Tonegutti, elevando prêmios de risco, pressionando o câmbio e tornando o trabalho de desinflação ainda mais difícil. Além disso, um IPCA descontrolado e fora da meta é visto como algo perigoso para uma economia em equilíbrio, pressionando o bolso dos brasileiros. A alta de preços prolongada corrói o poder de compra da população, gera insatisfação popular e pressiona especialmente as camadas de renda mais baixa – já que itens essenciais como alimentos subindo pesam mais para os mais pobres.
Ainda, os juros em um patamar elevado retiram parte do dinheiro da economia. Essa quantia passa a ficar em títulos públicos ou na própria poupança, que passam a render mais com os juros elevados. As compras parceladas e os empréstimos também podem ficar mais caros, a depender de como estiver a Selic, e consequentemente, a inflação.
Como economizar energia em casa sem perder conforto?
Com a bandeira tarifária mais cara em junho, a conta de luz pesa cada vez mais no bolso. No ano, segundo dados do IBGE, energia elétrica residencial acumula uma alta de 6,93%, destacando-se como o principal impacto individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado do IPCA em junho (2,99%). Esta variação (6,93%) é a maior para um primeiro semestre desde 2018 quando o acumulado foi de 8,02%.
Nesse sentido, pequenas mudanças na rotina podem gerar grande economia no final do mês. Veja dicas para adotar práticas mais eficientes, evitar desperdícios e aliviar o peso da conta de luz:
1. Escolha eletrodomésticos com Selo Procel A
Aparelhos com a certificação Selo Procel de Economia de Energia garantem maior eficiência energética, reduzindo o consumo sem comprometer o desempenho. Ao trocar equipamentos antigos, dê prioridade àqueles que possuem essa classificação.
2. Substitua lâmpadas incandescentes por LED
As lâmpadas LED consomem até 80% menos energia e possuem vida útil muito maior. Elas consomem menos energia e duram muito mais, o que significa economia dupla para o seu bolso.
3. Aproveite a luz natural
Manter janelas abertas durante o dia permite iluminar os ambientes sem precisar acionar as lâmpadas. Além disso, essa prática melhora a ventilação da casa, reduzindo a necessidade de ventiladores e ar-condicionado.
4. Aposte no isolamento térmico
Paredes e telhados com isolamento adequado ajudam a manter a temperatura interna, diminuindo a necessidade do uso de aquecedores ou aparelhos de ar-condicionado. Cortinas blackout e tapetes também contribuem para conservar a temperatura do ambiente.
5. Dê preferência ao ventilador de teto
O ventilador de teto consome bem menos energia do que o ar-condicionado. Sempre que possível, opte por esse equipamento, que ajuda a refrescar o ambiente sem pesar tanto na conta de luz.
6. Avalie a instalação de painéis solares
Apesar do investimento inicial, a energia solar pode gerar uma economia de até 95% a longo prazo na sua conta de luz. Com os incentivos governamentais e a possibilidade de reduzir a dependência da rede elétrica, esse sistema se torna uma alternativa vantajosa.
7. Evite eletrônicos em standby
Aparelhos conectados na tomada, mesmo sem uso, continuam consumindo energia. Tire carregadores, televisores e micro-ondas da tomada quando não estiverem em funcionamento para evitar gastos desnecessários.
*Com informações de Daniela Amorim, do Broadcast, e Jessica Anjos