- Empresas que conseguem manter ou aumentar seus dividendos durante períodos de volatilidade econômica demonstram gestão financeira sólida e base de lucro sustentável
- O cálculo do dividend yield nos permite projetar retornos, avaliar empresas maduras e comparar diferentes setores
- O DY oferece uma visão clara do retorno direto em dividendos, especialmente relevante para quem mira na renda passiva
Identificar papéis com retornos robustos e estáveis via dividendos é sempre uma tarefa difícil no ambiente volátil do mercado de ações. O futuro é incerto e o chão sob os pés do investidor pode se mover a qualquer momento. Ainda assim, lançando mão de alguns critérios objetivos de seleção, vale a pena encarar o desafio e aprender um pouco mais sobre a lógica das finanças.
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Fomos à caça de ações que prometem um dividend yield (isto é, um rendimento do dividendo, ou simplesmente DY) superior a 10% nos próximos 12 meses. O DY é calculado pela divisão dos dividendos anuais de uma ação versus seu preço. Ele oferece, portanto, uma visão clara do retorno direto em dividendos, especialmente relevante para quem mira na renda passiva.
Neste experimento, consideramos ações que contemplam dois critérios: volume financeiro médio diário superior a R$ 1 milhão nos últimos 12 meses e DY recorrente mês a mês acima de 6% entre junho de 2023 e maio de 2024.
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Descobrimos 19 ações que prometem ganhos de dividendo superiores a 10% até maio de 2025. Os papéis pertencem a 15 companhias de diferentes setores, com destaque para energia elétrica, com seis empresas, além de minerais metálicos e siderurgia. A projeção se refere a um cenário no qual o investidor comprou o papel em 31 de maio deste ano.
Os maiores dividend yields da B3
Entre as ações mais promissoras, destacam-se Metal Leve (LEVE3) com um dividend yield projetado de 25,34% e dois papeis da Petrobras (PETR3 e PETR4), com DY projetados de 17,93% e 18,82%, respectivamente.
Em termos de rentabilidade nos últimos 12 meses, Petrobras (PETR4) destacou-se com um desempenho de 81,44%, seguida por Banco BMG (BMGB4), com 78,80%. Por outro lado, Mitre Realty (MTRE3) teve a pior rentabilidade, com -27,41%, seguida por Metal Leve (LEVE3) com -2,70%, apesar do alto dividend yield projetado devido à queda no preço das ações. É importante lembrar que a rentabilidade já considera o reinvestimento de dividendos na compra de novas ações.
DY: modos de usar
Nove das ações aqui selecionadas estão no Ibovespa. Treze delas constam no Índice de Dividendos (IDIV), sinal de um histórico consistente de distribuição de ganhos. Mas seis das 19 ações não estão presentes em nenhum desses índices. Isso corrobora o argumento de que o DY dá tridimensionalidade à análise financeira, revelando dificuldades ou oportunidades antes ocultas.
O cálculo do dividend yield nos permite projetar retornos, avaliar empresas maduras e comparar diferentes setores. Empresas que conseguem manter ou aumentar seus dividendos durante períodos de volatilidade econômica demonstram gestão financeira sólida e base de lucro sustentável, o que naturalmente atrai investidores mais focados em previsibilidade.
Isso ajuda ainda a identificar novas oportunidades de valor, uma vez que um alto DY costuma ser sintoma de uma ação subvalorizada. Mas aqui é preciso cautela: essa mesma métrica pode sinalizar falsa segurança, quando derivada de uma queda acentuada no preço das ações, o que indica problemas subjacentes na empresa. Ademais, empresas com altos dividendos podem ter crescimento limitado, pois destinam menos recursos à expansão.
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O segredo, como sempre, é fugir das análises superficiais, concatenando o cálculo do DY a uma observação atenta do histórico financeiro de uma companhia.
Projeção não é “futurologia”
Ainda que apoiada em critérios técnicos, sabemos que nossa projeção de DY para os próximos 12 meses pode não se concretizar. O mercado financeiro não é uma ilha. Ele obedece a uma lógica inteligível, mas reage também às condições políticas, sociais e até culturais que lhe são externas.
Por isso, o cumprimento da meta de um DY superior a 10% nos próximos 12 meses depende de fatores como a manutenção da política de distribuição de dividendos das empresas (que pode ser alterada por decisão do board) e uma lucratividade igual ou superior à registrada nos últimos 12 meses.
É indispensável, portanto, examinar com frequência relatórios financeiros e acompanhar declarações de lucros. A consistência no pagamento de dividendos, por exemplo, oferece insights sobre a estabilidade financeira da companhia, mas é crucial avaliar a sustentabilidade desses pagamentos. O potencial de crescimento também deve ser levado em conta, pois empresas em expansão tendem a oferecer DYs menores, mas maior potencial de valorização.
Em suma, o dividend yield precisa ser contextualizado. Toda projeção pode (e deve) ser cotejada e ajustada de acordo com uma análise histórica, com as mudanças nas condições de mercado e com a dinâmica específica do setor de cada empresa.
Conclusões
A lista de 19 ativos aqui mencionados não é uma recomendação de investimento – até porque isso dependeria de outros incontáveis fatores, inclusive subjetivos –, mas um exercício técnico e, sobretudo, uma chance de aprendizagem.
Procuramos ilustrar como o dividend yield é uma ferramenta poderosa de análise financeira. Utilizado em conjunto com outras métricas e com uma avaliação qualitativa de cada empresa, ele é um aliado do investidor na hora de tomar decisões informadas e maximizar retornos.
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