- Para não cair em pirâmides financeiras, é preciso ser um checador incansável
- Busque referências, pesquise e converse com outras pessoas que não sejam intermediadas por aquele que te ofereceu a porta de entrada para o negócio
A polêmica envolvendo a Hurb, a agência on-line de viagens que teria dado “calote” em turistas e hotéis, tem repercutido nesta semana. Alguns internautas acusaram a companhia de fazer pirâmide financeira e capital de giro com o dinheiro dos clientes.
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Não se sabe ainda, com certeza, o que estaria por trás do problema da Hurb. Alguns analistas acreditam que a empresa apenas vendeu muitos pacotes e passagens durante a pandemia e, agora que os clientes querem utilizá-los, ela não está conseguindo honrar o combinado em função da alta demanda e do aumento dos custos no setor de hotelaria e transportes.
Ainda assim, quero chamar a atenção para o tema das pirâmides financeiras. O termo ganhou popularidade nos últimos anos à medida em que o modelo de negócio, no qual o lucro se dá pelo recrutamento de membros e não por investimentos reais e venda de produtos ou serviços, cresceu no País.
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Em seu livro “Decisões Econômicas: Você já parou para pensar?”, Vera Rita de Mello Ferreira mostra que as pirâmides são muito antigas e atraem as pessoas, principalmente, pelo desejo de ganhar muito dinheiro de forma rápida.
Mas, afinal, por que tanta gente tem esse desejo e por que se tornam “cegas” mesmo quando há tantas evidências do golpe?
Segundo Valéria Maria Meirelles, psicóloga doutora em Psicologia Clínica com ênfase em Psicologia do Dinheiro e membro do Conselho da Multiplicando Sonhos, na maioria dos casos as pessoas que aceitam participar de pirâmides são aquelas que estão muito endividadas ou são muito ambiciosas.
“A gente precisa entender a origem disso. Pode ser tanto uma pessoa que tem uma disfunção financeira ligada a distúrbios, no sentido de ter uma adoração ao dinheiro, como alguém com muita dificuldade financeira precisando alavancar um dinheiro para quitar uma dívida ou realizar um sonho”, diz a especialista.
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Esse senso de urgência para conseguir dinheiro é o que faz com que elas não consigam se atentar aos detalhes ou pensar de maneira racional. Agem de forma emocional e por impulso, o que, combinado com propostas extremamente sedutoras, pode ser perigoso.
“A pessoa entra em um outro viés que é a necessidade de acreditar”, diz Meirelles. Por querer ou precisar tanto ganhar esse dinheiro, ela acaba acreditando cegamente que tirou a sorte grande e que um “milagre” pode acontecer em sua vida – assim como foi dito que aconteceu na vida dos outros membros.
Como não cair em esquemas de pirâmides?
O primeiro passo para não cair em pirâmides é a educação financeira. Uma pessoa que sabe como funciona o mercado financeiro, quais são as possibilidades de renda e lucro e os modelos de negócio existentes dificilmente vai cair em esquemas como esse.
Nas aulas da Multiplicando Sonhos, levamos o conceito e damos dicas aos alunos de escolas públicas para não cair nesse tipo de golpe. Mas ressaltamos também que, quando falamos de dinheiro, precisamos olhar para nossas emoções e cultivar uma relação saudável com a vida financeira.
Isso ajudará não só a evitar cair em golpes, mas também a tomar decisões mais assertivas como um todo, evitando compras por impulso, acúmulo de dívidas, entre outras más decisões para o nosso bolso.
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Por fim, para não cair em pirâmides financeiras, é preciso ser um checador incansável. “A gente precisa considerar a origem de quem está oferecendo essa pirâmide. Normalmente, ela (a oferta de participação da pirâmide) vem empacotada em uma narrativa muito tentadora, com um ‘background’ bom”, ressalta Meirelles.
O discurso geralmente promete que o novo membro terá tanto sucesso quanto os anteriores. Mas será que aquelas pessoas realmente ganham dinheiro com isso? Como? Quanto? Em quanto tempo? Se não houve lucro até agora, o que te garante que haverá futuramente?
Busque referências, pesquise e converse com outras pessoas que não sejam intermediadas por aquele que te ofereceu a porta de entrada para o negócio. E lembre-se: a não ser que você ganhe na loteria, dificilmente vai ficar rico do dia para a noite.
Colaboração: Giovanna Castro
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