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- As pessoas questionam se agora é hora de comprar ativos na Bolsa
- As pessoas questionam se agora é hora de comprar ativos na Bolsa ou se elas correm risco de comprar papéis agora e tudo virar pó depois
Começo a coluna desta semana citando os questionamentos que mais ouço nos últimos tempos. Agora é hora de comprarmos ativos na Bolsa? Há expectativas de recuperação das ações que passaram os últimos meses em derrocada? Ou corro o risco de comprar papéis agora e tudo virar pó do dia para a noite?
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Infelizmente, ainda não consigo prever o futuro. Mas, como de praxe, me atenho aos números para trazer insights e ajudá-los nessa análise.
Pois bem: para isso, volto a dois parâmetros amplamente utilizados pelo mercado para avaliar se uma ação está com preço alto ou baixo: o P/L (Preço/Lucro) e o P/VPA (Preço/Valor Patrimonial). Ao longo do texto, a ideia é entender como esses indicadores consolidados da B3 se comportaram frente às mais recentes pressões econômicas. Para isso, levo em conta como espaço de amostra os últimos 63 trimestres, partindo do quarto de 2007 – pré-crise de 2008, até agora, maio de 2023.
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Antes de seguirmos para a análise propriamente dita, talvez valha darmos um passo para trás. O que são exatamente esses índices e como eles refletem ou não o valor relativo de um papel? Construído a partir da divisão do preço da ação (P) por seu lucro líquido por ação (LPA) nos últimos 12 meses, o P/L, em teoria, aponta para quanto o investidor demoraria (em anos) para receber o preço da ação em forma de lucro. Ele nos dá, portanto, uma noção do quanto o mercado está disposto a pagar pelos lucros da empresa.
Nesse sentido, quanto mais alto o P/L, maior a disposição do mercado. Há, no entanto, quem considere um P/L elevado como um sinal de que a ação está demasiadamente cara. Esta é uma possibilidade, mas também pode indicar altas expectativas do mercado em relação a esse papel, o que por sua vez impulsiona seu preço para cima.
Já P/VPA traz a relação entre o preço da ação de uma empresa (P) e seu valor patrimonial por ação (VPA). Em outras palavras, o múltiplo indica o quanto os investidores estão pagando pelo patrimônio líquido dessas companhias. Quando o resultado é próximo de 1, há indicação de que a ação está sendo negociada em equivalência a seu valor patrimonial. Se menor, em geral, ela está descontada, mais barata. Quando fica acima de 1, há indícios de uma sobrevalorização.
Sigamos enfim para os números. No dia 12 de maio deste ano, quando extraí os dados da plataforma do TradeMap, o P/L da mediana das ações das empresas listadas na B3 era de 6,74 anos. É importante ressaltar que existem diversas metodologias para calcular esses indicadores consolidados do mercado e cada uma delas tem suas próprias limitações. Neste caso, utilizamos uma metodologia mais simples, que reflete o comportamento do mercado, considerando a mediana dos indicadores usando a ação mais líquida de cada empresa.
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Em um espaço de quase 16 anos, somente em 12 ocasiões temos o indicador menor do que o registrado atualmente. No primeiro trimestre de 2020, inclusive, quando vivíamos o ápice da crise financeira provocada pela pandemia da covid-19, o indicador era mais favorável – 7,6 anos.
Ao longo de todo o período analisado, a mínima do P/L se deu em setembro de 2015 – 5,34 anos na ocasião. Na época, a economia brasileira era altamente impactada pelos escândalos da Operação Lava Jato, que vivia ali seu auge. Não à toa, os principais indicadores do mercado começaram a desabar. O segundo menor registro se deu no quarto trimestre de 2008, durante a crise do subprime, quando os mercados imobiliário e financeiro globais assistiram a seus pilares sacudir.
Atualmente, o P/VPA do mercado está em 1,04 vezes – mínima que foi superada em 16 ocasiões, 10 das quais entre março de 2015 (0,88) e junho de 2017 (0,97). Não à toa, o período que coincide e abarca a mínima de P/L da qual já falamos, atingida em razão das instabilidades políticas e econômicas do auge da Lava Jato.
Como falamos, um indicador P/VPA inferior a 1, em grande parte das vezes, pode indicar uma oportunidade de compra. Isso porque a ação está sendo negociada abaixo do seu valor patrimonial – e, em geral, há uma expectativa por sua recuperação a médio e longo prazo.
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Feita todas essas considerações, volto à pergunta do início. É um bom momento para se investir na Bolsa? Considerando o P/L e o P/VPA, podemos afirmar que o mercado está, sim, barato – em níveis abaixo dos registrados durante a pandemia em março de 2020 e bastante próximo das mínimas registradas junto às crises de 2008 e 2015.
Dada a análise histórica que fizemos aqui, a recuperação recente, ainda que pequena, deve se transformar em tendência, trazendo ganhos aos investidores que comprarem ações na B3.
Mas fica aqui o meu alerta: é importante lembrar que esses indicadores são apenas uma das várias ferramentas de análise utilizadas para avaliar uma ação e eles devem ser utilizados em conjunto com outras métricas para uma avaliação mais completa. Porém, temos aqui um bom começo para te guiar sobre a decisão de investir ou não na Bolsa.