- Investidores mais jovens e iniciantes por vezes se entusiasmam com esse tipo de “ativo da moda” e acabam investindo todo ou parte do seu dinheiro neles na esperança de conseguir altos lucros em um curto espaço de tempo
- Assim, se você é jovem, não tem muito dinheiro e está começando a investir, não é recomendado que você compre esses ativos extremamente voláteis, que dão pouca segurança
Nos últimos dias, parece que só se fala de uma coisa na internet: os NFTs. Entre haters, como Kanye West, que acredita que esse tipo de documento digital não pode ser comparado aos da “vida real”, e entusiastas, como Neymar, que comprou alguns dos NFTs mais caros do mundo, não se pode negar que trata-se de uma tendência de mercado.
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Meu objetivo com esse texto não é tomar partido contra ou a favor dos NFTs e nem mesmo dizer se eles têm potencial de valorização ou não. A grande questão, na minha opinião, é levar informação aos investidores mais jovens e iniciantes que por vezes se entusiasmam com esse tipo de “ativo da moda” e acabam investindo todo ou parte do seu dinheiro neles na esperança de conseguir altos lucros em um curto espaço de tempo.
O que é, afinal, um NFT?
NFT é uma sigla para non fungible token, ou seja, um token que não pode ser copiado, com caráter único. Ele segue a mesma tecnologia das criptomoedas, de blockchains, que são sistemas de caixas criptografadas que garantem a segurança e a autenticidade do ativo.
A grande diferença, no entanto, é que enquanto as criptomoedas possuem diversas unidades de uma mesma moeda, um NFT é sempre único e insubstituível.
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Os NFTs se popularizaram principalmente no mercado de arte. O quadro da Monalisa pode ter diversas reproduções, mas apenas o original possui o valor atrelado à sua autenticidade. A lógica é a mesma para uma obra digital: ela pode ser replicada, mas apenas o dono do NFT tem o domínio sobre a obra verdadeira e seu valor.
Se compararmos isso à lógica dos investimentos, comprar uma obra de arte pode ser encarado como um investimento de reserva de valor, quando compramos um item valioso para “congelar” nosso dinheiro. Ou, em casos de artistas iniciantes, mas com grande potencial de crescimento, pode ser um investimento que busca lucro futuro.
O problema é que, em ambos os casos, não se trata de um dos investimentos mais “fáceis” e seguros. Afinal, não é possível garantir que uma obra de arte vá se valorizar com o tempo e nem terá liquidez, nem se sabe se será tão simples vendê-la quando você quiser ter o seu dinheiro de volta.
O mesmo serve para os NFTs. Trata-se de uma especulação: você acredita que eles poderão se valorizar no futuro, mas nada te dá essa garantia. Nem mesmo de que, de fato, você conseguirá vendê-los e ter o seu dinheiro de volta.
Já as criptomoedas têm uma comercialização um pouco mais simples. Elas já estão há algum tempo no mercado e boa parte delas se mostraram sólidas. Porém, ainda oscilam muito de valor principalmente pela presença de muitos investidores de “primeira viagem” nesse mercado.
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Funciona assim: quando, com medo, esses investidores inexperientes resolvem vender suas criptomoedas em massa, o preço delas cai drasticamente. Logo depois, em um novo “boom” de propaganda sobre criptomoedas, o preço sobe repentinamente com a grande leva de novos investidores. É a famosa lei da oferta e procura.
Assim, se você é jovem, não tem muito dinheiro e está começando a investir, não é recomendado que você compre esses ativos extremamente voláteis, que dão pouca segurança. Não à toa, eles ainda não são regulados pelo mercado financeiro brasileiro e por isso não podem ser considerados investimentos de fato.
Por onde começar?
Se você se interessa pelo mercado financeiro, está começando a estudar sobre ele e a investir, o ideal é que você comece criando uma reserva de emergência. Ela nada mais é do que uma quantia em dinheiro suficiente para suprir possíveis emergências e deve ser aplicada em investimentos de alta liquidez, ou seja, aqueles que podem ser resgatados rapidamente sem perdas financeiras.
O ideal é que a sua reserva de emergência seja equivalente à quantia necessária para você sobreviver por pelos menos seis meses. Assim, caso você perca o seu emprego, por exemplo, não passará sufoco.
Invista esse dinheiro em ativos de renda fixa, como Tesouro Direto, CDBs ou até mesmo coloque seu dinheiro em uma conta digital remunerada. Todas essas opções garantem bastante segurança, você não perderá dinheiro com elas e será possível fazer o resgate de forma rápida. Por outro lado, não espere grandes rendimentos.
Para conseguir maiores rendimentos, será necessário partir para a renda variável. Como o próprio nome já diz, ela varia, por isso, é mais arriscada e só deve ser uma opção para quem já tem uma boa reserva de emergência na renda fixa. Essa variação pode ser tanto para cima como para baixo. Por isso, quando for investir em ações você deve lembrar que é um investimento de médio e longo prazo.
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Estude sobre o mercado de ações e fundos de investimento. Para diluir o risco, diversifique sua carteira em três ou quatro setores diferentes. Assim, se um dos setores tiver uma queda, você conseguirá compensar com outros.
Por fim, não se esqueça que é indispensável estudar e saber exatamente onde está colocando o seu dinheiro. Seja em NFTs, criptomoedas ou investimentos regulados, como o Tesouro Direto, não se esqueça do grande ensinamento do Warren Buffet, um dos maiores nomes do mercado financeiro: “nunca invista em um negócio que você não entende”.
Lembre-se que o melhor investimento é sempre investir no seu próprio conhecimento.
Colaboração: Giovanna Castro