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Carol Sandler é fundadora do Finanças Femininas, a maior plataforma online do Brasil de educação financeira para mulheres. É apresentadora do podcast “Meu Dinheiro, Minhas Regras” e colunista da Rádio Bandeirantes e dos portais da revista Claudia e E-Investidor. Autora dos livros “Dinheiro Nasce em Árvore?” e “Detox das Compras”, além de coautora do “Finanças Femininas – Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos”. Formada em Jornalismo (PUC-SP), estudou relações internacionais no Instituto de Estudos Políticos da França (Sciences Po) e liderança feminina em Wharton.

Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias

Carol Sandler

Black Friday: A psicologia econômica ensina os riscos da extravagância

Assim como a Black Fraude, você pode ser um perigo para suas finanças

Foto: Nilton Fukuda/Estadão
  • A Black Friday poderia ser usada como estudo de caso do efeito manada – a nossa tendência de imitar o comportamento dos outros, mesmo sem saber os motivos deles
  • Algumas marcas realmente preparam descontos importantes – mas várias outras seguem estratégias feias para enganar o consumidor

Todo mundo está cansado de saber dos perigos da Black Fraude, o apelido que a Black Friday ganhou depois de tantas ofertas enganosas. Algumas marcas realmente preparam descontos importantes – mas várias outras seguem estratégias feias para enganar o consumidor.

Basta acompanhar a hashtag #BlackFraude no Twitter para ver a quantidade de denúncias de varejistas que aumentam os preços aos poucos antes da data só para oferecer aquele produto pela “metade do dobro”. Outras que nem se dão o trabalho: riscam o preço original na oferta e colocam ele abaixo, em vermelho, indicando o desconto. Mas se você vai ler qual era o valor original, descobre que não há desconto algum.

No entanto, sabemos existem sim ofertas reais – mas isso não quer dizer que elas não são perigosas, viu? Pelo contrário. O risco de se gastar além da conta na Black Friday é real. Em uma pesquisa da MField Test, 56% dos entrevistados disseram estar com sua saúde financeira comprometida por conta da pandemia e, ainda assim, 23% deles pretendem comprar algo na Black Friday.

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As expectativas do varejo são grandes: de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio, a data deve gerar um faturamento recorde de 3 bilhões e 700 mil reais, um aumento de 6% na comparação com o ano passado. Se isso se confirmar, será a primeira data do varejo a registrar crescimento neste ano, marcado pela pandemia.

Por que somos tão vulneráveis às ofertas, mesmo quando sabemos que a nossa situação financeira não permite extravagâncias? A psicologia econômica explica.

Em primeiro lugar, a Black Friday poderia ser usada como estudo de caso do efeito manada – a nossa tendência de imitar o comportamento dos outros, mesmo sem saber os motivos deles. O nome vem das manadas de elefantes – quando um sai correndo, todos os outros vão em disparada, muitas vezes sem motivo.

Nós fazemos o mesmo. É só pensar nos restaurantes que vivem com fila na porta – ao passar na frente, é quase inevitável pensar que se o lugar vive cheio, é porque deve ser bom, certo? Na Black Friday, vemos todos à nossa volta fazendo compras e aproveitando ofertas – e você não quer ficar de fora, certo?

Além do efeito manada, a Black Friday também nos provoca um senso de urgência. Quando vemos aquele cronômetro que indica quantos minutos faltam para a oferta acabar, somos tomados por uma pressa para comprar. Ou então, vemos que só há mais três unidades disponíveis e o medo da escassez toma conta de nós.

Nestes momentos, ninguém faz uma pausa pra refletir se a compra vale mesmo a pena ou não, se é necessária ou mesmo se vai ter dinheiro para pagar a fatura do cartão quando a conta chegar. A urgência e a escassez destroem o nosso espírito crítico.

Junto destes efeitos, entra em cena a aversão à perda. Ao ver o desconto, nosso cérebro já começa a pensar que o produto já é nosso – e não queremos correr nenhum risco de perde-lo (especialmente com aquele cronômetro que mostra que a oferta está quase acabando).

Como lidar então com as tentações da Black Friday? Minha sugestão:

  • 1. Faça duas listas: desejos e necessidades

Quando você desenha os seus objetivos com clareza, fica mais fácil evitar outras tentações no meio do caminho. Além disso, você não corre o risco de esquecer de comprar algo na data. É o mesmo funcionamento da lista de supermercado.

  • 2. Estabeleça o seu orçamento

Ninguém tem verba livre – e não dá pra agir desta forma, especialmente numa data tão complexa. Saber exatamente quanto você pode gastar permite que você consiga aproveitar ofertas reais e fugir de compras desnecessárias por impulso

  • 3. Pesquise preços no Google Shopping

Essa ferramenta reúne e compara os preços – o que facilita muito na hora de encontrar a melhor loja para cada compra. A pior sensação é descobrir que você podia comprar aquele produto com ainda mais desconto em outro site, não é?

  • 4. Use o app Zoom para descobrir se a oferta é enganosa

Já este app mostra o histórico dos preços e evita que você caia em qualquer oferta enganosa.

  • 5. Verifique a reputação da loja

Uma pesquisa em sites como Reclame Aqui e Procon é fundamental, pois especialistas em segurança vivem apontando que a Black Friday é o “Natal dos golpistas”. Com tantas pessoas em busca de ofertas, é fácil um criminoso criar um site fake. E na hora de comprar, sempre verifique se há o símbolo de cadeado ao lado da barra de endereços do seu navegador.