Mente sã em bolso são

Ana Paula Hornos é psicóloga clínica, autora e comunicadora. Como especialista no despertar do potencial humano, do individual ao coletivo, dedica-se a ajudar pessoas na busca do bem-estar integral, unindo propósito, carreira, saúde financeira e atitudes conscientes para melhores resultados. Professora, mestre em psicologia e engenheira pela USP, com MBA em finanças pelo INSPER e especializações pela FGV e IMD, possui mais de 20 anos de experiência como executiva e empresária. Foi diretora de grandes empresas nacionais como o Grupo Pão de Açúcar e membro de Conselho de Administração da Essencis Ambiental. No E-Investidor, fala sobre finanças, comportamento, vida profissional e atitude ESG.

@anapaulahornos

Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias.

Ana Paula Hornos

Aprenda a proteger sua carteira contra a bipolaridade do mercado

Se foi iludido pela promessa de surfar na maior onda dos investimentos, você deve estar se sentindo afogado

Se você está depositando no mercado financeiro toda sua felicidade, esperança e sucesso, certamente irá se decepcionar. (Foto: Shutterstock/Reprodução)
  • O ritmo de alta nos juros americanos é o maior em quatro décadas, e a taxa de juros brasileira, a Selic, no intervalo de apenas um ano e meio, oscilou de 2% para 13,25%
  • Com esse cenário de aperto monetário, os ativos de risco ficam pressionados e passam tempos difíceis. Ações americanas e brasileiras acumulam quedas depois do rali de altas vistas no ano passado
  • E as perdas que esse conjuntura traz não se restringem às monetárias. Danos maiores estão ligados aos impactos que isso pode causar à saúde emocional

Com a inflação galopante deprimindo o mundo, bancos centrais de diversos países precisaram aumentar os juros, enxugar o dinheiro circulante do mercado e, assim, controlar a alta dos preços. Os aumentos conjuntos nos juros dos Estados Unidos e do Brasil, vistos nesta última ‘superquarta’, são prova disso. O ritmo de alta nos juros americanos é o maior em quatro décadas, e a taxa de juros brasileira, a Selic, no intervalo de apenas um ano e meio, oscilou de 2% para 13,25%.

Com esse cenário de aperto monetário, os ativos de risco ficam pressionados e passam tempos difíceis. Ações americanas e brasileiras acumulam quedas depois do rali de altas vistas no ano passado, e criptomoedas astros como o Bitcoin, estrelas e planetas, como Terra (Luna) ou Solana (Sol), derretem, contaminando todo o mercado de ativos digitais.

E você, investidor, como fica diante de tamanha magnitude e catástrofes do mundo financeiro? Você que investe seu suado dinheirinho, em busca de desfrutar de mais alegrias da vida, de poder relaxar, de ter melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre presente e futuro, através da aposentadoria; se vê levando ‘caldos’ no meio de tanta turbulência.

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E as perdas que esse conjuntura traz não se restringem às monetárias. Danos maiores estão ligados aos impactos que isso pode causar à saúde emocional. São muitos os prejuízos que a bipolaridade do mercado financeiro, com picos de euforia e depressão, pode provocar na saúde mental.

E qual é o remédio? Como estancar sangue, suor e lágrimas nos investimentos?

Em termos práticos, pode-se atenuar os altos e baixos dos ciclos econômicos e do mercado, com algumas dicas simples matemáticas: procure adaptar seu padrão de vida sempre a 70% de sua renda líquida, poupe 20% e exercite doar 10% para retribuir ao próximo o que ganhou. Dos 20% poupados, guarde sempre 10% para sua aposentadoria, e, com os outros 10%, componha suas reservas de emergência, de sonhos e projetos.

Independentemente de qual seja seu perfil, nunca ultrapasse a faixa de 30% em investimentos de risco. E, em ativos de alto risco e pouco histórico, como as criptomoedas, limite a 1% o montante investido (essa última prática ouvi como depoimento de alguém do mercado de ativos digitais, em relação a seus próprios investimentos). E não se alavanque mais que 30% em dívidas ou em parcelamentos no cartão.

Em termos emocionais, é preciso ressignificar a dimensão que os investimentos ocupam em sua vida. Se você está depositando no mercado financeiro toda sua felicidade, esperança e sucesso, certamente irá se decepcionar. Juros servem para proteger e remunerar reservas já construídas, mas não substituem, de forma alguma, o valor do trabalho e o sentido de contribuição à sociedade que o uso de seus talentos pode trazer.

Pensar que o dinheiro pode trabalhar por você é colocar em risco sua própria identidade, sua autenticidade no uso de seus potenciais, colocar em risco sua própria condição de existência de ser. Do ponto de vista econômico, dinheiro investido serve para ajudar a economia real a crescer como fonte de financiamento. No seu caso, você sempre precisará do dinheiro novo, fruto direto de seu trabalho, para alimentar o patrimônio. Os juros não farão isso por você.

Mesmo que sua carteira, seu orçamento ou atitude atuais estejam distantes dessas recomendações, é possível se reorganizar olhando para a frente.

Vale sempre lembrar que saúde, paz, sucesso e felicidade não moram em gráficos ou em números. Sua busca precisa passar pelo caminho do autoconhecimento, da identificação de objetivos claros, da adaptação e aceitação das situações difíceis, do olhar de cooperação e amor, e do equilibro entre valores monetários, sentimentais, humanos, morais e espirituais.