Os destaques do mercado financeiro e Ibovespa hoje. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje fechou em queda de 0,52%, aos 145.109,25 pontos, depois de renovar recorde histórico de fechamento na última sexta-feira (19). Nesta segunda-feira (22), as atenções do mercado estiveram nas novas projeções do Boletim Focus, em semana de ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
Os índices de ações globais operaram sem direção única, com as Bolsas europeias fechando com sinais mistos. Em Wall Street, no entanto, Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 subiram, renovando recordes de encerramento.
No Brasil, também ficou no radar dos investidores a preocupação com a dívida pública, diante da resolução proposta pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) de colocar um teto de 80% para a dívida federal em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). “O mercado repercute isso, que pode travar o endividamento em 80% e gerar insegurança as investidores, sobretudo de títulos; o governo pode ficar engessado”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
A desvalorização do petróleo Brent (-0,1%) foi outro fator a estimular queda do principal índice da B3 hoje, apesar da alta do minério de ferro(0,37%) na China. Na sexta-feira (19), o Ibovespa fechou com alta de 0,25%, aos 145.865,11 pontos, recorde, após nova marca inédita no intradia, a 146.398,76 pontos (alta de 0,62%).
No mercado hoje, as ações do setor bancário reduziram perdas durante a tarde, com o Bradesco (BBDC3;BBDC4) passando a operar no terreno positivo, à medida que o mercado digeriu novas sanções contra familiares do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelos Estados Unidos. Hoje, a esposa dele, Viviane Barci, e o Instituto Lex foram incluídos na lista de alcançados pelas restrições da Lei Magnitsky.
Chama a atenção do mercado o fato de as restrições estarem circunscritas ao círculo íntimo de Moraes e não terem alcançado ainda bancos brasileiros. No fechamento, BBDC3 subiu 0,26% e BBDC4, 0,17%. Já o Banco do Brasil recuou 0,51%. O BTG Pactual (BPAC11) cedeu 0,72% e o Santander (SANB11), 0,89%. Itaú (ITUB4) caiu 1,44%.
O dólar hoje volta a subir ante o real, encerrando em alta de 0,32% a R$ 5,3381, enquanto o ouro renovou recorde com a desconfiança dos investidores com o governo Trump.
Hoje a agenda de dados foi escassa, com destaque ao boletim Focus, que trouxe arrefecimento na estimativa do IPCA suavizado 12 meses à frente, a 4,36% (de 4,43%) – aquém do teto da meta de 4,50%. Já a projeção para 2025 seguiu em 4,83%, assim como a expectativa para a Selic permaneceu em 15% ao ano para o fim de 2025.
Ibovespa hoje: os principais assuntos do mercado nesta segunda-feira (22)
Na Bolsa de Londres, o FTSE 100 valorizou 0,11%, aos 9.226,68 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,44%, a 23.536,47 pontos. Em Paris, o CAC 40 baixou 0,30%, a 7.830,11 pontos. Já em Milão, o FTSE MIB subiu 0,26%, aos 42.423,18 pontos. O Ibex 35, em Madri, apontou perdas de 1,14%, aos 15.086,50 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 subiu 0,19%, aos 7.719,11 pontos.
Em Wall Street, Dow Jones avançou 0,14%, enquanto S&P 500 e Nasdaq registraram ganhos de 0,44% e 0,7%, respectivamente.
Já o ouro bateu novas máximas históricas diante de receios de que o Fed continue relaxando sua política monetária, mesmo que a economia dos EUA mostre fôlego.
Nesta tarde, o diretor do Fed, Stephen Miran, afirmou que nunca recebeu pedido do presidente dos EUA, Donald Trump, para definir juros em um nível específico. “Serei tão independente quanto posso”, assegurou, durante evento do Clube Econômico de Nova York.
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Trump indicou Miran para um mandato-tampão até janeiro de 2026 na diretoria do Fed, enquanto pressiona por um relaxamento monetário mais agressivo. Na primeira reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) de que participou, na semana passada, Miran divergiu dos colegas ao votar por uma redução de 50 pontos-base na taxa básica. O dirigente indicou ainda que voltará a votar por um corte de 50 pontos-base na próxima reunião, em outubro.
Ainda no radar, está o acordo dos EUA com a China sobre o TikTok. O presidente Donald Trump afirmou que o acordo está “caminhando bem” para ser finalizado e anunciado oficialmente em breve, durante comentários à imprensa, no Salão Oval da Casa Branca.
Boletim Focus projeta Selic a 15% em semana de ata do Copom
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (22), as previsões para os principais indicadores econômicos, incluindo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic. Veja todas as projeções atualizadas nesta matéria.
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15% pela 13ª semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente decisão, na última quarta-feira (17).
“O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, disse em comunicado ao mercado, na última decisão de juros.
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 seguiu em 4,83%. A taxa está 0,33 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,5%.
Na semana, o mercado estará muito atento ao IPCA-15 e ao Relatório de Política Monetária para ajustar suas apostas sobre o início de corte da Selic. A ata do Copom pode trazer menos novidades.
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No campo político, após protestos em todo o Brasil contra a PEC da Blindagem, o governo Lula articula com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para barrar o texto, assim como a proposta da anistia.
Alcolumbre é o principal interlocutor do presidente no Centrão. Também para ajudar nas negociações no Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu não viajar com o presidente Lula para os EUA e cuidar de perto da pauta doméstica.
Agenda econômica da semana
Nesta segunda, a agenda trouxe o índice de atividade nacional dos EUA medido pelo Fed de Chicago. O indicador reduziu queda para 0,12 em agosto, ante 0,28 em julho. O dado de julho foi revisado para baixo, de queda de 0,19 originalmente.
A semana traz uma agenda cheia, com ata do Comitê de Política Monetária (Copom), Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) e Relatório de Política Monetária (RPM) no Brasil.
Além disso, nesta segunda começa a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Nova York e fará o discurso de abertura na manhã de terça-feira (23). Ele pode cruzar com o presidente dos EUA, Donald Trump, pela primeira vez desde a crise desencadeada pelo tarifaço.
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No Congresso, há a possibilidade de votação do projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) a salários de até R$ 5 mil. Além disso, o Senado deve votar na terça-feira (23) o Projeto de Lei Complementar (PLP) 168/2025, que viabiliza a medida provisória (MP) do pacote para socorrer as empresas afetadas pelo tarifaço dos Estados Unidos e tramita sob regime de urgência. Para quarta-feira (24), o Senado marcou a votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 108/2024, segunda parte da regulamentação da reforma tributária.
Lá fora, a expectativa está com o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre, na quinta-feira (25), e o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de agosto, na sexta-feira (26). Haverá também discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, na terça-feira (23).
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Luciana Xavier e Maria Regina Silva, do Broadcast