Comportamento

Ele deixou o Exército pelas finanças e fatura hoje R$ 6 mi por curso

O influenciador digital Bruno Perini criou cursos sobre como viver de renda e tem mais de 25 mil alunos

Ele deixou o Exército pelas finanças e fatura hoje R$ 6 mi por curso
O influenciador Bruno Perini comanda o curso 'Viver de Renda' e se dedica ao novo canal do Grupo Primo, o Primoverso (Foto: Helcio Nagamine/ESTADAO) 
  • Enquanto ainda estava no Exército, sua esposa, Malu Perini, continuou a produzir conteúdo para as redes sociais e começou a criar produtos digitais para vender ao seu público.
  • Em 2017, a primeira turma no curso da Hotmart, que teve audiência vinda das redes sociais de Malu, tinha expectativa de vender uma vaga, mas foram 50, com faturamento de R$ 30 mil.
  • “Para que a gente fique em voga em um cenário competitivo, já que qualquer pessoa pode produzir conteúdos sobre finanças na internet, temos que ter sucesso nos negócios."

(Lucas Agrela, especial para o E-Investidor) – Bruno Perini era bacharel em ciências militares, foi o primeiro colocado da turma de artilharia de 2010, na Academia Militar das Agulhas Negras, e pós-graduado em defesa do litoral e antiaérea. Mas o interesse que tinha por finanças pessoais e o sonho de atingir a independência financeira falou mais alto. O objetivo era alcançar a marca de R$ 1 milhão na conta, mas, como as economias e investimentos não eram suficiente para bater a meta, viu na internet uma chance de multiplicar os ganhos de maneira exponencial.

“Eu e a minha esposa tínhamos blogs, eu de finanças e ela de lifestyle. Eu falava que rede social era perda de tempo, até que notei que 500 pessoas por dia viam os vídeos dela. O meu mérito foi ter mudado de ideia rápido”, diz Perini. “No quartel onde eu servia, havia 120 pessoas e aquele número era quatro vezes maior. Pensei que se conseguisse vender um produto que solucionasse um problema daquela audiência por R$ 1 mil, teria R$ 500 mil. Se fosse por R$ 2 mil, teria R$ 1 milhão, a nossa meta de investimento.

Enquanto ainda estava no Exército, sua esposa, Malu Perini, continuou a produzir conteúdo para as redes sociais e passou a criar produtos digitais. Bruno também desenvolveu um curso próprio na plataforma Hotmart, chamado “Viver de Renda”, no qual ensina como investir para conquistar a independência financeira.

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A proposta era simples: contar tudo o que havia aprendido ao longo de 12 anos e que o levou a um patrimônio investido de R$ 880 mil. Desde o começo, o negócio digital era visto como uma chance de transformar o “trabalho por obrigação” por uma opção, em um nicho muito escalável, com baixo custo de produção e risco quase inexistente.

A primeira versão do “Viver de Renda” foi feita com orçamento base zero. Os gastos foram com um celular da Samsung, um Galaxy S6 de tela trincada, luminárias caseiras e um pote de whey protein que servia como suporte aos equipamentos. Sem contar o smartphone, o orçamento foi de R$ 130.

Em 2017, a primeira turma do curso foi formada pela audiência vinda das redes sociais de Malu. A expectativa era vender uma vaga, mas foram 50 em apenas uma hora com faturamento total de R$ 30 mil. Nesse mesmo ano, Perini pediu desligamento do Exército. O plano do casal sempre foi aprimorar o produto a cada lançamento de turma. Com isso, os ganhos foram aumentando. Desde 2020, o faturamento médio por turma foi de R$ 6 milhões, com um pico de R$ 8 milhões, ocasionado por um período mais longo entre um lançamento e outro. Hoje, o Viver de Renda acumula mais de 25 mil alunos.

“Dar uma aula para uma pessoa ou para duas mil na internet é a mesma coisa. Mas o negócio dependia totalmente de mim. Em 2018, tive um problema de hérnia de disco que me deixou em uma cadeira de rodas por dois meses, e mais algum tempo para ter uma recuperação completa. Com isso, a receita do meu negócio caiu a zero e da minha esposa também derreteu porque ela também cuidava de mim. Vi que não tínhamos uma empresa, mas uma ‘eupresa’”, conta Perini, que também é colunista no E-Investidor.

Após esse revés, Bruno passou a procurar formas de expandir o negócio e encontrou Thiago Nigro, fundador do canal no YouTube Primo Rico, e Joel Jota, ex-atleta profissional de natação que hoje atua como mentor de alta performance e tem diversos livros publicados.

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Com a aliança entre eles, surgiu o Grupo Primo, que hoje tem o Finclass, uma plataforma digital que reúne aulas sobre finanças, e o Staage, que tem ensinamentos sobre marketing digital. Os serviços têm modelo de negócio baseado em assinatura e podem trazer ao grupo uma receita perene e que aumenta a cada mês.

Sem deixar o próprio canal no YouTube e o Instagram de lado, Perini se dedica agora ao universo do Bitcoin, com o Viver de Renda Cripto e o novo canal do Grupo Primo, o Primoverso, onde os três sócios e outros influenciadores publicam conteúdos sobre o assunto. Para essa finalidade, o grupo também comprou uma parte da empresa de educação sobre criptomoedas chamada Paradigma. A meta de Bruno, com a empresa que surgiu a partir de um negócio criado em casa, é levar o Grupo Primo para a Bolsa de Valores nos próximos anos.

“Para que a gente fique em voga em um cenário competitivo, já que qualquer pessoa pode produzir conteúdos sobre finanças na internet, temos que ter sucesso nos negócios. O Abílio Diniz construiu uma empresa, e não só a própria imagem. Só assim enxergamos que teremos mais longevidade do que apenas sendo influenciadores soltos no mercado”, diz.

Com o aumento de pessoas especializadas em finanças produzindo vídeos para a internet, a competição pela atenção dos consumidores fica mais acirrada, o que pode levar influenciadores a fazer alianças ou sociedades com empresas, visando reduzir o custo de aquisição de novos clientes. Com isso, a parceria que levou à criação do Grupo Primo é um movimento de consolidação de mercado já visto em outros setores no passado e aponta um novo patamar de maturidade do nicho de influenciadores digitais.

“Fazendo analogia com mercados antigos, como dizia Mark Twain, a história não se repete, mas ela rima. No mercado de automóveis, quando o Henry Ford surgiu com o modelo dele da linha de produção, ele não era o inventor do automóvel, nem da linha de produção. Já tinha açougues em Detroit que dividiam as etapas de trabalho para serem mais produtivos. Nessa época, existiam cerca de 500 empresas de carros e hoje esse número é muito menor. O mercado se consolidou e isso vai acontecer com os influenciadores”, afirma Perini.

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