Investir vai além do dinheiro: escolhas feitas hoje definem o legado deixado para as próximas gerações. (Foto: Adobe Stock)
Encerrar o ano me faz revisitar a pergunta mais importante da minha trajetória como investidora: o que estamos deixando para quem vem depois? Na minha visão, investir não é apenas analisar números, assinar contratos ou desenvolver estratégias. Investir é decidir o que queremos perpetuar. Sempre que fazemos escolhas, em qualquer área da vida, estamos investindo tempo e energia.
2025 marcou minha entrada como sócia da Future Climate, empresa que atua na geração de créditos de carbono e em soluções para reduzir emissões. Foi um investimento que reforça o que eu acredito sobre legado, porque me lembrou que o futuro respira o ar que deixamos hoje.
Quando compreendi a lógica do carbono, algo simples me atravessou: cada tonelada que deixamos de emitir é uma decisão sobre o mundo em que nossos filhos e netos vão viver. É o tipo de retorno que não aparece na conta bancária, mas aparece no clima, na biodiversidade, na qualidade de vida, no que ainda poderá florescer.
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E essa reflexão se conecta com o que acredito sobre investimento: não existe rendimento que compense a ausência de propósito. Se o capital prospera, mas as pessoas e o planeta adoecem, crescemos para onde?
Muitos ainda relacionam legado ao que é material: imóveis, heranças, empresas que sobrevivem ao tempo. Mas o maior legado é o que permanece invisível e transforma silenciosamente — conhecimento compartilhado, valores transmitidos, cuidado com o ambiente, portas abertas para quem precisa de oportunidades.
Neste ano, eu vi negócios crescerem porque contrataram melhor; vi empreendedores prosperarem porque aprenderam a cuidar do próprio tempo; vi empresas ganharem valor porque olharam para pessoas antes de olhar para métricas.
E aprendi, de novo, que investimento também é atenção, escuta, saúde, cidadania, educação, sustentabilidade, rede de apoio. É investir em gente para que, um dia, essas pessoas transformem o mundo.
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Quem me vê no Shark Tank Brasil pode imaginar que minha rotina gira em torno de cheques e negociações. Mas não existe aporte capaz de substituir confiança, decisão e presença.
E é isso que quero carregar para os próximos anos: investir tempo em quem está construindo algo valioso; investir energia onde a vida floresce, não só onde o lucro aparece; investir conhecimento para que negócios sejam mais sustentáveis e as pessoas, mais livres; investir em modelos que diminuam emissões e aumentem possibilidades. Porque, no fim, tudo o que realmente importa exige investimento, mesmo quando não envolve dinheiro.
Não sei qual será a marca exata que deixarei, mas sei que quero deixar um mundo mais possível: com empresas que respeitem pessoas, com empreendedores mais preparados, com crianças que aprendam sobre finanças antes de aprender sobre dívida, com florestas que continuem em pé e com uma atmosfera mais limpa do que a que encontramos.
Se há algo que 2025 me ensinou é que todo investimento é uma escolha sobre o futuro, até os que fazemos em silêncio. E, quando penso em 2026, me acompanham duas certezas: quero seguir investindo em negócios que transformem vidas e quero seguir investindo em vidas para transformar negócios, porque dinheiro vai e volta, mas o legado fica.
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E olhando para o Brasil, existe uma semente que precisamos cultivar com mais força: a autoestima. Somos um país que muitas vezes esquece do próprio valor, da criatividade que nos move, da resiliência que nos forma, da capacidade de inovar mesmo quando falta tudo. Investir em nós também é reconhecer que o Brasil não é promessa, mas sim uma grande potência. Falta apenas acreditarmos com mais convicção naquilo que já somos.
O mundo inteiro olha para nossas florestas, nossa cultura, nossa biodiversidade, nossa tecnologia emergente, nosso talento empreendedor. Talvez seja hora de olharmos também. Talvez seja hora de investirmos mais em confiança, preparo, ambição saudável e consciência ambiental, tudo ao mesmo tempo.
Construir um país mais próspero não é tarefa só de governos ou empresas: é responsabilidade compartilhada. Cada decisão individual compõe um investimento coletivo, desde o que consumimos até como conduzimos nossos negócios; desde o que ensinamos às crianças até o que protegemos como sociedade.
E agora, na virada do ano, eu deixo uma pergunta que serve para mim e, talvez, também para você: em 2026, no que você quer realmente investir? Nas horas que fortalecem vínculos? Nos negócios que deixam marca? Na saúde que permite sonhar mais longe? Na educação que muda destinos? Na natureza que sustenta tudo? Nas pessoas que você quer ver florescer?
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No fundo, a grande decisão não é se vamos investir, mas onde. E o mundo que deixaremos começa exatamente nas boas decisões de investimento. Feliz 2026!