O que este conteúdo fez por você?
- Por tratar-se da principal taxa da nossa economia, os movimentos da Selic chegam à vida financeira de todos nós, impactando o consumo, o acesso ao crédito por parte de pessoas físicas e jurídicas e os indicadores econômicos
- Se você ainda não está posicionado em bolsa, a boa notícia é que ainda há boas oportunidades em setores que brevemente irão começar a reagir de maneira mais intensa à mudança de ciclo
Na reunião desta semana, o Comitê de Política Monetária (COPOM), fez um corte de 0,50 pp na taxa básica de juros da economia, que desceu de 13,75% para 13,25% ao ano.
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Esse é o primeiro corte na taxa de juros desde agosto de 2020 e, de acordo com o comunicado emitido pelo Copom, marca o início do ciclo de queda da Selic, já aguardado pelo mercado há algum tempo.
Hoje eu vou te explicar de forma bem simples como essa mudança de ciclo altera também as perspectivas dos investimentos.
O que significa a queda da taxa Selic
Por tratar-se da principal taxa da nossa economia, os movimentos da Selic chegam à vida financeira de todos nós, impactando o consumo, o acesso ao crédito por parte de pessoas físicas e jurídicas e os indicadores econômicos.
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Quando a Selic está em baixa, a economia tende a estar aquecida, com maior consumo já que o crédito mais barato estimula as pessoas físicas e empresas a dispenderem mais capital em compras de bens e serviços.
Esse aquecimento da economia faz com que os resultados das empresas melhorem e, consequentemente, o valor destas também sobe. Se você considerar que um significativo volume de empresas que movimentam nossa economia são listadas em bolsa de valores, certamente já compreendeu que a queda da Selic é um movimento intimamente ligado à alta na Bolsa.
O que muda nos investimentos
Por ser a taxa básica da economia, a Selic em queda força para baixo as taxas dos títulos da dívida pública, ou seja, aqueles títulos federais negociados pelo Tesouro Nacional através do Tesouro Direto.
Como a Selic também baliza as negociações interbancárias, a remuneração de títulos de dívida privada como os CDBs dos bancos também tem redução.
O efeito direto é que com redução no custo de suas dívidas, leva as instituições financeiras a terem melhor margem para disponibilizar crédito. Percebe como tudo está interligado?
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Nesse cenário de mudança de ciclo, títulos referenciados ao IPCA e alguns prefixados apresentam taxas que os mantêm interessantes por mais algum tempo. Portanto, se dentro de seu planejamento financeiro devidamente balanceado, ainda couber um pouco de renda fixa, vale a pena avaliar o que ainda possibilita travar boas taxas antes dos próximos cortes da Selic e queda da inflação.
De qualquer forma, a mudança de ciclo dará para o investidor mais conservador maiores desafios, já que a renda fixa começa a oferecer prêmio de risco mais baixo.
É o momento de ir para a bolsa de valores?
Na verdade, essa pergunta tem duas respostas: uma delas é que sempre é momento de ir para a bolsa de valores, se no seu horizonte de investimentos está a perspectiva de valorização patrimonial em maior escala.
E a outra resposta, mais atrelada ao momento específico, é que o momento de começar a se posicionar em bolsa já está acontecendo há um bom tempo, justamente porque o mercado antecipa tendências. Então, quem começou a aportar aproveitando as excelentes oportunidades com ativos sub precificados, entra agora na fase de começar a ver seus esforços sendo recompensados.
Mas, se você ainda não está posicionado em bolsa, a boa notícia é que ainda há boas oportunidades em setores que brevemente irão começar a reagir de maneira mais intensa à mudança de ciclo.
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Se antes da pandemia os reflexos das mudanças na taxa Selic iam se consolidando ao longo de aproximadamente seis meses, no pós-pandemia isso mudou um pouco. A reconfiguração dos mercados decorrente de três anos desafiadores para o mundo todo, onde o ordenamento financeiro assumiu outras perspectivas, tem levado a uma dilatação do prazo para que cortes da taxa de juros mostrem seus efeitos de forma contundente.
Já há estudos demonstrando que o horizonte para que fundamentos de política monetária surtam efeitos práticos podem ser de até 15 meses, ou seja, até meados de 2025 iremos ver investimentos em renda variável entregando performance a quem se posicionou adequadamente neste período.
Quais setores da bolsa se beneficiam com a queda da Selic
Eu nunca recomendo que o pequeno investidor fique girando a carteira em função do ciclo econômico. Bolsa de valores é um investimento de longo prazo e o seu portfólio precisa refletir suas metas, ou seja, você deve ter em carteira uma diversificação de setores que proporcione segurança e ao mesmo tempo forneça uma rentabilidade média em consonância com aquela necessária aos objetivos que você tenha traçado.
Dentro do balanceamento de carteira que você for realizar a cada momento, é fundamental levar em conta o cenário e as perspectivas no curto, médio e longo prazo, de forma a aproveitar certas oportunidades e, dessa forma, acelerar o tempo em que irá alcançar objetivos.
Nesse contexto, temos, no cenário de queda da Selic, alguns setores que começarão em breve a se beneficiar:
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Setor imobiliário: A redução dos juros torna o crédito mais acessível e as parcelas de financiamentos imobiliários mais atrativas, o que pode impulsionar a demanda por imóveis.
Companhias do setor imobiliário, incluindo construtoras e incorporadoras, podem apresentar crescimento de vendas e valorização de seus ativos.
Setor de bens de consumo: Com juros mais baixos, o crédito ao consumidor tende a ficar mais barato, estimulando o consumo e impulsionando empresas do setor de varejo, bens de consumo e serviços. A redução da taxa Selic pode favorecer o aumento das vendas e a melhoria do desempenho financeiro dessas empresas.
Setor bancário: Embora a redução da Selic signifique redução de margem de lucro dos bancos em operações de crédito, por outro lado, os juros menores tendem a impulsionar a carteira de empréstimos e financiamentos dos bancos.
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Além disso, as instituições financeiras também podem se beneficiar com a queda nos custos de captação, refletindo em maiores margens em outras operações e, dessa forma, apresentar resultados relevantes que levam à valorização de seus ativos.
Setor de infraestrutura: projetos de infraestrutura tendem a ter custos de financiamento menores, viabilizando investimentos em projetos de grande porte, como obras de infraestrutura, logística, e energia, refletindo positivamente em seus resultados financeiros.
Setor de tecnologia: o aumento do consumo impulsionado pela menor taxa de juros pode refletir em maior demanda por produtos e serviços tecnológicos. Com isso, empresas ligadas ao setor devem apresentar boa reação, na medida em que consigam atrair investimentos em projetos inovadores.
Claro que esse é um panorama geral, mas que tem suas especificidades, pois cada setor é influenciado por diferentes variáveis da macroeconomia, política e pelas próprias perspectivas do mercado. Por isso mencionei que uma carteira de investimentos eficiente não é aquela que muda junto com os ciclos, mas sim aquela que reflete um planejamento de longo prazo estruturado.
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Eu trato disso tudo em detalhes no MBA Mira na Independência, que começa este mês, e também nas minhas redes sociais, onde disponibilizo inúmeras aulas gratuitas sobre investimento, ciclos econômicos e demais temas que podem te ajudar a investir com consistência. Te espero lá!