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- Investimento, por definição, é tudo aquilo que nos ajuda a acumular patrimônio e trazer renda no futuro. Um carro começa a perder valor no momento que sai da concessionária
- O problema vem quando usamos a nossa racionalidade para criar desculpas que justifiquem os nossos desejos – e as frases da minha coleção são exemplos disso
Tem quem colecione moedas, selos, livros. Eu gosto de colecionar frases – mais especificamente, justificativas. Estas são as pérolas da minha coleção:
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“Vale a pena!”
“É pra isso que eu trabalho!”
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“Mas é um investimento!”
“Depois eu dou um jeito…”
Quem nunca se viu na posição de lançar mão de uma delas? Na hora, faz todo sentido. Afinal, aquele relógio que está com 50% de desconto parece realmente barato. O problema é que a promoção é só a metade da equação – quando alguém diz que a compra vale a pena, geralmente esquece de olhar para a sua conta corrente e ver se tem dinheiro mesmo para aquela compra.
Você pode merecer, sim, trocar de celular por um modelo mais novo, mas ninguém merece cair no vermelho por besteira.
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Nós criamos justificativas para tudo – e essa é justamente a questão. Se conseguimos encontrar uma resposta racional para um dilema (compro ou não?), tomamos a decisão sem peso na consciência.
Só que é assim que começamos a nos enganar. É o caso da pessoa que decide trocar de carro dizendo que se trata de um investimento. Investimento, por definição, é tudo aquilo que nos ajuda a acumular patrimônio e trazer renda no futuro. Um carro começa a perder valor no momento que sai da concessionária – e qualquer um sabe que um carro usado é mais barato do que o novo. Por isso, um carro só é investimento se a pessoa vai utilizá-lo para trabalhar como motorista de táxi ou aplicativo.
Nós gostamos de acreditar que somos seres racionais. Penso, logo existo, como diria Descartes. No entanto, a realidade é um pouco diferente. Daniel Kahneman, um dos pais da psicologia econômica e Prêmio Nobel de Economia, enxerga esta história de uma forma diferente. Para ele, a emoção é a mãe de todos os nossos impulsos – que são então (ou deveriam ser) modulados pela razão. Ou seja: as nossas decisões nascem da emoção, para então serem avaliadas pela razão.
O problema vem quando usamos a nossa racionalidade para criar desculpas que justifiquem os nossos desejos – e as frases da minha coleção são exemplos disso. Na hora de pesar os prós e contras de uma determinada decisão, você pode cometer este erro e nem perceber isso. Nas palavras do meu pai, “você cria a justificativa que quiser”.
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Isso pode ser danoso tanto para a sua conta corrente, quanto de investimentos. Já vi muita gente decidir investir em uma aplicação porque “está todo mundo investindo”, “o fulano de tal ganhou muito dinheiro” ou mesmo “aquele setor está na moda”. Muitas vezes, pode dar errado. E não vou nem comentar o estrago que essas justificativas podem causar com o consumo por impulso, tá?
Como saber se as suas justificativas são válidas?
De acordo com Kahneman, a nossa tomada de decisões é composta por dois sistemas: o rápido e o devagar. O rápido é o que calcula quanto é 2 + 2 sem precisar parar para pensar, ou que lê um anúncio em um outdoor sem esforço algum. É dele que surgem os impulsos? Viu algo que quis comprar? Passa logo o cartão.
Já o sistema lento é quem nos ajuda a ler um artigo científico com calma ou que responde a uma equação matemática de segundo grau. Ele exige esforço e concentração – e é a ele que devemos recorrer na hora de tomar decisões relevantes.
Por isso, se bateu o impulso para comprar em algo, pense com calma. Não tome a decisão correndo. Espere para ver se no dia seguinte, você ainda se lembra daquilo. E na hora de investir o seu dinheiro, muito cuidado com modas e afins. Tirar um tempo para analisar aquela opção – o seu bolso vai te agradecer.
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