- Como em qualquer investimento, há riscos de apostar em bitcoin, mas, em alguns casos, a rentabilidade compensa
- O que garante a segurança das transações é um sistema tecnológico complexo denominado blockchain, que é um banco de dados distribuído e descentralizado que usa criptografia de ponta a ponta. Dessa forma, as informações que "navegam" no blockchain não podem ser interceptadas e modificadas sem a chave da criptografia
- O bitcoin é, sem dúvida, uma tecnologia transformadora, mas ela apresenta riscos e é indicada a pessoas dispostas a lidar com sua volatilidad
(Carlos Pegurski, Especial para o E-Investidor) – Imagine uma moeda sem regulação que funciona livremente pela internet, não opera na economia de nenhum país, não tem um Banco Central ou uma Casa da Moeda para emiti-la e não há um ministro da Economia que defina as suas políticas. Além disso, não tem lastro no ouro, no dólar ou em qualquer outro padrão conhecido: é definida apenas por compra e venda. Essa moeda é o bitcoin.
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A mais famosa criptomoeda do mundo tem atraído uma série de novos investidores interessados na sua rentabilidade e liquidez. Como em qualquer investimento, há riscos de apostar em bitcoin, mas, em alguns casos, a rentabilidade compensa. Quem investiu US$ 570 em maio do ano passado, por exemplo, poderia sacar hoje o equivalente a aproximadamente US$ 58 mil.
Ficou interessado? Então conheça tudo sobre o assunto, desde como o bitcoin funciona até as melhores e mais seguras formas de investir nessa moeda.
O que é o bitcoin e como funciona?
Em termos simples, o bitcoin é uma moeda digital assegurada por criptografia — tecnologia que permite a compra e a venda diretamente por meio da internet, com segurança. Criada em 2008, foi a primeira entre as criptomoedas e desde então tem gerado cada vez mais interesse.
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Atualmente, o bitcoin pode ser usado para investimentos ou transações comuns.
O que garante a segurança das transações é um sistema tecnológico complexo denominado blockchain, que é um banco de dados distribuído e descentralizado que usa criptografia de ponta a ponta. Dessa forma, as informações que “navegam” no blockchain não podem ser interceptadas e modificadas sem a chave da criptografia — e qualquer mudança fica armazenada em diferentes bancos de dados.
Por conta da segurança empregada nesse sistema, ele abriga a mineração de bitcoins (a obtenção da moeda) e garante o controle de sua negociação de forma estável e descentralizada. Assim, ninguém, nenhuma empresa ou governo pode parar a rede de forma arbitrária.
Isso difere o investimento na criptomoeda de transações na bolsa de valores, por exemplo, já que na B3 (bolsa brasileira), várias quedas seguidas, se consideradas atípicas pelo sistema, causam um circuit breaker e paralisam as negociações. No caso dos bitcoins, não há limite para altos e baixos.
Para fazer um investimento nesta moeda basta procurar uma exchange, empresa online que intermedeia a compra de bitcoin, e fazer um cadastro para transferir o valor referente ao aporte desejado. Simples assim. Vender o criptoativo também é rápido e fácil, com liquidez quase imediata (sobretudo em casas maiores), o que ajuda a explicar a popularização da moeda.
Por que investir em bitcoins?
Em geral, os interessados procuram os bitcoins para investimentos. Afinal, como o único elemento que regula o preço da criptomoeda é a lei de oferta e procura (diferente de moedas nacionais, em que o governo tem uma série de dispositivos para controlar o valor da moeda), o bitcoin é fortemente impactado pela especulação. Essa volatilidade significa mais riscos, e também mais cifras.
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Para Rael Dill de Mello, que tem nesse assunto o tema de sua pesquisa de doutorado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, além da autorregulação, outra motivação para investir em bitcoin é uma visão positiva sobre seu futuro — há quem especule que o bitcoin e outras criptomoedas possam substituir as moedas estatais, hegemônicas hoje.
Se bitcoins são seguros, por que há fraudes?
Bitcoins são um bom investimento, mas também são fáceis de serem fraudados, o que exige alguns cuidados ao investir na moeda. Escolher uma boa exchange é o primeiro passo.
Segundo Mello, a liberdade da moeda é sua vantagem, mas deve ser também a maior fonte de preocupação. Em razão da volatilidade, há picos de valorização da moeda que podem surpreender iniciantes e fazer eles aportarem valores altos na expectativa de retorno rápido, fácil e seguro — o que nem sempre ocorre.
Porém, o principal risco se refere a esquemas de pirâmides. No Brasil, já aconteceram diversos casos de supostas corretoras que prometiam ótimo retorno e usavam o dinheiro do aporte para operações fraudulentas.
Quais são os principais mitos sobre bitcoins?
O bitcoin é, sem dúvida, uma tecnologia transformadora, mas ela apresenta riscos e é indicada a pessoas dispostas a lidar com sua volatilidade. Portanto, é preciso ter cuidado com os mitos que envolvem a área para investir tendo eles em vista.
Conheça os três principais mitos do investimento em bitcoin, apontados pelo pesquisador da UTFPR:
- Mito da inovação: algumas propostas apresentam a blockchain como a grande explicação para os ganhos que a pessoa pode ter com o bitcoin. Associam o potencial dessa tecnologia (que de fato é inovadora e garante a consistência de dados, mas não lucratividade) a rendimentos mágicos.
- Mito da individualidade: em treinamentos de trades, é comum se vender o argumento de que bons atributos pessoais são a diferença para conseguir lucro. Assim, disciplina, disposição de estudar e controle emocional seriam a chave para o enriquecimento. O sucesso ou o fracasso, portanto, repousariam sobre o caráter do trader. Tudo isso pode ser importante, mas tal como em outros mercados há fatores estruturais a serem considerados, como a atuação de grandes monopólios e de baleias do mercado (investidores que, pelo tamanho, afetam o ambiente de investimento).
- Mito da liberdade: é comum que, para atrair investidores, oponham-se características do sistema estatal aos bitcoins. Assim, as criptomoedas permitiriam um negócio democrático, participativo, coletivo etc. De fato, a rede de blockchain funciona de maneira descentralizada, mas o poder de atuação permanece na mão de poucos, como empresários que se especializam na mineração de bitcoins e que têm poder de criar tendências de alta ou baixa quando compram ou vendem grande quantidade de ativos.
O que fazer para investir com segurança?
Como você pode perceber, há uma série de cuidados a se tomar, mas o bitcoin pode sim ser uma opção de investimento. Confira alguns passos para se investir com segurança nessa moeda:
- Crie um plano de investimento, caso ainda não tenha. Este deve considerar uma cartela diversificada de investimentos de forma que não o exponha a riscos que a sua realidade financeira não comporta. Por exemplo, se você tem R$ 10 mil reais para investir, e esse é seu primeiro movimento, pode colocar o valor em um título seguro e usar o rendimento para investir em projetos mais voláteis, como o bitcoin. O Tesouro Direto é uma boa opção e, caso não queira esperar o prazo do vencimento dos títulos, pode escolher um título com rendimentos semestrais.
- Estude o assunto. Informação é a principal matéria-prima do mundo financeiro e, no caso dos bitcoins, não é diferente. Isso é importante sobretudo para estar de olho nas tendências da moeda, que tem uma oscilação fortíssima.
- Escolha uma exchange de confiança. Para isso, estude sobre a empresa, procure sobre a reputação dela na internet. Considere essa pesquisa um investimento. Há muitos grupos sérios fazendo um ótimo trabalho e é fundamental estar amparado por uma empresa sólida.
- Escolha um bom momento para comprar os criptoativos. É melhor comprá-los em um momento de baixa e vendê-los em um momento de alta. Por isso, acompanhe as tendências e saiba quando entrar no jogo.
- Saiba o que você deseja com o investimento para não ceder à tentação de vendê-lo antes da hora. Tenha uma meta para seus ativos e persista nela.