O enfraquecimento do índice ocorre em meio à fraqueza das bolsas de Nova York e virada para o negativo das ações da Vale (VALE3) e de alguns grandes bancos na B3, caso de Bradesco (BBDC4). A mineradora agora recua 0,13%, enquanto o banco opera estável.
Os investidores adotam cautela antes das decisões sobre juros no Brasil e nos EUA, na quarta-feira. Para o Itaú Unibanco, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic em 15% ao ano, mantendo uma comunicação “flexível”. O Banco vê um primeiro corte do juro básico acontecendo em janeiro, com queda de 0,25 ponto porcentual, e uma taxa em 12,75% ao longo de 2026.
Em linha com o Focus de hoje, a expectativa é que o Copom mantenha a Selic em 15% ao ano na quarta-feira. Contudo para 2026, a mediana das projeções para o juro básico subiu de 12,0% para 12,25%. Já a estimativa mediana para o IPCA fechado em 2025 foi de 4,43% para 4,40%, abaixo do teto da meta (4,50%).
A despeito da queda recente do Índice Bovespa e da moderação da alta hoje, a análise gráfica ainda indica dinâmica positiva ao indicador. Segundo o Itaú BBA, o cenário é de alta e, por ora, não há motivo para dizer que o mercado perdeu a força compradora.
Repercute também a possibilidade de saída de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) da disputa. Para isso, quer o pai livre, nas urnas. “Com a ameaça dele de tirar a candidatura, o mercado respira um pouco mais aliviado”, pontua o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, ressaltando que uma melhora sustentável dos ativos ocorreria com a entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) à disputa eleitoral.
Na sexta-feira (5), o Índice Bovespa tocou a marca inédita dos 165 mil pontos, mas depois chegou a perder cerca de 8 mil pontos, diante dos temores políticos.
Segundo avalia Silvio Campos Neto, economista sênior da Tendências Consultoria, como há indício de que sua candidatura não é definitiva, isso deve ajudar na recuperação dos ativos, “com destaque ao Ibovespa, que retornou para os 157 mil pontos, e o câmbio, que encerrou a sexta em R$ 5,43/US$”, cita em nota. O dólar hoje cai o,86% ante o real, a R$ 5,39.
A perda de fôlego do Índice também se baseia no desempenho das commodities – com o recuo de 1,43% do minério de ferro e de cerca de 0,90% do petróleo.
Entre as notícias empresariais, destaque ao Banco do Brasil. A B3 concedeu, em caráter excepcional, mais prazo para a instituição adequar a composição de seu Conselho ao regulamento do Novo Mercado. A adequação agora deve ser realizada até 30 de abril de 2026. Já o Grupo Pão de Açúcar assinou contrato para vender sua participação na Financeira Itaú CBD (FIC) ao Itaú Unibanco por R$ 260,1 milhões – veja a matéria completa aqui.
Ibovespa hoje: os principais destaques do mercado de ações nesta segunda-feira (8)
Bolsas globais operam sem direção única à espera da decisão do Fed
Os índices de Nova York operam em queda à espera da decisão do Fed. A ferramenta FedWatch, do CME, aponta 87% de chance de corte de 25 pontos-base, com os juros hoje entre 3,75% e 4%. O Commerzbank prevê redução com maior peso ao mercado de trabalho.
Os Treasuries (títulos da dívida estadunidense) têm leve alta. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, projeta crescimento real de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) no país. Analistas do First Abu Dhabi Bank alertam para o risco de retorno da inflação em 2026.
O governo dos EUA deve anunciar um pacote de US$ 12 bilhões em ajuda ao setor agrícola, afetado por preços baixos das safras e pelo impacto das tarifas impostas pelo próprio país.
Na Europa, as bolsas operam sem direção e o destaque é a alta da Bolsa de Frankfurt e do euro após o avanço inesperado da produção industrial alemã em outubro.
O mercado também repercute ataques russos na Ucrânia e falas do presidente dos EUA, Donald Trump, de que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “não está pronto” para aprovar uma proposta de paz elaborada pelos EUA.
Focus reduz IPCA abaixo da meta para 2025
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 4,43% para 4,40%. A taxa está 0,1 ponto porcentual abaixo do teto da meta, de 4,50%. Há um mês, era de 4,55% Considerando apenas as 104 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a medida passou de 4,42% para 4,38%.
Já a mediana mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 15% pela 24ª semana consecutiva, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido os juros neste nível na mais recente decisão, em 5 de novembro.
O que mais repercute no Ibovespa hoje
Os mercados devem passar por correção após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sinalizar que pode abrir mão da pré-candidatura ao Planalto em troca de apoio político, incluindo o respaldo do Centrão à anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A rápida mudança de discurso reforça a percepção de que o anúncio da pré-candidatura na sexta-feira, que devastou o Ibovespa, dólar e juros, foi uma manobra para ampliar o poder de barganha da família.
Em entrevista à TV Record, Flávio afirmou que o “preço” para desistir seria ter o pai “livre e nas urnas”. Disse ainda que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o principal “cara do time” e que crê na reeleição dele em São Paulo.
Com a chance de Selic mantida em 15% e possível corte de juros nos EUA nesta semana, o cenário pode favorecer real, bolsa, entrada de capital externo e queda dos juros longos.
Agenda econômica da semana
Nesta segunda, saem o Relatório Focus e a balança comercial semanal. O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton Santos, participa de sessão do Comitê de Decisão de Processo Administrativo Sancionador. O Tribunal de Contas da União realiza sessão extraordinária com o edital do Tecon10 na pauta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da 14ª Conferência Nacional de Assistência Social.
O Copom se reúne na terça (9) e quarta (10), quando sai também o IPCA de novembro; na quinta (11), as vendas do varejo de outubro; e na sexta (12), o volume de serviços. O Senado deve votar na terça a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Marco Temporal.
Na quarta, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado discute o projeto que atualiza a lei de impeachment de ministros do STF.
A decisão do Fed será na quarta-feira, seguida por coletiva de Powell. O Relatório de abertura de vagas (Jolts) nos EUA em outubro e a inflação ao consumidor e ao produtor da China em novembro serão publicados na terça; o índice de custo de emprego americano no 3º trimestre, na quarta.
A Agência Internacional de Energia (AIE) e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) publicam relatório mensal de petróleo na quinta. Também participam de eventos os presidentes do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda (terça), do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde (quarta) e do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey (quinta).
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Silvana Rocha e Luciana Xavier, Broadcast