Como marshmallow e paçoca ajudam na educação financeira de jovens

O que este conteúdo fez por você?

O Experimento do Marshmallow faz parte de uma série de estudos sobre "recompensa postergada". Ele foi criado em 1960 pelo psicólogo Walter Mischel, então professor da Universidade de Stanford, e já foi replicado milhares de vezes ao redor do mundo
Para comprovar a importância do autocontrole na vida das pessoas, o experimento consiste em reunir um grupo de crianças em uma sala e dar a cada uma delas uma unidade de marshmallow
Na Multiplicando Sonhos, o experimento é replicado utilizando paçocas

As atividades da Multiplicando Sonhos em 2022 continuam a todo vapor. Somente neste primeiro semestre, já impactamos cerca de 850 alunos de escolas públicas, com previsão de ultrapassar 1.000 até o fim do período.

Quando iniciei, em 2019, esse projeto que leva educação financeira para jovens de escolas públicas, uma das minhas preocupações era fazer um curso eficiente e que simulasse experiências da vida real.

Entendi que além dos conteúdos teóricos sobre gestão financeira, fluxo de caixa e planejamento, era preciso levar aos jovens discussões sobre comportamento.

Todo mundo sabe que guardar dinheiro é importante. Então, por que ainda assim é tão difícil fazer isso? Bom, porque uma coisa é aquilo que a gente sabe racionalmente e outra é a nossa ação prática, muitas vezes influenciada pelas nossas crenças, sentimentos e o contexto no qual estamos inseridos.

Apesar de sabermos que praticar exercícios físicos é importante para a saúde do corpo e da mente, a não ser que você venha de uma família fisicamente ativa, é preciso um tremendo empenho para fazer disso um hábito.

Isso acontece porque, segundo um estudo da Universidade de Columbia, uma pessoa comum toma, em média, 70 decisões por dia. E cada uma delas passa pelo nosso cérebro, que tem uma fonte limitada de energia e preza, na maioria das vezes, por decisões que exigem o menor esforço.

Como já mencionei algumas vezes em textos destas colunas, para poupar energia nosso cérebro tem um mecanismo automático de resposta. É ele que nos faz agir por impulso, sem pensar, priorizando o prazer imediato. E quando utilizamos esse mecanismo para lidar com as finanças, podemos cair em grandes armadilhas.

Fazer jovens entenderem isso de forma simples e didática não é fácil. Por isso, entendi que seria preciso apelar para as paçocas. Sim, é isso mesmo que você leu: Paçocas!

Do marshmallow às paçocas

Para exemplificar tudo isso aos alunos da Multiplicando Sonhos, eu gosto de repetir o Experimento do Marshmallow na nossa sétima aula do programa de educação financeira, que é quando introduzimos o tema Economia Comportamental.

O Experimento do Marshmallow faz parte de uma série de estudos sobre “recompensa postergada”. Ele foi criado em 1960 pelo psicólogo Walter Mischel, então professor da Universidade de Stanford, e já foi replicado milhares de vezes ao redor do mundo.

Para comprovar a importância do autocontrole na vida das pessoas, o experimento consiste em reunir um grupo de crianças em uma sala e dar a cada uma delas uma unidade de marshmallow.

O instrutor do experimento explica então que, se elas quiserem, podem comer o marshmallow imediatamente. Mas, se esperarem até o final de um determinado período, elas ganharão mais um marshmallow, ou seja, terão um retorno de 100%.

Os relatórios do experimento mostram que, no teste, algumas crianças comeram o doce imediatamente, outras o cheiraram, outras deram leve mordidas e, algumas, se mantiveram firmes, não comeram e receberam a recompensa ao final.

Essas mesmas crianças foram acompanhadas ao longo de suas vidas e ficou constatado que aquelas que não comeram o marshmallow tiveram melhores retornos em seus estudos, trabalhos e projetos pessoais. Tudo reflexo, é claro, do autocontrole delas.

Dito isso, na Multiplicando Sonhos, gosto de replicar esse experimento utilizando paçocas (afinal, estamos no Brasil). No início da sétima aula do curso, entrego paçocas aos alunos e explico a condição caso eles esperem até o final da aula para comê-las.

Nesta altura do curso, a maioria dos alunos já entendeu a relação entre tempo e recompensa e por isso não comem a paçoca. Porém, eles se surpreendem quando, ao final da aula, eu explico sobre o experimento e os impactos nas vidas reais das pessoas.

Na prática

Outra prática que tenho adotado ao longo destes anos em sala de aula é a de acompanhar a vida dos alunos e medir o real impacto da Multiplicando Sonhos em suas vidas. Neste ano, apesar de ainda estarmos no começo, já consigo ver o comportamento e o discurso deles mudando. E isso é muito legal.

Sem tirar o mérito daqueles que escrevem importantes livros sobre finanças e vendem cursos especializados caríssimos, é muito bacana ver a prática aplicada por quem mais precisa. Comprar um bombom de um aluno que começou a empreender e fazer fluxo de caixa para ajudar nas despesas familiares ou para guardar dinheiro para pagar uma faculdade me faz sentir orgulho.

Sei que não vivemos num mundo ideal, em que todos deveriam ter as mesmas oportunidades e condições. Mas, dada a realidade que temos, cada mudança e impacto positivo na vida das pessoas é uma vitória.

E o teste da paçoca o que tem a ver com investimentos? Tudo! Abrir mão do dinheiro agora e investir para o futuro te trará uma qualidade de vida muito melhor e o autocontrole talvez seja a habilidade que é mais desafiada nesse percurso. Por isso, desenvolvê-la a cada dia fará uma diferença grande na sua carteira.

Se você quer fazer parte dessa mudança, se inscreva no site da Multiplicando Sonhos e seja um multiplicador.