A Previdência Social é um dos temas mais complexos e urgentes do país. Como especialista na área, vejo com clareza a magnitude dos desafios que esse sistema enfrenta para garantir a sua sustentabilidade no longo prazo. Por um lado, temos o aumento significativo da população idosa — uma realidade que já não pode mais ser ignorada. Entre os anos 2000 e 2023, o número de brasileiros com mais de 60 anos saltou de 15 milhões para mais de 33 milhões, segundo o IBGE. Isso significa que o Brasil está envelhecendo rapidamente, embora a base contributiva, que sustenta o sistema previdenciário, não acompanhe esse crescimento de maneira proporcional.
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Diante dessa realidade, não podemos mais adiar a discussão sobre a modernização da Previdência. E, na minha opinião, a tecnologia tem um papel central para resolver essa transformação. Não se trata apenas de uma alternativa conveniente, mas de uma necessidade urgente para garantir a eficiência e a sobrevivência do sistema.
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Inovações como o Pix já revelaram o quanto a tecnologia pode ser benéfica. Os beneficiários da Previdência agora recebem seus pagamentos de forma mais ágil e segura, com a vantagem do rastreamento das transações. Essa é uma mudança significativa, mas não podemos nos dar por satisfeitos. O Pix é apenas uma peça no quebra-cabeça de um sistema que, para funcionar de forma eficaz, precisa de uma reestruturação muito mais profunda.
Os gargalos que o sistema enfrenta são conhecidos: burocracia excessiva, falta de transparência nos processos e um serviço que muitas vezes não alcança aqueles que mais precisam. Para muitos brasileiros, especialmente os idosos ou os que vivem em áreas remotas, a inclusão digital ainda é um obstáculo. A falta de alfabetização financeira e a exclusão do sistema bancário tradicional dificultam o acesso aos benefícios e, em muitos casos, criam uma dependência de intermediários que complicam ainda mais a vida dos mais vulneráveis.
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Porém, acredito que estamos diante de uma oportunidade única para transformar essa realidade. O governo e as fundações previdenciárias podem aproveitar as tecnologias emergentes, como o Pix, para modernizar os processos da Previdência. Ao integrar essas inovações, o sistema ganha em agilidade, eficiência e segurança, fatores essenciais para reduzir a burocracia e os custos operacionais. Isso não só torna o processo mais transparente e acessível, mas também garante que os benefícios sociais, como aposentadorias, pensões e auxílios, cheguem mais rápido a quem realmente precisa. Em um contexto em que muitos dependem desses pagamentos para sua sobrevivência, a implementação de tecnologias que otimizem os fluxos financeiros pode fazer toda a diferença, especialmente para aqueles que vivem em situações mais vulneráveis.
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Na minha visão, a solução para a modernização da Previdência Social passa pela educação digital e pela inclusão financeira. Precisamos de programas que ensinem o uso seguro de plataformas digitais, como smartphones e aplicativos de pagamento, com foco especial na população idosa e em grupos mais vulneráveis. Também é essencial facilitar o acesso ao sistema bancário para os que ainda não têm conta corrente ou acesso fácil a meios de pagamento digitais.
Olhar para o futuro me faz acreditar que o Pix é apenas o começo. Com a integração de tecnologias como a Inteligência Artificial e o blockchain, estamos apenas arranhando a superfície do que é possível realizar. O potencial para transformar os pagamentos de benefícios sociais da Previdência Social no Brasil é enorme. No entanto, para que isso se concretize, é essencial que governo, instituições previdenciárias e empresas de tecnologia trabalhem em conjunto para superar os desafios e criar um sistema inclusivo e acessível por parte.