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Comportamento

Quando o mercado fica difícil, os investidores recorrem a este filme

A produção 'Margin Call' destilou a angústia da crise financeira de 2008 e serve de referência até hoje

Quando o mercado fica difícil, os investidores recorrem a este filme
O ator Kevin Spacey (Foto: Reuters / Eloy Alonso)
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  • Dez anos depois de seu lançamento, os investidores ainda retornam ao filme quando o pânico toma conta dos mercados
  • Os dados de um sistema de gerenciamento de contas que rastreia a receita da exibição do filme tendem a aumentar em tempos de volatilidade do mercado
  • O filme foi "bastante certeiro" ao retratar a realidade de Wall Street em 2008. A forma como o risco do subprime foi mal compreendido e os problemas em uma parte do negócio de repente se multiplicaram rapidamente para destruir a instituição

(Thomas Pfeiffer e Tracy Alloway/WP Bloomberg) – A carreira de J.C. Chandor como roteirista estava em declínio quando ele escreveu “Margin Call – O dia antes do fim” para registrar o momento de revirar o estômago quando as apostas altamente alavancadas de um banco de investimento desmoronam.

O filme, com Stanley Tucci, Kevin Spacey e Zachary Quinto, destilou a angústia da crise financeira de 2008 e provou contra todas as probabilidades que há um potencial dramático em títulos hipotecários, levando Chandor à fama.

Dez anos depois de seu lançamento, os investidores ainda retornam ao filme quando o pânico toma conta dos mercados. Os dados de um sistema de gerenciamento de contas que rastreia a receita da exibição do filme tendem a aumentar em tempos de volatilidade do mercado, disse Chandor à Bloomberg News em uma entrevista.

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“Eu sempre brinco com meus produtores que se pudéssemos rastrear as visualizações de ‘Margin Call’ nos 50 melhores hotéis executivos do mundo, provavelmente poderíamos fazer algumas apostas decentes em relação a quando os problemas estivessem no horizonte”, disse ele.

Quando um jovem analista de risco se depara com grandes perdas acumuladas por investidores de um banco não identificado de Nova York, seus gerentes percebem sua escolha desagradável: fazer uma venda instantânea de títulos sem valor e destruir a reputação do banco na comunidade de investimentos, ou manter os ativos e ver o banco quebrar.

“Eu não tinha ideia de quão grande ele se tornaria – que quando meu filme fosse lançado, em 2011, as pessoas estariam protestando nas ruas com o movimento “Occupy” e os mercados teriam que ser salvos do jeito que estavam. Eu estava um pouco à frente da história real”, disse Chandor.

O filme foi “bastante certeiro” ao retratar a realidade de Wall Street em 2008, disse o estrategista de mercado global do Citigroup, Matt King. A forma como o risco do subprime foi mal compreendido e os problemas em uma parte do negócio de repente se multiplicaram rapidamente para destruir a instituição.

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“A história está repleta de exemplos de mercados se movimentando muito mais do que as pessoas imaginavam e grandes somas sendo feitas ou perdidas como resultado: basta olhar para o Archegos ou a GameStop”, disse King, cujo artigo de 2008 “Os corretores estão quebrados?” previu a queda do Lehman Brothers.

Chandor começou a escrever o roteiro naquele ano depois que o Bear Stearns foi vítima da crise das hipotecas subprime. O desafio era fazer com que o público se preocupasse com o destino dos protagonistas em um momento em que a reputação dos banqueiros de investimento estava em frangalhos. Sua resposta: “mantenha o filme real e humano.”

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Ele conhecia o mundo dos bancos desde que visitou o pregão do Merrill Lynch com seu pai, que trabalhou lá por 40 anos. A pesquisa para o filme envolveu visitas ao antigo andar de Salomon no Citi para dar aos atores a sensação de uma verdadeira sala de negociações.

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O mais próximo que o filme chega de uma apologia à crise é quando Will Emerson, um corretor de crédito interpretado por Paul Bettany, insiste que o banco está simplesmente encontrando maneiras de dar ao mundo o que ele quer – acesso a dinheiro barato.

“Esse tipo de hipocrisia é algo que, pessoalmente, acho fascinante e estou sempre tentando explorar”, disse Chandor. “É uma questão de: a culpa é do sistema, das pessoas que operam dentro de um sistema específico, ou do restante de nós que permite que o sistema exista e nos beneficiamos dele, mesmo que discordemos dele?”

O filme retorna a um tema bem usado quando Hollywood retrata Wall Street – o dinheiro é tão abstrato que trabalhar com ele acaba sendo um jogo. Em uma das falas mais icônicas do filme, o cortês CEO do banco, John Tuld, interpretado por Jeremy Irons, explica por que o personagem de Spacey deveria sacrificar sua carreira para salvar o banco.

“É apenas dinheiro”, diz ele. “Pedaços de papel com fotos para que não tenhamos que nos matar para conseguir algo para comer.”

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(Tradução de Romina Cácia)

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