O mundo está passando por um grande desafio. A pandemia que assola a sociedade desde fins de fevereiro deste ano está ajudando a acelerar uma série de transformações econômicas e sociais, que há muito já vinham ocorrendo. Este foi o tema de meus dois primeiros artigos para este espaço, mas, em especial, este aqui.
No Brasil, pela primeira vez na história (ou, no mínimo, pela primeira vez desde que me entendo por gente) o País está passando por uma crise em que o Banco Central é capaz de reduzir as taxas de juros em vez de elevá-las.
Olhando para a história, o País sempre apresentou fragilidade externa, elevado repasse cambial para a inflação e sempre atraiu capital especulativo. Nos últimos anos, com as reformas que foram implementadas por diversos governos, o Brasil passou a apresentar fundamentos mais sólidos, contas externas mais saudáveis e um sistema de metas de inflação que permitiu um controle mais robusto do nível de preços.
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Além disso, o sistema de câmbio flutuante possibilitou que a nossa moeda atuasse como um amortecedor automático aos choques externos, mas sem que causasse, pelo menos por enquanto, danos mais desastrosos para os demais fundamentos do País.
É nesse contexto que entramos na pandemia com uma inflação baixa e controlada. A despeito da depreciação cambial, o Banco Central atuou apenas na direção de conter os excessos de volatilidade, mas nunca buscando alterar a dinâmica ou a direção de nossa moeda.
No sistema de metas de inflação, níveis de preço baixos, expectativas de inflação ancoradas e uma grave crise econômica prescrevem redução das taxas de juros. E foi exatamente isso que o Banco Central executou.
Assim, estamos diante de uma Taxa Selic em torno de 2%, a mais baixa da história, e compatível com taxas de juros de países desenvolvidos.
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Neste ambiente, precisamos analisar os desafios de rentabilizar os portfólios de investimento diante da nova realidade.
O Brasil conviveu durante anos com uma das maiores distorções do mundo, que era a Taxa Selic de dois dígitos, onde tínhamos uma rentabilidade nominal elevada, sem volatilidade e com liquidez. Essa distorção acabou; e está forçando o investidor a buscar alternativas de investimentos.
Agora, o investidor precisará abrir mão de uma volatilidade mais elevada e/ou de uma liquidez menor. O que temos visto é um encaminhamento natural dos investidores para a bolsa, que é um ativo relativamente líquido, porém com mais volatilidade.
Acredito que este seja apenas o primeiro movimento.
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Olhando a experiência histórica de outros países que passaram por esse processo, vimos um encaminhamento natural para ativos menos líquidos e menos triviais, como Fundos Multimercados (Hedge Funds, no termo em inglês), Fundos de Crédito High Yield, Fundos de Private Equity, Fundos de Venture Capital e assim por diante.
Contudo, passar por esse processo sozinho, muitas vezes, não é recomendado, e muito menos produtivo. Se você não é um investidor profissional, ou gasta algum tempo fazendo análises quantitativas e qualitativas dos fundos e gestores a serem investidos, você pode encontrar muitas armadilhas pela frente.
Especialmente agora, em um país de juros mais baixos, as armadilhas podem ser ainda maiores.
Quando montamos portfólios para os clientes, passamos por um longo e diligente processo de entender as características do cliente, assim como suas necessidades de liquidez. Uma vez executado esse passo, trabalhamos na melhor alocação por classe de ativo, para aquele perfil de cliente, para o cenário econômico daquele momento e para o nível de preço que o mercado oferece.
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Apenas depois começamos a escolher os melhores fundos e gestores para cada classe de ativo. Fazemos análises quantitativas e qualitativas de cada fundo e de cada gestor.
Questões como custo do fundo vis-à-vis sua volatilidade e seu retorno esperado; histórico de rentabilidade, de volatilidade e de perdas do fundo; idoneidade dos sócios da gestora; tempo de trabalho em conjunto da equipe; correlação do fundo com os principais indicadores de mercado; capacidade de geração de retornos acima do mercado; correlação entre os fundos do portfólio… são apenas algumas das dezenas de variáveis que acompanhamos no processo decisório de alocação.
Tentarei tocar em alguns desses pontos ao longo do tempo, neste espaço, sempre permeando o cenário econômico que nos cerca.
Vejo com enorme otimismo a evolução do mercado financeiro e o mercado de capitais no Brasil. Os juros baixos trarão enormes desafios de alocação de portfólio e rentabilidade dos investimentos, mas são sem dúvida alguma um avanço positivo para o país e sua economia.
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No meio deste oceano que é o mercado de investimentos (e que só tende a crescer), se você não é um investidor profissional, ou se você não irá reservar um pedaço do seu tempo para executar as análises necessárias para uma alocação otimizada, busque o suporte daqueles capacitados para isso.
Não é hora de entrarmos no “Fla-Flu” de qual a melhor plataforma de investimentos, o melhor Gestor de Patrimônio, a melhora casa de análise independente, o melhor assessor de investimentos… Existe espaço para todos aqueles que desempenham o seu papel neste ecossistema.
Você, investidor, só precisa estar preparado para este novo Brasil.
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