Fundador do blog e canal “Você MAIS Rico”, no YouTube, Perini também é host no podcast “Os Sócios”, o 2º maior do nicho de negócios do Brasil, além de sócio no Grupo Primo.

@bruno_perini

Escreve mensalmente, às quintas-feiras

Bruno Perini

Por que o Brasil virou um dos melhores países para investir

Já subimos juros para controlar a inflação e estamos com a Bolsa num dos níveis mais baratos dos últimos anos

Emergência de saúde aumentou busca por planejamento sucessório. (Foto:Envato Elements)

Quem me acompanha há mais tempo sabe que tenho um certo pessimismo estrutural com o Brasil.

Assim como quem fica tempo demais num cassino, mesmo que comece ganhando, acabará perdendo dinheiro.

Ficar otimista demais com o Brasil pode ter um efeito similar para o grosso das pessoas. Porém, e isso é interessante, a menos de 2 meses de uma eleição imprevisível, eu estou otimista com Brasil independentemente de quem ganhar.

“Bruno, então você está dizendo que não há diferença entre os candidatos?” Não é isso.

“Então você está otimista com a volta do PT?”

Também não, meu caro seguidor com problemas de interpretação de texto e propensão a rusgas ideológicas. O que estou dizendo é que estou otimista APESAR da incerteza da eleição. Estou otimista APESAR da chance de um corrupto condenado ganhar o pleito para o cargo mais importante do País.

E basicamente isso acontece porque o mundo piorou tanto que, no relativo, o Brasil virou um dos melhores países para investir.

Viramos um dos melhores países para investir?

É isso mesmo: viramos a menina mais bonita da sala porque todas as outras perderam os dentes da frente e pegaram caxumba.

Não acredita? Então vamos por partes, pegando primeiro os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Rússia está em guerra com a Ucrânia há 8 meses, perdendo um número relevante de pessoas economicamente ativas, sofrendo sanções e sem perspectiva de final do conflito.

Índia e China são países com bilhões de habitantes, mas justamente por isso são importadores de commodities (matérias-primas negociadas num mercado global) num momento de preços altos e dólar caro. Isso é bem ruim.

China ainda usa políticas de Covid zero, está adotando posturas contra o mercado e sofre com uma crise imobiliária que já motivou até mesmo corridas bancárias.

Quanto à África do Sul, se você pensa que o Brasil ou os EUA são um país dividido, imagine a tensão social num país que teve uma política de Apartheid (segregação racial) até 1994. A Índia também tem um problema similar com sua tradição de castas.

Analisando a situação do mundo

Países assim são um barril de pólvora. Quer desestabilizá-los? Basta pegar as diferenças naturais que existem numa democracia e aumentá-las até que os grupos sejam incapazes de manter diálogo.

Promova a luta de classes, gêneros, religiões, etnias etc. O resultado, sobretudo com uma crise econômica envolvida e preço de alimentos nas alturas, tende a ser uma revolução.

Indo além dos BRICS, temos boa parte da América Latina afundando.

Normalmente fala-se apenas em países desenvolvidos e emergentes, mas vou sugerir a criação de um novo grupo: os “submergentes”. Porque não dá para chamar a Argentina de emergente se ela só piora ano após ano.???????

E pegando até os países europeus desenvolvidos, lá temos problemas bem complexos de serem resolvidos.

Inflação mais alta dos últimos 40 anos, dependência energética da Rússia (o que leva o preço da energia, insumo necessário para se fazer e transportar tudo, nas alturas) e dificuldade para subir juros porque vários países do bloco têm relação Dívida/PIB explosiva.

No final, veja que sobra o Brasil.

Como viramos um local seguro para investir?

Somos exportadores de commodities num mundo com dólar alto (e que tende a ficar alto com subida de juros nos EUA).

Temos nossas diferenças, mas menores que as dos outros porque somos miscigenados em tudo – há quem se diz católico, mas vai no centro espírita tomar passe e pula 7 ondas no final do ano.

Já subimos juros para controlar a inflação e estamos com a Bolsa num dos níveis mais baratos dos últimos anos.

E um último ponto importante: o momento para o Brasil é tão bom que o próximo presidente provavelmente terminará sendo muito popular caso não faça besteiras demais.

Com exportações de commodities bombando e preços nas alturas, é muito mais fácil governar.