Mente sã em bolso são

Ana Paula Hornos é psicóloga clínica, autora e comunicadora. Como especialista no despertar do potencial humano, do individual ao coletivo, dedica-se a ajudar pessoas na busca do bem-estar integral, unindo propósito, carreira, saúde financeira e atitudes conscientes para melhores resultados. Professora, mestre em psicologia e engenheira pela USP, com MBA em finanças pelo INSPER e especializações pela FGV e IMD, possui mais de 20 anos de experiência como executiva e empresária. Foi diretora de grandes empresas nacionais como o Grupo Pão de Açúcar e membro de Conselho de Administração da Essencis Ambiental. No E-Investidor, fala sobre finanças, comportamento, vida profissional e atitude ESG.

@anapaulahornos

Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias.

Ana Paula Hornos

Sete passos para conciliar a vida profissional e a pessoal

Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida é complexo, mas necessário

Aceitar aquilo que é possível, em vez de agarrar-se ao idealizado, elimina a culpa, aumenta o nível de satisfação e gratidão. Foto: Envato Elements
  • Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida está cada vez mais complexo. A pandemia, as mudanças no mercado, novas relações laborais e o crescimento na taxa de desemprego aumentam a pressão sobre o trabalhador
  • Dado que o conceito de sucesso profissional, para muitos, está intimamente ligado ao equilíbrio entre carreira e vida pessoal, quando deveria começar uma e terminar outra?  Qual deveria ser a linha de corte entre pessoal e profissional?

Estabelecer limites entre o trabalho e outras áreas da vida está cada vez mais complexo. A pandemia, as mudanças no mercado, novas relações laborais e o crescimento na taxa de desemprego aumentam a pressão sobre o trabalhador.

O impacto desse desequilíbrio na saúde mental é tamanho que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recentemente adicionou a Síndrome de Burnout ao CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) como doença ocupacional, definida como um estresse crônico no ambiente de trabalho que não foi gerenciado com sucesso.

Dado que o conceito de sucesso profissional, para muitos, está intimamente ligado ao equilíbrio entre carreira e vida pessoal, quando deveria começar uma e terminar outra?  Qual deveria ser a linha de corte entre pessoal e profissional?

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Se você vive o desafio de equilibrar esses dois lados de sua vida, seguem algumas reflexões que podem facilitar seu caminho:

Repense o significado do trabalho:

Por ser um papel social, o trabalho está intimamente ligado à identidade dos indivíduos. Não é à toa que pessoas descrevem-se contando o que fazem e onde trabalham. Normalmente é visto como o lugar onde se obtém a remuneração. A psicologia amplia o conceito de trabalho, incluindo outros papéis sociais como ser progenitor, filho, irmão, amigo, membro de clube ou de igreja etc. como atividades em que o homem também desempenha funções.

Já o lazer, por definição de dicionário, refere-se a um tempo livre e prazeroso. Dessa forma, se o trabalho que faço ou o papel social que desempenho, independentemente de qual seja, remunerado ou não, for prazeroso e estiver alinhado às minha motivações, prioridades, talentos, valores pessoais, e a uma contribuição claramente percebida, a linha tênue entre pessoal e profissional passa a não ter tanta relevância.

“Conheça-te a ti mesmo”

A lacuna de autoconhecimento, a desconexão de si próprio e a fusão com as influências do meio por comparação, pressão e culpa alimentam a projeção de insatisfações na dimensão profissional. Quando tentamos viver da forma da qual nos falam que devemos ou de acordo com algum ideal irreal que construímos, nos desconectamos de nós mesmos. Por isso, conhecer as próprias habilidades, ter clareza de prioridades e propósitos são fundamentais para a autorrealização.

Desenvolva a flexibilidade psicológica

Aceitar aquilo que é possível, em vez de agarrar-se ao idealizado, elimina a culpa, aumenta o nível de satisfação e gratidão. Avalie se a régua de equilíbrio estabelecida não está muito exigente.

Avalie seu grau de confiança nas pessoas

Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) publicado este mês diz que apenas 4,7% dos brasileiros acreditam uns nos outros, índice abaixo da média mundial, de 25%, e dos países ricos da OCDE (41%).

O mesmo estudo mostra que, quanto menor a confiança, menores serão a produtividade, inovação e formalização do mercado de trabalho. Buscar maior conexão e a empatia com as pessoas, estar inteiro onde estiver, seja em família, com amigos ou no trabalho, trará aumento da confiança, da generosidade e do equilíbrio na percepção de felicidade.

Viva o aqui e agora

Respirar, focar no momento presente, buscar conexão com a natureza são formas de alcançar relaxamento e ajudam a reduzir as interferências dos pensamentos acelerados, dos vícios, do tempo excessivo dispendido nas redes sociais e de tudo aquilo que captura nosso cérebro e rouba a qualidade do nosso tempo.

Estabeleça rotinas

Embora a flexibilidade de agenda seja a solução mais desejada para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ela é uma das explicações para o aumento do estresse relativo ao trabalho.  Equipes virtuais, com agendas flexíveis e assíncronas, a flexibilização dos contratos de trabalho, com maior número de autônomos e menos CLTs e o crescimento do trabalho em sistema de “home office” (de casa) diminuem as concretudes físicas e temporais, reduzem o contato humano. A rotina é reguladora emocional e colabora para reduzir os níveis de incerteza, instabilidade, medo e consequentemente de estresse.

Exercite gestão do tempo com visão de longo prazo

O equilíbrio pode ser visto como uma média ao longo da vida e não como uma exigência diária.  Organizar a agenda, assumindo compromisso com seus objetivos prioritários, reduz o grau de procrastinação e aumenta a percepção de um trabalho bem-feito.

A harmonia entre vida pessoal e profissional envolve gestão de tempo e dinheiro, mas principalmente gestão emocional. Ainda que a a modernidade líquida, descrita pelo polonês Zygmunt Bauman, agrava-se pouco a pouco para uma modernidade gasosa, de um mundo volátil nas relações, nas informações, no tempo e no trabalho, a resposta para seu equilíbrio pode estar no aprendizado da melhor forma de interagir com o meio e principalmente na mudança de percepção dentro de si.