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- Pela primeira vez, pessoas que realmente sofrem com a desigualdade no dia a dia puderam participar de debates por meio do G-20 Social
- É dever de todos criar instrumentos que possibilitem que os jovens tenham um ponto de partida mais homogêneo, com oportunidades igualitárias
- O acesso a bons empregos é fundamental, mas o empreendedorismo é o principal instrumento de combate ao desemprego
A reunião do G20, fórum de cooperação econômica internacional que aconteceu este mês no Rio de Janeiro, abordou temas importantes para a diminuição da desigualdade no mundo, especialmente o financiamento internacional de políticas regionais e a necessidade de ofertar emprego e condições para o empreendedorismo. Pela primeira vez, pessoas que realmente sofrem com a desigualdade no dia a dia puderam participar de debates por meio do G20 Social.
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Mas ainda houve pouco destaque para a educação financeira, seu papel transformador e seu impacto na sustentabilidade, já que trabalha a gestão de recursos e o consumo. Políticas públicas de acesso à renda, educação e conectividade foram citadas e são essenciais para a transformação social que precisamos, mas devem caminhar junto ao conhecimento financeiro, pois é ele que garante a autonomia no longo prazo.
A Declaração de Líderes emitida ao fim do fórum diz que “a Aliança defende estratégias reconhecidas, como transferências de renda, desenvolvimento de programas locais de alimentação escolar, melhoria do acesso ao microfinanciamento e ao sistema financeiro formal e de proteção social, entre outras estratégias que podem ser adaptadas às circunstâncias nacionais de cada país”.
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Destaco o pilar de melhoria no acesso ao microfinanciamento e ao sistema financeiro formal, que precisa estar alinhada à educação financeira. Afinal, em uma adaptação livre à polêmica frase sobre programas assistenciais, não acho que devemos apenas ensinar a pescar, sem dar o peixe. Mas também não acredito que seja sustentável só dar o peixe, sem ensinar a pescar.
Precisamos inserir os peixes no rio, dar os equipamentos necessários para pescá-los e ensinar as pessoas a fazerem isso. Essa terceira etapa, que considero ainda atrasada no Brasil, é o que fazemos na Multiplicando Sonhos, quando vamos até as escolas e ensinamos sobre finanças pessoais e empreendedorismo para jovens das classes C e D. Muitos, quando chegamos, mal conhecem o termo “educação financeira”.
O que quero dizer é: não podemos negar que ainda há um longo caminho pela frente para que possamos garantir o acesso de todos a oportunidades econômicas e sociais, especialmente em locais distantes dos grandes centros. Mas é inegável também que hoje muitas pessoas em situação de vulnerabilidade já têm acesso ao banco e a recursos para desenvolvimento profissional, como as cotas e bolsas em universidades.
Por que, então, continuamos distantes de resolver o problema da desigualdade?
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Para mim, a chave está na falta de acesso à informação na base – especialmente, à informação de qualidade, checada e com mentoria. Apesar de muitos já terem acesso à universidade por meio das cotas e ao microcrédito para empreender, por exemplo, grande parte ainda não sabe como, de fato, acessar esses recursos.
Alguns mal sabem que eles existem ou, quando sabem, não têm a capacidade de planejamento e a inteligência psicoemocional necessária para seguirem essas trilhas. Já conversei com alunos que passaram em uma universidade pública, mas consideravam desistir da vaga porque não tinham planejado financeiramente a ida até a cidade do campus, nem a permanência no local até que as bolsas de auxílio fossem liberadas.
Por isso, precisamos avançar no acesso à informação de qualidade e à educação com orientação personalizada, que faça sentido aos jovens de cada região e classe social. Só assim avançaremos, de fato, no combate à desigualdade.
É dever de todos criar instrumentos que possibilitem que os jovens tenham um ponto de partida mais homogêneo, com oportunidades igualitárias. A educação financeira e empreendedora deve ter linguagem simples, acessível e que reflita a realidade dos jovens, para que eles desenvolvam a habilidade de gerir seus recursos e criar planos.
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Além disso, é importante entender que o acesso a bons empregos é fundamental, mas o empreendedorismo é o principal instrumento de combate ao desemprego. Afinal, crises econômicas e demissões sempre podem acontecer. É a renda extra e a capacidade de se reinventar que geram maior segurança.