- A tendência é que vejamos nos próximos meses fundos rodando com rentabilidade muito próxima de seus respectivos carregos
- Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) estão ganhando cada vez mais destaque no mercado financeiro brasileiro
- Com uma abordagem estratégica e uma análise criteriosa dos riscos e oportunidades, os investidores podem maximizar retornos e construir carteiras resilientes
O cenário positivo para o crédito privado no primeiro trimestre de 2024 acabou por atrair muitos investidores para este tipo de ativo. O forte fechamento de spreads, que refletiu positivamente na rentabilidade dos fundos, a queda gradual da taxa Selic e seu impacto positivo nos balanços das empresas e a resolução do CMN (Conselho Monetário Nacional), que, desde fevereiro restringe o lastro que pode ser usado em CRIs, CRAs e nas letras financeiras como LCAs e LCIs e minimizou a concorrência para os fundos de crédito, foram os principais responsáveis por esse movimento.
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Passado o auge desse movimento de fechamento de spreads, agora os gestores se encontram diante de um desafio de manter os retornos atraentes, como os observados no primeiro trimestre. No entanto, é preciso analisar que começamos 2024 com taxas em um nível atípico para o mercado brasileiro de crédito privado, consequência dos desafios enfrentados no ano anterior.
Com a situação mais próxima da normalidade, a tendência é de que vejamos nos próximos meses fundos rodando com rentabilidade muito próxima de seus respectivos carregos – ou seja, o retorno das carteiras dependerá mais do rendimento dos ativos investidos do que de ganho de capital por conta de quedas nos spreads.
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O cenário deve ser desafiador para os gestores dos fundos de crédito privado, porém existem algumas estratégias possíveis na tentativa de manter a boa performance.
Uma alternativa é aumentar o risco de crédito nas carteiras, em busca de maiores spreads. No entanto, a movimentação pode ser arriscada: em um cenário com a Selic ainda elevada e o ambiente macro instável, empresas mais alavancadas ainda devem ter dificuldades de exibir resultados mais consistentes.
Outra alternativa poderia ser o investimento em renda fixa no exterior, através de bonds de empresas brasileiras. Contudo, o momento ainda incerto em relação à política monetária nos Estados Unidos e a piora na percepção de risco do investidor estrangeiro em relação ao Brasil tende a adicionar maior volatilidade a esta opção.
Em meu ponto de vista, um caminho que permite manter os retornos consistentes, é optar por estratégias que priorizem investimentos alternativos, como o crédito estruturado.
Neste sentido, vale destacar a crescente participação dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) no mercado, a importância da seletividade dos gestores e a aposta em crédito diversificado como estratégias-chave para maximizar retornos e mitigar riscos.
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Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) estão ganhando cada vez mais destaque no mercado financeiro brasileiro. Essa modalidade de investimento oferece retornos atrativos, impulsionados pela ampliação do crédito privado e pela busca por alternativas à renda fixa tradicional, com mitigação de riscos. Com resultados sustentáveis ao longo do tempo e um alto grau de confiabilidade e governança, os FIDCs se tornaram uma opção atraente para investidores.
Os investimentos em crédito estruturado oferecem spreads mais atrativos em comparação com outros instrumentos de crédito privado, proporcionando uma fonte de retorno adicional para os investidores.
O atual cenário econômico também deve incentivar a entrada de novas empresas no mercado de crédito, impulsionando novas emissões e oferecendo oportunidades de diversificação para os gestores de carteiras de crédito. O FIDC já se mostrou como uma porta de entrada interessante para empresas acessarem o mercado de capitais.
Com um ambiente favorável ao acesso ao crédito e à capitalização, as companhias passam a ter a oportunidade de financiar seus projetos e expandir seus negócios, enquanto os investidores se beneficiam da ampliação do universo de ativos disponíveis para investimento.
À medida que nos aproximamos do segundo semestre, os investimentos em crédito privado no Brasil enfrentam uma série de desafios e oportunidades. A crescente participação dos FIDCs, a necessidade de seletividade dos gestores, a aposta em crédito estruturado e as oportunidades decorrentes de novas emissões e empresas acessando o mercado de crédito são aspectos-chave a serem considerados pelos investidores. Com uma abordagem estratégica e uma análise criteriosa dos riscos e oportunidades, os investidores podem maximizar retornos e construir carteiras resilientes.
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Nos 4 primeiros meses de 2024 tivemos captação em 265 cotas diferentes de FIDC, com total captado de R$ 16 bilhões, contra o total de 118 cotas em 2023, representando R$ 7 bilhões. É, certamente, um mercado potencial.