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- Com aproximadamente R$ 300 mil você já poderia comprar imediatamente uma previdência na Bolsa de Valores
No artigo passado, comentei sobre o início da minha trajetória como investidora aos 14 anos. Meu pai sabiamente se recusou a me dar uma mesada. Em vez de me entregar de mão beijada R$ 300 por mês, ele optou por me presentear com ações que pagassem essa quantia em dividendos.
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O assunto repercutiu bem, mas um dado chamou minha atenção. Das pessoas que nos procuraram no AGF para falar sobre o tema, nenhuma estava na casa dos 20 anos, teoricamente a faixa etária ideal para começar a pensar no futuro. Dialogar com essa minha geração Z tem sido um desafio, um monólogo na verdade.
Pesquisa recente da BNY Mellon intitulada “Generation Lost” entrevistou 1.253 jovens de seis países, entre eles o Brasil, para analisar as dificuldades significativas que os jovens enfrentam na provisão de sua aposentadoria. Os resultados comprovaram que nada mais nada menos do que a metade dos participantes “arriscam uma quantia sem nenhuma base ao estimar o valor da aposentadoria de que precisará”.
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Em minhas pesquisas sobre o assunto, encontrei até mesmo uma doença relacionada ao medo excessivo de fazer planos para o longo prazo. É a Teleofobia, um transtorno ainda muito pouco identificado e estudado, mas real. Infelizmente deixar esse assunto para depois não é uma opção em um país onde 97% de seus idosos dependem do INSS ou de parentes próximos para sobreviver.
Não agir agora custará mais caro lá na frente. Como diria Warren Buffett: “se você não encontrar um jeito de ganhar dinheiro enquanto dorme, você vai trabalhar até morrer”. Meu propósito com o texto de hoje é te mostrar objetivamente que viver de dividendos não é um bicho de sete cabeças se você for dotado de paciência e disciplina.
Como calcular os ganhos com dividendo
O cálculo é relativamente simples, basta dividir a renda desejada por ano pela taxa que remunerará o investimento escolhido. Por exemplo, na metodologia do Jeito Barsi de Investir só entram na carteira empresas que pagam no mínimo 6% ao ano em dividendos. Seguindo esse raciocínio, e supondo uma renda de R$ 1.500 por mês, ou R$ 18 mil por ano, temos:
Tabela: Meta em quantidade de ações para uma renda de R$ 18 mil por ano
Empresa | Média dos Proventos por Ação (5 anos) | Meta em Ações | Investimento Total (considerando cotação de 26/08/20) |
Banco Santander (SANB4) |
R$ 0,91 |
19.780 |
R$ 284.634,20 |
BB Seguridade (BBSE3) |
R$ 2,00 |
9.000 |
R$ 225.270,00 |
Transmissora Aliança (TAEE11) |
R$ 2,27 |
7.929 |
R$ 224.390,70 |
Aes Tietê (TIET4) |
R$ 0,19 |
94.736 |
R$ 276.631,57 |
Itaúsa (ITSA4) |
R$ 0,73 |
26.657 |
R$ 240.446,14 |
Fonte: Elaboração Própria – Relação com Investidores e Economatica
Ou seja, com aproximadamente R$ 300 mil você já poderia comprar imediatamente uma previdência na Bolsa de Valores. Não tem esse valor? Corte um zero ou use o tempo a seu favor! Note que aqui estamos considerando que a pessoa viverá do excedente gerado pelos seus investimentos, sem necessidade de vender o seu patrimônio.
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A partir daqui fica fácil entender como estabelecemos nossas metas em quantidade de ações. Na tabela trago algumas simulações, considerando a média distribuída em proventos por ação nos últimos 5 anos até o exercício de 2019. As empresas selecionadas figuram entre as nossas maiores posições em carteira, mas lembre-se que não é uma recomendação.
Para chegarmos ao investimento total, basta dividir a renda anual desejada pela média dos proventos por ação. A partir desse exercício básico podemos tirar algumas conclusões óbvias, mas que parecem esquecidas no momento da tomada de decisão:
- Quanto mais ações você possuir, maior será o dividendo, afinal os proventos são pagos em função da quantidade de ações possuídas;
- Quanto melhor o preço, menor será o seu desembolso para atingir as suas metas.
Se a mesma conta tivesse sido feita há 6 meses, os valores teriam sido substancialmente maiores e é justamente por isso que o investidor com perfil previdenciário comemora os efeitos que as crises produzem sobre o mercado. Não necessariamente você precisa fazer metas em apenas uma empresa, afinal cada uma terá riscos diferentes associados aos seus negócios. É possível atribuir pesos de acordo com o seu apetite para se expor a determinados setores.
Outro aspecto a ser observado é a periodicidade de distribuição, cada companhia segue uma política ou prática específica. Pensando nisso desenvolvemos o MDI, Mapa do Dividendo Inteligente, que sinaliza as datas de maior probabilidade para os anúncios de proventos.
A ferramenta foi criada para auxiliar o investidor a programar seus aportes de acordo com o dividendo mais inteligente do momento e pode te ajudar a decidir por onde começar a sua carteira previdenciária. O MDI estará disponível gratuitamente para os participantes do nosso curso intensivo “Futuro Garantido com Ações” no Canal do Youtube do AGF, serão 4 aulas online e também gratuitas até 5 de Outubro.
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O dividendo sem sombra de dúvida é um pilar fundamental na estratégia previdenciária, mas não deve ser o único fator a ser levado em consideração. Outras características, principalmente qualitativas, devem ser analisadas. Esse será o tema do nosso próximo encontro por aqui.
Bons aportes.