sem payroll, Ibovespa hoje fica à espera de fim do shutdown nos EUA. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje fechou em leve alta de 0,17%, aos 144.200,65 pontos, nesta sexta-feira (3). As atenções do mercado ficaram com a produção industrial brasileira. No exterior, o relatório de empregos (payroll) foi adiado com a paralisação do governo dos EUA.
O Índice Bovespa hoje se apoiou na operação positiva da maioria das bolsas de Nova York. Porém, a falta de motivadores dificulta um norte ao principal índice da B3 hoje. O tão esperado payroll não foi divulgado nos Estados Unidos, devido à paralisação da máquina pública do país, elevando incertezas sobre a política monetária norte-americana.
De todo modo, a expectativa de ao menos dois cortes dos juros nos EUA em 2025 tem permitido avanços do Ibovespa. Mesmo após recordes recentes, ganhos de 3,40% em setembro e de alta de quase 22% no ano até o último dia do mês passado, especialistas ainda veem espaço para que o Índice Bovespa avance mais cerca de 10% até o final do ano.
“Já começou a flexibilização de juros nos Estados Unidos, com promessa de ao menos mais dois cortes. Isso ajuda a atrair fluxo para mercados emergentes, não só para o Brasil”, diz Marcos Vinícius Oliveira, economista e analista sênior da ZIIN Investimentos.
Essa estimativa é amparada especialmente no ingresso de recursos internacionais, já que o investidor daqui está menos disposto ao risco, dadas as incertezas no Brasil.
“O risco fiscal está na mesa. Por isso, mesmo com os recordes, o clima não é de festa. A questão [da isenção] do IR já trazia essa preocupação, o que acaba limitando maiores altas do índice e mantendo o desconto no valuation (valor do ativo) frente a pares emergentes”, observa Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter.
No Brasil, as dúvidas fiscais permanecem mesmo após o governo conseguir aprovação por unanimidade da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, enquanto a produção industrial com alta de 0,8% em agosto, acima da esperada, pode aumentar dúvidas sobre o início da queda da Selic..
No geral, os dados de produção industrial ainda sugerem atividade resistente, mesmo no momento de política monetária restritiva, o que pode dificultar as apostas de início da queda da Selic em breve. Assim, os juros têm viés de alta.
Entre as commodities, os ganhos do petróleo Brent (1,08%) sugerem um pregão positivo para o Índice Bovespa. Já o minério de ferro não teve operação devido ao feriado da “Semana Dourada” do Dia Nacional da China, também conhecida como Golden Week.
No câmbio, dólarhoje fechou praticamente estável, com alta de 0,05% ante o real, a R$ 5,33366.
Ibovespa hoje: os destaques desta sexta-feira (3)
Bolsas globais fecham mistas sem payroll no 3º dia de paralisação dos EUA
No terceiro dia de paralisação do governo dos EUA, investidores ponderam os efeitos sobre a economia e a política monetária. As bolsas de Nova York fecharam na maioria em alta, sugerindo continuidade dos ganhos diante da percepção de impacto limitado do shutdown. O atraso do payroll aumenta incertezas, enquanto PMIs de serviços e falas de membros do Fed estão no radar.
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O índice Dow Jones avançou 0,51%, aos 46.758,28 pontos, em um novo recorde de fechamento. O S&P 500 encerrou o pregão em alta de 0,01%, nos 6.715,79 pontos, também em nova máxima, enquanto o Nasdaq caiu 0,28%, encerrando em 22.780,51 pontos. Na semana, os índices subiram 1,10%, 1,08% e 1,31%, respectivamente.
A Oxford Economics ressalta que dados privados de emprego ajudam como referência, mas não substituem o payroll. Analistas veem o dólar hoje mais volátil, já que a paralisação dificulta apostas sobre cortes de juros, enquanto os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) seguem sem direção única.
Levantamentos privados mostram sinais mistos. A consultoria britânica projeta 85 mil novas vagas e taxa de desemprego em 4,3%, mas destaca perda de fôlego na criação de postos de trabalho pela menor imigração líquida.
Na Europa, as bolsas fecharam na maioria em alta com PMIs da Alemanha e da zona do euro na faixa de expansão econômica, ainda que abaixo das projeções do mercado.
Produção industrial sobe em agosto com produtos farmacêuticos
Produção industrial do País ganha destaque no Ibovespa hoje. (Foto: Adobe Stock)
A produção industrial subiu 0,8% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço ficou acima da mediana das projeções colhidas pelo Projeções Broadcast, de 0,3%, com intervalo entre queda de 0,6% a uma alta de 1,2%.
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Em relação a agosto de 2024, a produção caiu 0,7%. Na passagem de julho para agosto de 2025, três das quatro grandes categorias econômicas e 16 dos 25 ramos industriais pesquisados apontaram avanço na produção.
Entre as atividades, as influências positivas mais importantes foram assinaladas por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,8%) e produtos alimentícios (1,3%), com a primeira acumulando expansão de 28,6% em quatro meses consecutivos de crescimento; e as duas últimas marcando dois meses seguidos de avanço na produção, período em que acumularam ganhos de 2,7% e 2,4%, respectivamente.
O aumento maior que o previsto na produção industrial em agosto, na margem, mostrou que o desempenho do setor é heterogêneo, com avanço puxado pelos bens de consumo e intermediários, mas com “o elo fraco” sendo o investimento, refletido na queda de bens de capital, segundo Leonardo Costa, economista do ASA.
“Esse resultado não altera a expectativa de desaceleração da atividade doméstica na segunda metade de 2025”, acrescentou Costa.
Isenção de títulos retorna à Câmara
Há também as repercussões da retomada da isenção de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCDs). A medida visa viabilizar um acordo para votação da alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que previa tributar esses títulos em até 7,5%, mas enfrentou forte resistência na Câmara.
A agenda econômica desta sexta-feira (3) não contou com a divulgação do relatório de empregos (payroll) nos Estados Unidos, suspensa pela paralisação do governo. No Brasil, o foco do Ibovespa hoje recaiu sobre a produção industrial de agosto, em meio aos efeitos dos juros elevados e do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos exportadores locais.
Ainda na agenda local, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua em Belém, onde visitou obras da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30) e embarca para São Paulo no início da tarde.
No exterior, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços dos EUA caiu de 54,5 em agosto para 54,2 em setembro, segundo pesquisa final da S&P Global divulgada nesta sexta-feira. O resultado definitivo de setembro, porém, ficou acima da leitura preliminar e da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 53,9 em ambos os casos.
Já o PMI de serviços medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu para 50 em setembro, ante 52 em agosto, segundo pesquisa divulgada pelo ISM nesta sexta-feira. O resultado de setembro ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam manutenção do índice em 52.
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Em paralelo, há esperanças de que o Senado retome as negociações do orçamento do governo Trump e avance em um acordo para encerrar o shutdown.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast