Historicamente, os serviços financeiros no Brasil foram, em grande parte, direcionados à elite econômica. Durante décadas, o acesso a crédito, investimentos e serviços bancários era restrito a uma pequena parcela da população, enquanto a maioria enfrentava barreiras significativas para entrar no sistema financeiro. A concentração de serviços em grandes instituições bancárias e a falta de soluções adaptadas às necessidades da classe média e dos mais pobres criaram um cenário de exclusão financeira que persistiu por muito tempo.
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A inclusão financeira é um fator crítico para o desenvolvimento econômico de um país. Quando mais pessoas têm acesso a serviços financeiros, há um aumento no consumo, no investimento e, consequentemente, na geração de empregos. A falta de acesso a serviços financeiros básicos limita as oportunidades para indivíduos e pequenos negócios, perpetuando ciclos de pobreza.
Nos últimos anos, o cenário financeiro brasileiro tem se transformado radicalmente com a ascensão das fintechs. O Brasil conta hoje com cerca de 1.500 fintechs, e a inovação trazida por essas empresas tem sido fundamental para democratizar o acesso a serviços financeiros, oferecendo soluções mais acessíveis, rápidas e adaptadas às necessidades de um público mais amplo.
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O Banco Central revelou que, em 2023, 87,7% da população adulta possui acesso ao sistema financeiro, um aumento de 103,2% desde 2018. Alguns fatores impulsionaram esse aumento, como: o auxílio emergencial durante a pandemia que fez com que mais pessoas abrissem contas, o lançamento do Pix e as novas instituições em operação no mercado — aqui, estamos falando também das fintechs e dos novos entrantes.
As fintechs têm se mostrado essenciais para o fortalecimento de pequenos e microempresários no Brasil. Muitas dessas empresas oferecem acesso a crédito de forma mais simplificada e rápida, utilizando tecnologias de análise de dados para avaliar a capacidade de pagamento de forma mais justa e eficiente. Isso permite que empreendedores que, de outra forma, seriam considerados de alto risco pelos bancos tradicionais, consigam financiamento para expandir seus negócios.
Além do crédito, as fintechs também oferecem soluções de pagamento e investimento que são acessíveis a um público mais amplo. Por exemplo, plataformas de pagamentos digitais e carteiras eletrônicas têm facilitado transações comerciais para pequenos negócios, enquanto aplicativos de investimento tornaram-se uma forma viável para que indivíduos investissem pequenas quantias de dinheiro, promovendo a cultura do investimento entre classes menos favorecidas.
O futuro da inclusão financeira no Brasil parece promissor, com as fintechs desempenhando um papel central nessa evolução. As expectativas são de que, à medida que a tecnologia avança e se torna mais acessível, um número ainda maior de brasileiros será integrado ao sistema financeiro. A regulamentação do setor também está se adaptando para permitir um ambiente mais seguro e inovador, o que pode estimular ainda mais o crescimento das fintechs.
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Além disso, iniciativas de educação financeira estão se tornando mais comuns, ajudando a capacitar os consumidores a fazer escolhas mais informadas sobre produtos financeiros. Essa combinação de acesso a serviços e educação pode levar a uma sociedade mais financeiramente consciente e empoderada.
Fernando Nunes é CEO cofundador da Transfeera, fintech que fornece infraestrutura de pagamento instantâneo para empresas. Fernando possui mais de 15 anos de experiência em comunicação digital, atuando na Sapient AG2, A2C e na ContaAzul. Estruturou as áreas de Marketing, Vendas e Customer Experience da Transfeera. Como CEO, lidera a empresa estrategicamente para escala.