CEOs do Vale do Silício não são conhecidos por serem os mais gentis, e Jobs não era exceção. (Foto: Adobe Stock)
CEOs assumem todos os tipos de personalidades, passando pelo líder benevolente ao executivo corporativo implacável. O milionário e empreendedor Kevin O’Leary é famoso por sua postura intimidadora e brutalmente honesta na TV como investidor do programa Shark Tank — e parte desse estilo de liderança veio da época em que trabalhou com o falecido cofundador da Apple (AAPL34), Steve Jobs.
“Não acho que as pessoas com quem você trabalha precisem ser suas amigas”, disse O’Leary à Fortune. “Elas precisam respeitá-lo, e você precisa guiá-las em suas carreiras, fazê-las ganhar dinheiro e ajudá-las a atingir seus objetivos.” Conhecido como “Mr. Wonderful”, O’Leary não vê necessidade de ser simpático ou adoçar suas opiniões — e isso pode ser parte do motivo pelo qual acumulou uma fortuna de US$ 400 milhões com seu sucesso nos negócios.
O investidor em série ganhou destaque em 1999, quando vendeu sua empresa SoftKey Software Products para a Mattel por US$ 4,2 bilhões, pouco depois de trabalhar com Jobs no desenvolvimento de softwares educacionais da Apple. Sua empresa de capital de risco, a O’Leary Ventures, já apoiou mais de 80 startups, incluindo a companhia sustentável Blueland — que já faturou mais de US$ 100 milhões em vendas — e o aplicativo de impressão de fotos Groovebook, vendido por US$ 14,5 milhões.
Fechar um negócio com o “Mr. Wonderful” no Shark Tank (ou fora dele) não é tarefa fácil — ele é conhecido por ser rápido no raciocínio, ousado e exigente. Também não tem medo de “desagradar” pessoas, adotando uma “mentalidade de fundador” que prioriza o essencial sobre o supérfluo. Isso significa conseguir executar rapidamente de três a cinco tarefas realmente importantes, ignorando o caos e as distrações externas. É uma estratégia de liderança que ele observou em Jobs nos anos 1990, que muitas vezes deixava sentimentos de lado para garantir o sucesso de suas parcerias comerciais. O’Leary diz que é preciso “quebrar alguns ovos para fazer uma omelete” — mesmo que isso custe popularidade.
“Não gasto muito tempo com simpatia, não me importo com isso. Parece irrelevante. Se você ficar preocupado com isso, vai fracassar com certeza, porque vai perder o foco”, afirma O’Leary. “O foco não é fazer com que todos gostem de você — isso não tem nada a ver com sucesso… Você não pode se preocupar com os sentimentos que vai ferir. Tem que fazer o que precisa ser feito.”
Trabalhando com Jobs e liderando com amor firme: ‘Você vai lidar com isso de qualquer forma’
CEOs do Vale do Silício não são conhecidos por serem os mais gentis, e Jobs não era exceção.
Enquanto a SoftKey trabalhava com a Apple no desenvolvimento de novos softwares educacionais, O’Leary sugeriu que Jobs ouvisse professores e alunos para entender o que queriam dos jogos. Mas Jobs não quis saber: disse que a opinião deles não importava e que os programas funcionariam melhor sob sua direção.
Com o tempo, você quer fazer parte desse movimento, porque está no time vencedor. Fizemos muito dinheiro com Steve Jobs, ele estava certo. ‘Você faz o software, eu entrego o mercado. Apenas faça direito.’ Eu ouvi, e ele estava certo
O’Leary destaca que ser respeitado é mais importante do que ser querido. Sua estratégia de liderança é levar parceiros adiante em suas carreiras, fazê-los ganhar muito dinheiro e ajudá-los a alcançar objetivos. Isso pode exigir “amor firme”, mas, segundo ele, as pessoas mais bem-sucedidas com quem trabalhou — incluindo Jobs — não se preocupavam em serem agradáveis.
“Não acho que era assim que Jobs operava, e por isso não perco tempo com essas coisas”, diz O’Leary. “Sei que muita gente não gosta de mim porque sou direto e falo a verdade — e não ligo. É a verdade hoje, será a verdade semana que vem e daqui a seis meses. Você vai ter que lidar com isso de qualquer forma.”
Momentos em que Jobs mostrou que seu sucesso exigia “mão de ferro”
Jobs era conhecido por criar ambientes de trabalho tensos — mas, afinal, diamantes se formam sob pressão. Perfeccionista e adepto da microgestão, qualquer erro percebido podia gerar uma bronca. Em um caso famoso, integrantes da equipe do Macintosh foram repreendidos porque o espaçamento na interface do sistema não estava perfeito. O detalhe importava — e hoje existem mais de 100 milhões de Macs em uso.
“Ele criou um ambiente de alta pressão”, escreveu Chris Neck, professor de administração da Universidade Estadual do Arizona, sobre o estilo intenso de liderança de Jobs. “Ele pressionava a equipe original do Mac com prazos impossíveis, muitas vezes entrando em conflito com engenheiros, mas entregando um produto revolucionário.” Neck lembrou que essa abordagem fez a Apple perder alguns talentos, como o designer do Macintosh, Jef Raskin, que deixou a empresa em 1982.
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Mesmo fora da Apple, Jobs mantinha a mesma intensidade. Ele foi um dos três fundadores da Pixar Animation Studios, após comprá-la da LucasFilm em 1986. Mas para transformar filmes como Procurando Nemo e Toy Story em realidade, impunha jornadas de trabalho intensas. Receber ligação do chefe às 3h da manhã, mesmo nas férias, não era opcional com Jobs na linha.
“Ele ligava — especialmente para os produtores — a qualquer hora, dia ou noite, três da manhã, você está de férias, não importa”, contou Pete Docter, diretor criativo da Pixar, durante o evento Most Innovative Companies Gala da Fast Company deste ano. “Ele quer falar sobre o assunto, e você atende.”
O’Leary disse à Fortune que achava o estilo de liderança de Jobs “algo único” — mas admirava sua capacidade de comandar equipes, manter o foco e permanecer no “modo foco total”. É um jeito de pensar e agir que, segundo ele, é contagiante.
“Não estou dizendo que eu gostava tanto dele, mas, droga, eu o respeitava. Porque ele tinha habilidades incríveis de execução. Ele dizia: ‘Eu vou daqui até lá, e vou fazer acontecer.’ E não se importava com quem estivesse no caminho”, relembra O’Leary.
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Esta história foi originalmente apresentada na Fortune.com / c.2025 Fortune Media IP LimitedDistribuído por The New York Times Licensing Group
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