Após o novo coronavírus (covid-19), o caos instaurou-se no mercado financeiro e foi possível ver que muitas ações e fundos despencaram, o que preocupou milhares de cotistas. Pensando nisso, eu já conversei com o gestor do Alaska Black, Ney Miyamoto, para entender qual é a estratégia do fundo para recuperar a queda de 70% que ocorreu durante a crise.
Depois daquela conversa, entrevistei também a sócia da Dahlia Capital, Sara Delfim, para saber quais são as posições montadas pelo time dela para o principal fundo, o Dahlia Total Return FIC FIM, e os demais produtos da gestora. Confira:
Como a Dahlia está olhando o cenário interno e externo neste momento?
O cenário ainda é bastante incerto e provavelmente ainda teremos algum nível de volatilidade. Quando tentamos prever o mundo pós-coronavírus, ele é um mundo onde os juros mundiais estarão em zero e no Brasil em volta de 2%, sendo esse o nível mais baixo da nossa história. O mundo também sem inflação, com uma demanda fraca, por conta de toda a recuperação econômica, que acreditamos ser uma recuperação lenta. Com isso, não se tende a ver pressão inflacionária e, dito isso, abre espaço para os juros no exterior e no Brasil continuem baixos por um bom tempo.
Quais ativos a gestora investiu neste período de coronavírus?
Quando temos esse cenário o que tende a se valorizar são os ativos reais, como bolsa de valores, commodities e imóveis. Ou seja, dentro desse cenário tentamos montar a nossa carteira de forma integrada, mirando nesse cenário, mas ainda existem incertezas, como a eleição nos EUA, sendo este um fato superimportante para o mundo, bem como a disputa EUA e China. Além disso, essa polarização que ocorre entre Estados Unidos e China, pode ter implicações em toda a cadeia de produção mundial.
Com isso, esse cenário é favorável para o ativo bolsa. Mas, dado que existem essas incertezas do ritmo de recuperação econômica, não é o ideal entrar 100% no mercado acionário, seja no brasileiro ou no exterior. Então, achamos prudente, dentro de uma carteira balanceada, ter vários ativos, para eles se complementarem e se protegerem. Portanto, nós temos bolsa, dólar, ouro e juros. Ou seja, essa carteira consegue se beneficiar da alta das bolsas, mas caso algo dê errado, como alguma fala do Bolsonaro ou conflitos entre Trump e China, a nossa posição em ouro e dólar nos protege, sendo um hedge.
Quais são as ações favoritas da Dahlia Capital?
Hoje, nós gostamos de muita coisa e o nosso principal fundo o Dahlia Total Return é multimercado com foco em ações. Pensando nisso, existem muitas empresas de alta qualidade na bolsa de valores, líderes nos seus setores e estão com um nível de preço bastante atrativo. Entretanto, por mais que eu goste de Localiza (RENT3), Lojas Renner (LREN3) ou Magazine Luiza (MGLU3), nunca teremos 10% do fundo nessas empresas, pois o imprevisto pode acontecer, por melhor que seja a empresa. Por exemplo, pode ser que a Localiza venha a ter um competidor muito agressivo que ganhe mercado e faça o papel despencar.
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Com isso, por definição no nosso fundo, uma posição pequena é por volta de 2%, uma média de 4% e uma grande, sendo essa uma empresa que a gente tem muita convicção e não consegue ver um risco muito perto de acontecer, se torna uma posição de em média 7% ou 8%. Hoje, nós não temos uma posição isoladamente que represente 7% da carteira. O setor mais representante atualmente é o elétrico, com ações da Eneva (ENEV3), Taesa (TAEE11), CPFL Energia (CPFE3) e Engie (EGIE3), mas não chega a ter uma posição grande e expressiva.
Quer saber o motivo da Dahlia Capital investir em ações do setor elétrico? Confira a resposta no vídeo: