- A evolução da expectativa de vida era crescente no Brasil e as novas gerações vão se beneficiar dos ganhos alcançados nas últimas décadas
- A questão da maturidade faz toda diferença quando se faz uma (re)organização financeira, afinal, quem tem menos de 40 anos ainda tem uma lista enorme de estímulos para desviar o foco. Com 40+, a experiência ajuda a saber onde estão os escorregões financeiros
Entre tantos números desastrosos da covid-19, um estudo feito por pesquisadores das universidades de Harvard, Princeton, do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e Federal de Minas Gerais, no Brasil, identificou mais um retrocesso: a pandemia reduziu (até aqui) em dois anos a expectativa de vida do brasileiro, que passa a ser de 75 anos.
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A evolução da expectativa de vida era crescente no Brasil e as novas gerações vão se beneficiar dos ganhos alcançados nas últimas décadas – mesmo com essa baixa recente. Para se ter uma ideia, um cidadão nascido no País em 1970 tinha uma perspectiva de quase 59 anos de vida. Com os avanços da ciência, da medicina e da tecnologia, quem comemorou 50 anos recentemente está vivendo, neste momento, um prolongamento da vida. Se a jornada passou a ser mais longa, é preciso ter mais dinheiro. Mas qual é o tamanho da economia e a capacidade financeira dessa turma?
A maturidade já foi chamada de melhor idade e recentemente ganhou a definição de revolução prateada. Também pudera: o Instituto Locomotiva estima que esse mercado movimentou R$ 1,8 trilhão em 2020.
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Com tanto dinheiro circulando entre os 50+, é natural pensar que eles acumularam uma boa poupança para essa fase da vida, certo?! Não necessariamente. Até cinco anos atrás, os produtos financeiros disponíveis para formação de patrimônio eram limitados (embora a Taxa Selic fosse bem mais generosa). Além de uma oferta menor, não havia preocupação em ter um bom montante para a renda passiva – a previdência privada parecia ser o bastante.
“A má notícia é que um estudo recente mostrou que os 65+ gastam 3,5 vezes mais do que gastavam há 20 anos”, diz a consultora financeira Silvia Machado, que também é sócia da Paraty Investimentos. “Mas a boa notícia é que é mais eficiente fazer um planejamento a partir dos 40+, em razão da maturidade, do que com os 30+.”
Com uma carreira consolidada no mercado financeiro, construída no Banco Garantia, no Deutsche Bank e, claro, na Paraty, Silvia decidiu embarcar nesse projeto de educadora e planejadora financeira em meio à pandemia. O que a motivou? “Ouvi bastante ‘não dá mais tempo de poupar’, ‘vacilei, o que faço agora?’”, diz ela. “É para essa ‘turma’ que não sabe por onde começar que nasceu a consultora Silvia Machado.”
Não há, claro, uma limitação de idade nesse trabalho da Silvia. Mas a questão da maturidade faz toda diferença quando se faz uma (re)organização financeira, afinal, quem tem menos de 40 anos ainda tem uma lista enorme de estímulos para desviar o foco. Com 40+, a experiência ajuda a saber onde estão os escorregões financeiros. E ela dá um exemplo.
Com os filhos formados, um casal decidiu mudar o estilo de vida, conta Silvia. Eles queriam se programar para alugar o imóvel em São Paulo para morar no interior. Era preciso poupar R$ 2 mil por mês. “No primeiro mês foi difícil, mas depois conseguiram dobrar o valor, para R$ 4 mil”, afirma Silvia. O interessante nesse caso é que eles não só reduziram as despesas como bolaram maneiras de também gerar receita.
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É esse comprometimento que permite afirmar que a geração prateada tende a investir melhor. E não necessariamente porque ela tem mais dinheiro, mas porque se beneficiam das finanças comportamentais. Em vez de resolver o problema com o dinheiro quebrando a cabeça, nessa fase da vida a experiência troca a ansiedade pela tranquilidade, que é resolvida com uma conversa sincera entre um gole e outro de cerveja, de vinho ou com a bebida preferida do casal.
Você está se aproximando dos 50+ e precisa dar um jeito na sua vida financeira? Confira as cinco dicas da Silvia Machado:
Perfil de risco para os 50+
Mesmo com todo conhecimento acumulado, não dá para pular a etapa de conhecer o seu apetite ao risco e preencher o questionário API. Principalmente para quem ainda precisa poupar, afinal, não é possível dobrar o dinheiro no curto prazo. “É o que vai deixar você dormir bem e não o que rende muito ou rende pouco”, diz Silvia.
Fundo de reserva para os 50+
Dois pontos importantes no trabalho de Silvia Machado: nomear a reserva financeira como fundo e descartar a palavra emergência. A diferença parece sutil, mas faz parte do trabalho psicológico. Essa economia também pode servir para ajudar num empreendimento da família ou para um momento de curtição – desde que os valores sejam recompostos em seguida. “É para oportunidade ou emergência”, afirma a consultora financeira.
O segundo ponto é o tamanho desse fundo de reserva, que obrigatoriamente tem de estar em um investimento conservador, como CDB ou Tesouro Selic: 12 meses dos custos recorrentes. A justificativa é porque a vida dificilmente volta ao normal em menos de um ano – seja porque a recolocação no mercado de trabalho está demorada para quem foi demitido ou porque um período sabático para um MBA é superior a 6 meses (tempo médio usado pela maioria dos consultores).
“Um fundo de reserva não se faz em um dia. No primeiro mês é dolorido. Mas é preciso cumprir essa etapa antes de passar para o investimento”, diz Silvia.
Renda extra para os 50+
Embora a renda extra seja muito associada aos mais jovens, a criatividade joga a favor da geração prateada. A culinária, por exemplo, pode render saborosos rendimentos para quem sabe fazer um bolo de família ou um pão caseiro.
Além disso, nessa fase da vida, com os filhos crescidos, muitos quartos das casas das famílias ficam vazios. Por que não repetir o que os estrangeiros fazem com estudantes brasileiros e de outras nacionalidades e alugar o quarto para intercambistas?
Como economizar com 50+
Falei acima sobre os gastos maiores da geração prateada. Envelhecer cada vez melhor, com saúde, possibilita ter tempo para viajar, vida social ativa e cumprir cursos diversos. Tudo isso exige capital. Mas tem um que chega sem piedade: o aumento do plano de saúde. Ao completar 50 anos, o valor do seguro dobra. E com 59 anos existe uma nova barreira.
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A sugestão de Silvia Machado é se preparar para este momento com cinco anos de antecedência. Estudar a participação em planos coletivos, de sindicatos e associações, pode ser uma alternativa. Assim como a família criar uma empresa com muitas vidas, com filhos e netos, para ficar atrativo para a seguradora e baratear o custo. “Com calma, são opções legais. A única coisa que não pode fazer é mudar pro plano mais barato no susto”, diz ela, que reforça dizendo que com a idade o valor dos exames aumenta e esse tipo de troca pode sair mais custosa.
Onde investir com 50+
Embora a decisão de investimento tenha, necessariamente, de passar pelo perfil de risco, existe uma maneira de facilitar a compreensão sobre como dividir a formação dessa poupança com a combinação desses sete tipos de ativos: renda fixa (CDB; pré-fixados; IPCA – títulos públicos -; e indexados à inflação – fundos, debêntures, fundos imobiliários ou ETFs) e renda variável (dólar; multimercado – fundos de fundos, derivativos, commodities e câmbio de outras moedas -; e bolsa de valores – ações, ETFs).
Se um investidor tivesse feito essas escolhas e colocado 14,29% em cada um desses ativos, nos últimos cinco anos teria alcançado um retorno médio de 11,11% ao ano – até dezembro de 2020. Nos últimos 10 anos, a rentabilidade média dessa carteira teria sido de 10,04% ao ano. Isso porque em ciclos mais longos o desempenho de cada ativo oscila.
“É preciso pensar além de 24 meses e não comparar com o que aconteceu em um ano. No ano passado, por exemplo, a carteira do seu amigo que investiu só em Bitcoin foi multiplicada por 7”, afirma Silvia.
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