Uma ação do presente para garantir o seu futuro

Louise Barsi é formada em economia e contabilidade e especialista em mercado de capitais. Analista CNPI, ela se dedica à empresa de educação digital Ações Garantem o Futuro, que foi criada para desmistificar a Bolsa de Valores para os investidores brasileiros.

Escreve às quartas-feiras, a cada 15 dias.

Louise Barsi

Mundo Vuca e as primeiras lições sobre investimentos

O tempo me mostrou que Harvard não poderia me ensinar o que Luiz Barsi sabe

(Foto: Evanto Elements)
  • Esta série de artigos quinzenais trará conteúdos que não apenas justifiquem a atração das pessoas pela Bolsa, mas que as capacitem para permanecer nela
  • Quando comecei a investir com apenas 14 anos (tema para o próximo artigo), algo me dizia lá no fundo que eu havia encontrado o meu caminho pelo fascinante mundo do mercado de capitais

Definitivamente, o ano de 2020 terá um capítulo e tanto para chamar de seu nos livros de história. Pessoalmente, acredito que estamos presenciando o verdadeiro “Mundo Vuca”. Essa expressão foi cunhada pelos militares norte-americanos nos anos 90, um acrônimo em inglês para explicar o contexto geopolítico no mundo pós-Guerra Fria:

Volatility (volatilidade);
Uncertainty (incerteza);
Complexity (complexidade);
Ambiguity (ambiguidade).

Para alguns, principalmente os amantes da previsibilidade, as características acima são um prato cheio para o desespero. Para outros, funcionam como um combustível para a mudança, um momento de reflexão sobre o que realmente é importante, de se reinventar no trabalho, buscar novas alternativas.

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Segundo estatísticas da B3, para 900 mil pessoas, a alternativa encontrada durante a pandemia foi a Bolsa de Valores. Não pretendo aqui discutir sobre suas motivações, muito menos se essa tendência nos aproxima de uma bolha. Esta série de artigos quinzenais trará conteúdos que não apenas justifiquem a atração das pessoas pela Bolsa, mas que as capacitem para permanecer nela.

Foi com essa missão de desmistificar e democratizar o mercado de ações que eu, Louise Barsi, e meus sócios Felipe Ruiz e Fabio Baroni, fundamos o ‘Ações Garantem o Futuro’, ou AGF. Uma escola digital totalmente voltada para o Jeito Barsi de Investir e sua estratégia conhecida como Carteira Previdenciária.

Mas, afinal, quem é Luiz Barsi?

Luiz Barsi Filho nasceu em São Paulo, num cortiço no bairro do Brás, e foi muito bem criado pela Dona Maria Margarida, minha abuelita, a mulher mais batalhadora que conheci. Ela ficou viúva cedo e literalmente comeu o pão que o diabo amassou.

Foi lavadeira e costureira, e não mediu esforços para prover uma vida digna ao único filho. Desde sempre, deu o exemplo para o seu amado ‘Luizinho’, que, aos 8 anos, já trabalhava como engraxate, depois aprendiz de alfaiate e baleiro. Ele estudou e se formou contador, economista e advogado. Trabalhou como auditor, mas foi em uma corretora de valores mobiliários nos anos 70, como operador, que encontrou sua real vocação e nunca mais parou de investir. Costuma sempre dizer que não entrou na Bolsa para ficar rico, “mas para nunca mais voltar a ser pobre”.

A pobreza deixa no homem algumas cicatrizes profundas. Em meu pai, acredito que essa marca tenha sido seu maior trunfo para o sucesso: a obstinação de ser um vencedor. Hoje, ele é o maior investidor pessoa física da Bolsa brasileira, tem múltiplos 10 dígitos de patrimônio e recebe milhões em dividendos por mês. Seu maior orgulho, no entanto, é ter o luxo de fazer o que ama, praticamente no mesmo endereço há 52 anos.

Quando comecei a investir com apenas 14 anos (tema para o próximo artigo), algo me dizia lá no fundo que eu havia encontrado o meu caminho pelo fascinante mundo do mercado de capitais. Infelizmente, a imaturidade nos faz escutar outras vozes menos importantes do que a nossa voz interior.

No início da faculdade, um colega deixou escapar, logo depois de descobrir, perplexo, que eu era filha de um bilionário e, ainda assim, andava de metrô: “O que você está fazendo no Brasil? Se eu fosse você estaria morando fora, criando minhas próprias experiências, estudando em Harvard”.

Outras dúvidas começaram a surgir na minha cabeça, além das incertezas e cobranças comuns a uma garota, na época, de 17 anos. “Louise, será que você vai viver à sombra do seu pai para sempre? Será que você é capaz? Será que esse é o caminho que você escolheu ou foi escolhido para você?”

Cogitei se deveria começar por um estágio em um grande banco de investimentos. Esse sim seria o início “normal” para um profissional se tornar bem sucedido no mercado financeiro. Estava fascinada pela ideia de trabalhar com várias telas e aprender diferentes técnicas de valuation.

Com o tempo me dei conta de que Harvard jamais poderia me ensinar uma fração do que este homem sabe. Aliás, a faculdade está de pé desde 1636. O meu pai, que muitos dariam qualquer coisa para conversar por meia hora, tinha, na época, 73 anos. Harvard provavelmente sobreviveria aos próximos 40 anos. Meu pai, não.

O Barsi não precisou de 4 monitores e modelos estatísticos avançados para analisar suas ações e criar sua estratégia vencedora. Em resumo, as maiores lições que aprendi com Luiz Barsi e que venho absorvendo ao longo desses 12 anos no mercado não foram sobre finanças!

Investir na Bolsa de Valores é uma jornada de autoconhecimento, cujo componente mais importante é o seu emocional. Se não houver convicção na estratégia escolhida, são grandes as chances de perdas. Algumas irrecuperáveis. Aqui vão algumas dessas lições:

1- Administre o seu ego: o verdadeiro sucesso não se mede pelo que você pode comprar. Autoavalie-se pelo que você deseja conquistar, é diferente. O Barsi poderia bancar um escritório coberto por mármore Carrara na Faria Lima, mas isso não o faria uma pessoa mais realizada ou um investidor melhor.

No meu caso, trabalhar em um grande banco de investimento não passava de uma preocupação em ter um nome de peso, além do meu sobrenome, no currículo. Meu ego certamente seria inflado pelo meu LinkedIn, mas a minha felicidade estaria comprometida.

2- Não seja um patrocinador: dê valor ao ser e não ao ter. Isso poderá evitar que a ganância te leve à ruína no meio do caminho, te fazendo gastar mais do que você ganha ou colocar mais do que deve nas ações.

O Barsi poderia ter o carro que quisesse, mas se contenta com seu Chery 2013 (que carinhosamente apelidei de carroça). Você não precisa se tornar um franciscano, deixar de consumir ou sonhar com coisas materiais. Precisa apenas entender que uma ação do presente pode garantir o seu futuro, ou destruí-lo. Depende inteiramente de você. Isso se chama custo de oportunidade.

3- Descubra o seu propósito: quanto mais cedo você definir e compreender qual o seu objetivo de vida para o longo prazo, menos tempo sobrará para perder o foco com o que não te ajudará a atingi-lo.

No AGF, finalmente encontrei minha vocação e abracei com todas as forças a missão de levar esse legado adiante. Por que deveria me envergonhar de ser herdeira e sucessora, se tenho tanto orgulho da minha origem e das pessoas que foram impactadas pelo produto dela?

Daqui em diante, meu compromisso com você, leitor, não é convencê-lo que a nossa estratégia é a correta ou a melhor. Mas te mostrar que existe um caminho consistente através de muita paciência e disciplina para fazer o simples bem executado.