Neste sábado (26), na Expert XP 2025, maior festival de investimentos do mundo, o painel Fim dos isentos, mudanças no IOF reuniu Pablo Spyer, João Luiz Braga e Lucas Collazo para discutir como o cenário global, a tributação e o comportamento do investidor impactam o mercado brasileiro.
Pablo Spyer, conhecido no mercado como estrategista, influencer e apresentador, foi o responsável por contextualizar o pano de fundo macroeconômico. Citou a eleição de Donald Trump como ponto de inflexão geopolítica e destacou que as tarifas impostas pelos EUA afastaram investidores, o que ajudou a derrubar o índice do dólar globalmente.
Spyer acredita que já estão precificados dois cortes de juros nos EUA até o fim do ano. Segundo ele, o risco mais urgente vem da China: “A crise imobiliária por lá fez o minério de ferro cair, e, se escalar, pode virar uma crise financeira global”. Além disso, chamou atenção para as tensões geopolíticas, com duas guerras em curso (Ucrânia e Oriente Médio), e para o comportamento da bolsa de Nova York, que vem renovando recordes.
No debate, João Luiz Braga, sócio e gestor da Encore Asset, falou sobre o momento para a bolsa de valores brasileira. “Não lembro de um perído em que eu estivesse tão otimista”.
Braga argumenta: “A bolsa brasileira está barata, e o mercado local deve se beneficiar de um fluxo mais robusto nos próximos trimestres. “Bolsa se compra quando o juro está alto, não baixo”, reforçou.
Em sua análise política, Braga leva como cenário-base para 2026 uma possível vitória do governador de São Paulo Tarcísio de Freitasnas eleições presidenciais. Para ele, a possível alternância de poder do cargo de chefe-executivo no Brasil deve impactar bastante a bolsa.
Lucas Collazo, apresentador do Stock Pickers, popular podcast sobre ações do Brasil, e estrategista na XP, que conduziu o painel, falou sobre o investidor pessoa física e apontou um problema de comportamento: “O brasileiro ficou alérgico à volatilidade. O mês a mês ficou muito importante. Dois ou três meses com a Bolsa para baixo, os investidores fogem”. Segundo ele, a aversão à oscilação tem encurtado o horizonte de investimento e prejudicado a tomada de decisão de longo prazo.
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Ainda no debate, os gestores comentaram os efeitos das mudanças no IOF e o fim das isenções para fundos exclusivos. Para Braga, a isenção de IR “tira a capacidade de o investidor de fazer conta”. Lembrou ainda que o ambiente atual não tolera erros de performance: “As assets estão todas operando sem poder perder dinheiro. Se tomar uma cota negativa, vem um resgate e você perde a asset.”
A discussão mostrou que, em meio a um cenário global turbulento e a mudanças na tributação, os gestores mantêm uma visão construtiva e muito otimista para a Bolsa brasileira, desde que o investidor esteja disposto a olhar além do curto prazo e conviver com a volatilidade.