Exterior mostra cautela e balanços ficam na mira local em véspera de decisão do Copom. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje perdeu o fôlego e passou a operar em leve alta, depois de alcançar nova máxima histórica mais cedo, aos 150.887,55 pontos. Por volta das 13h55 (de Brasília) desta terça-feira (4), avançava 0,02% aos 150.484,83 pontos. As atenções do mercado estão em dados da produção industrial brasileira e no primeiro dia de Comitê de Política Monetária (Copom), além da temporada de balanços.
No começo da tarde, o maior índice acionário brasileiro emplacou uma série de máximas, motivadas principalmente por grandes bancos. Com exceção de Itaú (ITUB4/-0,4%), as ações do setor bancário avançavam entre 0,06% (Bradesco ON) e 0,48% (Unit de Santander). O Itaú divulga balanço após o fechamento da B3. “Acho que o balanço deve vir positivo. O problema é que o mercado já está bem otimista com o resultado”, diz Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Na última sessão, o Ibovespa atingiu pela primeira vez a marca simbólica dos 150 mil pontos, estimulado pelo avanço das bolsas norte-americanas e pela perspectiva de sinal de corte da Selic à frente no comunicado do Copom de amanhã.
No campo macroeconômico, o destaque do dia é a produção industrial. Houve queda de 0,4% em setembro após alta de 0,7% em agosto (dado revisado), idêntica à mediana das expectativas. O dado não deve alterar as apostas de manutenção da Selic em 15% na decisão do Copom desta quarta-feira, segundo analistas.
Em paralelo, a temporada de balanços no Brasil ganha força e tende a conduzir o pregão. A Embraer (EMBR3) publicou balanço do 3º trimestre antes da abertura da B3, que mostrou uma queda de 76% no lucro líquido ajustado, enquanto Itaú e CSN (CSNA3) divulgam após o fechamento.
Nos Estados Unidos, pesam no sentimento incertezas sobre futuros novos cortes dos juros básicos americanos e a paralisação do governo Trump. O shutdown entrou hoje em seu 35º dia, e se iguala ao recorde da paralisação de 2018-2019.
No câmbio, o dólar hoje se valoriza ante moedas fortes e ante o real. Às 14h11 (de Brasília), a moeda americana subia 0,54%, a R$ 5,387 na venda.
Ibovespa hoje: os principais assuntos do mercado de ações nesta terça (4)
Bolsas globais recuam com incertezas sobre juros e shutdown americanos
Os índices de Nova York caem nesta terça-feira, pressionados por incertezas sobre novos cortes de juros nos EUA, e o tombo das ações da Palantir Technologies.
O shutdown do governo Trump, que hoje entrou em seu 35º dia, igualando o recorde da paralisação de 2018-2019, também pesa no sentimento.
O líder da maioria no Senado, John Thune (Republicano), disse que não há votos para encerrar o filibuster (mecanismo legislativo que permite prolongar debates e atrasar votações no Senado) e alertou que “não há vencedores” na paralisação. O presidente da Câmara, Mike Johnson (Republicano), relatou conversa com o presidente Donald Trumpsobre o Programa de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), afetado pelo shutdown.
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A diretora do Fed, Lisa Cook, afirmou que a paralisação distorce dados econômicos, mas não altera o tom “moderadamente restritivo” da política monetária.
Na Europa, as Bolsas fecharam majoritariamente em queda. Destaque negativo, a Telefónica tombou 12,67% em Madri, depois de anunciar que cortará pela metade os dividendos de 2026.
Copom se reúne para definir a taxa Selic
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participou nesta terça-feira, das 10h às 12h, da primeira sessão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A reunião continua à tarde, das 14h às 17h30.
Trata-se da primeira sessão da reunião, que definirá o rumo dos juros amanhã. A expectativa do mercado é de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, como já indicava o Boletim Focus desta semana.
Produção industrial recua em setembro após alta em agosto. (Foto: Adobe Stock)
A produção industrial caiu 0,4% em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal. O resultado foi igual à mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que iam de queda de 0,9% a alta de 0,2%.
A produção industrial de setembro reforça a leitura de que a indústria está em um movimento de transição para um quadro estável no quarto trimestre, avalia o economista do ASA Leonardo Costa.
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Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, apesar da alta registrada em setembro, os dados dos últimos meses indicam que o segmento de bens de capital, ligado a investimentos em máquinas e equipamentos, vem perdendo força.
“A desaceleração da indústria ao longo deste ano é um dos sinais de que a economia brasileira, de maneira geral, deve crescer menos do que em 2024. Essa perda de fôlego é reflexo dos juros altos, que tendem a reduzir o espaço para novos investimentos e limitar o crescimento da atividade econômica. Nossa expectativa é de que o PIB cresça 2% em 2025 e 1,5% em 2026.”, projeta Moreno.
Agenda econômica do dia
Na agenda econômica, a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Bloomberg Green Summit ficou na mira dos investidores. “Não tem como sustentar 10% de juros real. Com inflação a partir de 4,5%, você vai sustentar um juro (básico, Selic) a 15%?”, disse na ocasião.
O ministro afirmou que o Brasil está em uma situação melhor do que analistas afirmam. “Economia é indicador e eles parecem não prestar atenção nos indicadores”, sinalizou.
Ainda na agenda, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deve votar o Projeto de Lei 5.473/2025, que dobra a taxação de bets e eleva a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de instituições financeiras.
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Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com ministros em Belém (PA) em meio aos preparativos da COP30.
Mais cedo, o Tesouro realizou leilões de venda de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros).
No exterior, as atenções se voltam para declarações da vice-presidente de supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Michelle Bowman, após divergências sobre o rumo dos juros entre integrantes do BC americano.
Bowman comentou sobre aspectos de regulação do sistema financeiro e destacou que o tema deve ser abordado de maneira “muito pragmática e prática”, ao participar de painel da Conferência Internacional do Santander, nesta terça-feira.
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“Nos EUA, ressalto a importância de ter certeza de ter o nível apropriado e escrutínio de regulação e supervisão para a complexidade de risco e tamanho adequados de uma instituição financeira”, acrescentou.
Na ocasião, Bowman não comentou política monetária ou perspectivas econômicas que pudessem sinalizar a trajetória das taxas de juros do Fed.
Devido à paralisação do governo dos EUA, o relatório Jolts (relatório sobre a abertura de novas vagas de trabalho), a balança comercial e as encomendas à indústria no país não devem ser divulgados. Balanços da AMD, Super Micro Computer e da seguradora AIG serão publicados após o fechamento das bolsas em Nova York.
No final do dia, a China divulga Índices de Gerentes de Compras (PMIs) composto e de serviços de outubro.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Fernanda Bompan, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast